Conheça um pouco mais da história do grupo na entrevista com a diretora, roteirista e atriz, Audrei Hüllen
Nos dias 21 e 27 de agosto, a Mutante Companhia de Teatro de Florianópolis, estreia o espetáculo X-Quem? – Origens. A comédia musical, que vai contar com duas apresentações gratuitas e ambas com Libras e a do dia 27 com Audiodescrição, faz uma paródia e usa da estética das histórias em quadrinhos (HQs) para o desenvolvimento do enredo e da cena teatral. Para conhecer um pouco mais sobre o grupo e também sobre o projeto que foi contemplado através de incentivo fiscal pela Lei Rouanet, conversamos com a diretora, roteirista e atriz, Audrei Hüllen. Nascida em Porto Alegre e morando há mais de 20 anos na Capital, Audrei é formada em Publicidade e Propaganda e em Licenciatura em Teatro, pela UDESC. O musical tem patrocínio da Eletrobrás – Eletrosul e apoio da Full Voice Studios, Garagem 2020 Escola de Música, SESC, UDESC, 1401 Casa de Chá, Mensageiro Musical, Governo do Estado de Santa Catarina (Teatro Pedro Ivo Campos).
– Quando foi que a Mutante Companhia de Teatro surgiu?
A companhia surgiu desde que montamos o primeiro espetáculo, "X-QUEM? – O musical", em 2015. Foi neste momento que passamos a nos inscrever nos primeiros editais e festivais e que nos vimos obrigados a escolher um nome para a companhia. Não houve um momento específico que decidimos nos tornar uma Cia, pois já éramos. A oficialização foi por acaso.
– Todos são atores/cantores de formação?
Todos os integrantes da Mutante Companhia de Teatro estudaram ou estudam atuação, seja na UDESC ou na Aktoro, escola de formação de atores da Capital. Alguns membros já estudavam canto, outros aprofundaram o contato com essa arte para o musical. Quanto aos músicos, dois deles tiveram experiências teatrais, tocando ou atuando – para os outros dois, é a primeira vez em tudo.
– Qual a tua relação com os musicais?
O mundo dos espetáculos teatrais sempre me despertou grande fascínio, especialmente no que diz respeito ao teatro musical. A união de som e cena, são contagiantes! A música sempre foi algo muito importante na minha vida, assim como o teatro. Quando descobri que as duas coisas poderiam coexistir num palco, foi revelador. Não vejo mais um sem o outro! A comédia também é um gênero que me encanta, não apenas pelo conteúdo do espetáculo ser transmitido de forma bem-humorada, mas pela observação da desenvoltura do ator em cena: as sacadas de interpretação, o improviso e o famoso o timing cômico.
– Como surgiu a ideia de criar o X-Quem?
Para desenvolver o projeto, me inspirei no grupo de teatro norte-americano Starkid, famoso por suas paródias musicais. O grupo viralizou na Internet com o espetáculo "A Very Potter Musical", uma paródia musical de Harry Potter. A primeira vez que assisti ao vídeo, soube imediatamente que poderia passar o resto da vida trabalhando com aquilo e foi aí que comecei a cogitar me tornar atriz. Pesquisando sobre possíveis obras a serem parodiadas, decidi que queria trabalhar com algo que partisse de um universo fantasioso, mágico, onde coisas impossíveis acontecem, assim como o trabalho do Starkid com Harry Potter.
– De onde veio a inspiração para criar esse universo?
Após pesquisar um pouco sobre o mundo dos super-heróis e sobre os X-Men, fiquei encantada com a gama de possibilidades que poderiam ser trazidas para a cena com uma paródia desta obra. A ideia de ver as habilidades especiais, os superpoderes, serem representados em um palco de teatro me fascinava cada vez mais. Partindo desse imaginário, foram surgindo várias outras ideias, como a de vários personagens terem superpoderes inúteis, estranhos ou que não soubessem utilizar.
Delineados os perfis de algumas das figuras que iriam compor a trama, faltava desenvolver a dramaturgia. Comecei, então, a pensar nos primeiros esboços da história, até que o conceito estabelecido foi o de seguir como base a dramaturgia de X-Men – O filme , no qual o governo pretende forçar os mutantes a registrarem seus poderes e habilidades e ter controle sobre seus direitos, enquanto Magneto, o grande vilão dos X-Men com poderes manipulação de metais, almeja tornar-se líder da supremacia da raça mutante.
Dentro deste contexto, a ideia era contar a história de três jovens mutantes que são recrutados por uma veterana para desenvolverem e aprimorarem seus poderes, filiando-se à Aliança Pacifista, organização que busca consolidar a paz entre os mutantes e os humanos e restabelecer a imagem dos mutantes perante a sociedade humana, devido aos constantes conflitos entre as duas raças. X-QUEM? – O musical, nasceu assim!
