Ziggy Marley chegou causando comoção na comunidade do Morro do Mocotó, Sul da Ilha de Santa Catarina, onde mais de 200 pessoas se aglomeraram para prestar homenagens ao filho de Bob Marley nesta segunda-feira. Agraciado com a medalha Cruz e Sousa, honraria que homenageia personalidades negras ou defensores da etnia negra, o que mais surpreendeu o cantor na comunidade foram os próprios moradores:
— Sempre as pessoas, cara. O olhar das pessoas é o que mais me chama a atenção.
Durante a cerimônia, acompanhada por adultos e crianças munidos dos mais variados tipos de câmera de filmagem — do modelo VHS à celulares que gravam em alta definição — ninguém parecia querer saber o motivo da escolha da comunidade do Mocotó para sediar o evento. Houve quem acreditasse no boato de que Bob Marley teria vindo anos atrás tocar no estádio da Ressacada, onde moradores da comunidade do Mocotó teriam trabalhado como segurança do cantor.
Nada disso. Na verdade, a escolha tem um nome: Christiano Andrada de Souza. Criado no Morro do Mocotó, o reggaeiro de 38 anos foi quem produziu a vinda de Ziggy Marley a partir do dinheiro de herança deixado pelo pai. Para ele, dos grandes artistas de reggae do mundo, só faltava o “filho do Rei” tocar em Florianópolis.
Foi assim que o fim da turnê internacional do cantor jamaicano chegou à Ilha e, finalmente, um Marley pisou no Morro do Mocotó.
— É uma oportunidade ímpar de um homem mundialmente conhecido vir pisar aqui no nosso Mocotó. Ele é o filho do cara, né? — diz Fabrício Moreira, morador da comunidade.
O cantor conheceu o projeto social Mensageiros da Alegria por meio das apresentações infantis de futebol, de dança africana, de judô e da escola de samba mirim. Sentou ao lado de dona Luci Bittencourt, 86 anos, lendária moradora da comunidade.
— Meus filhos adoram escutar a música reggae e para nós é uma honra receber o filho de Bob Marley — conta dona Luci.
Ao lado dela, Ziggy anuncia:
— Minha mensagem é a música. Tudo vem pela música.
Mas apesar da mensagem, os moradores do Morro do Mocotó, que disputaram até o fim um autógrafo, um aperto de mão ou uma palavra do cantor, não puderam ouvir a música de Ziggy, que não deu nem sequer uma palhinha voz e violão. Ele se apresenta nesta terça-feira na Life Club, no Norte da Ilha, ao preço de R$ 60 a pista.