– Esse segundo espetáculo faz parte de uma trilogia?
Com certeza! Sempre foi minha vontade fazer, no mínimo, uma trilogia! E encaro o X-QUEM? – Origens como uma expansão do próprio universo, muito mais independente da obra original do que o primeiro espetáculo. Nós brincamos com a paródia, mas esse mundo, esses super-heróis, ganharam vida própria! Eles têm piadas e histórias próprias! Existe toda uma construção a qual o público (ainda) não tem acesso. Tudo feito para dar respaldo à história que é assistida no palco.
– Como foi a escolha e qual o significado do X-QUEM?
O nome da peça é uma evocação à obra original. O nome X-QUEM? reforça o som do título da obra original, X-Men. A concepção da piada está na premissa de que o público irá se deparar com novos heróis dos quais nunca ouviu falar: "peraí, esses são os X… Quem???". O "Origens" acompanha parodiando o filme X-MEN Origens: Wolverine.
– Qual a história do Espetáculo?
Em " X-QUEM? – Origens", o público é convidado a conhecer a história de um vilão que na juventude sonhava em se tornar um grande herói. É uma jornada cheia de reviravoltas, na qual são retratados temas pertinentes à juventude: os desafios da transição para a vida adulta, a importância da amizade e do trabalho em equipe, o primeiro amor, virtudes como coragem e dedicação para conquistar aquilo que se sonha e, sobretudo, o embate entre essência e aparência.
– No musical tu atua, dirige e ainda fez o roteiro, como é isso? Como dar conta e ver uma “criação” tua ganhando vida?
Toda a galera me ajuda muito! As minhas aparições no palco não são muitas, o que facilita, embora eles interajam o tempo todo com a minha voz. Eu ainda acho loucura ver uma criação minha no palco! Mais do que isso, uma criação que confiei ao elenco e que ele contribuiu com incontáveis ideias, nos mais diferentes aspectos: personagens, músicas, dramaturgia. Nós trocamos o tempo todo e o trabalho só enriquece por causa disso! Desenvolvemos uma sintonia muito bacana e sempre nos auxiliamos. Aliás, pra mim, essa com certeza é uma das grandes belezas do processo dos dois espetáculos com o nome X-QUEM?. E ao ver aquilo que estava na minha cabeça tomar vida no palco sempre me deixa com lágrimas nos olhos.
– Como tu vê a cena do teatro em Floripa?
Promissora. Floripa tem artistas maravilhosos, profissionais competentes! Em todas as áreas! Na minha visão, o grande problema está em trazer o público ao teatro – tanto no que diz respeito à divulgação, quanto ao desinteresse que as pessoas têm em relação a frequentar o teatro. É uma transformação cultural que está rolando aos poucos, mas já está acontecendo, porque tem muita gente trabalhando pra isso! Cabe a nós, artistas, entregarmos nossos trabalhos com cada vez mais pesquisa e qualidade! Os padrões tem que se elevar para dar lugar a novas superações e o reconhecimento do público.
– Ainda é possível fazer algo autoral? Como é essa luta?
Com certeza! Na verdade, eu penso que o caminho seja esse! Quando se faz algo autoral, é mais difícil de comparar! E você não se preocupa com direitos autorais, faz o que quiser, é seu! A dificuldade está em chamar a atenção do público e, por isso também, apostei na paródia, em brincar com algo já conhecido e que desperta a curiosidade. Aos poucos vamos galgando o caminho, superando desafios e conquistando o público. Vejo que a Mutante Cia. de Teatro está se encaminhando para um reconhecimento nesse quesito.
– Para ti, qual a importância das leis de incentivo?
As leis de incentivo à cultura, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, são os principais instrumentos de valorização e estímulo à cultura. É uma forma de aliar a colaboração de iniciativas privadas na produção de eventos culturais no país. Quando uma empresa contribui com um espetáculo teatral, por exemplo, estimula-se, não só a economia, já que em cada produção são contratados artistas e profissionais de diversas áreas, mas também a fruição cultural, direito de todo o cidadão brasileiro, de acordo com a Constituição. É por meio das leis de incentivo que grandes projetos acontecem, uma vez que montagens independentes só conseguem receber algum valor monetário dependendo de apresentações, dificultando assim a dedicação à pesquisa artística.
Serviço
X-QUEM? – Origens
Data: 21 de agosto (às 20h) e 27 de agosto (às 14h30)
Local: Teatro Pedro Ivo (Rodovia SC 401, Km 15, n° 4600 – Saco Grande, Florianópolis/SC)
Entrada Gratuita
Apresentações contam com Libras e a do dia 27 com Audiodescrição
Redes Sociais: Facebook: musicalxquem e Instagram: @musicalxquem
Contato e informações no email: musicalxquem@gmail.com