Inaugurado há pouco mais de um mês no bairro Coqueiros, em Florianópolis (SC), as visitações no Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação surpreendem a equipe técnica que já recebeu diferentes turmas de estudos da história da arte interessadas nas singularidades da Coleção Collaço Paulo que começou a ser montada há cerca de 40 anos. O setor educativo, coordenado por Joana Amarante, tem agendamentos previstos até o fim do ano com grupos que querem a ampliar o conhecimento em torno da exposição “Mais Humano: Arte no Brasil de 1850-1930”, aberta gratuitamente até 21 de janeiro de 2023. No próximo sábado, dia 17, a instituição receberá o Urban Sketchers Florianópolis, grupo de artistas criado na cidade em maio de 2016 para registrar a paisagem urbana.
Os encontros são gratuitos e abertos, independentemente da idade e recursos hábeis nas técnicas artísticas. O conceito doUrban Sketchers Florianópolis segue princípios internacionais que buscam estimular o registro do lugar e do momento por desenho de observação, o apoio mútuo e a expressão individual. “O que realmente conta é a experiência de se concentrar e desenhar na rua”, diz Ivan Jerônimo, um dos organizadores.
O movimento envolve mais de 300 cidades no mundo. Em Florianópolis agrega profissionais ou diletantes, com diferentes formações. Cerca de 40 pessoas se reúnem com cadernos, lápis e aquarelas para representar a urbe para documentar singularidades arquitetônicas ou ambientais. O Mercado Público, pontos históricos como o Ribeirão da Ilha, as linhas de concreto do edifício Ceisa Center e a arquitetura do início do século 20 do Casarão na Lagoa da Conceição já foram registrados pelo grupo.
No mundo
O movimento Urban Sketchers surgiu em 2007 em Seattle (EUA) quando o jornalista e ilustrador espanhol Gabriel Campanario formou uma comunidade on-line para compartilhar desenhos de rua. Hoje, os grupos estão espalhados por quase 300 cidades, como Beijing, Líbano, Paris e Cidade do Cabo. Antecedido pelos Estados Unidos e Inglaterra, o Brasil é o terceiro país com mais grupos oficiais.
No Brasil
Em 2011, o Urban Sketchers ganhou uma versão brasileira pela iniciativa de Eduardo Bajzek, João Pinheiro e Juliana Russo, todos de São Paulo e, desde então, vem reunindo cada vez mais desenhistas em cidades, como Salvador, Rio de Janeiro, São Luís, Curitiba, Natal, Manaus, Brasília e Recife. Em 2014, o 5º Simpósio Internacional de Urban Sketching em Paraty (RJ) reuniu cerca de 250 participantes brasileiros e estrangeiros.
Em 2015, estruturou-se uma comissão organizadora para o USk Brasil. Em 2016, ocorreu o primeiro encontro nacional em Curitiba, seguido por São Paulo (2017), Salvador (2018), Ouro Preto (2019), Rio de Janeiro (2022). O blog oficial no Brasil tem cerca de 50 correspondentes, com mais de meio milhão de visualizações em mais de mil postagens; no Facebook, aproximadamente 8 mil membros.
O Instituto Collaço Paulo
Entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 2022, além de salvaguardar a Coleção Collaço Paulo, de Jeanine e Marcelo Collaço Paulo, quer promover a arte e a cultura por meio de programas de cunho educativo. O casal dedica-se há cerca de 40 anos à aquisição e conservação de um acervo que se concentra na representatividade dos artistas brasileiros do século 19 e dos catarinenses do século 20, abrangendo trabalhos de distintos períodos históricos, diferentes escolas, movimentos e estilos.
A criação do instituto se dá pelo desejo de difusão do acervo com a criação de um espaço para realizar exposições e desenvolver ações educativas voltadas para as crianças com ênfase ao conhecimento das artes visuais e do colecionismo, entre outros temas. O planejamento de atividades prevê exposições, ações educativas, palestras, ciclos de debates, cursos, grupo de estudos, um clube de colecionadores, encontros e parcerias com o bairro e à cidade. Para além das mostras, planeja encontros que estimulem a reflexão, a vivência e a aprendizagem.
A coleção
A Coleção Collaço Paulo abarca, ao mesmo tempo, peças de distintos movimentos e escolas, compreendendo pinturas flamengas e da Escola de Cuzco, peças de arte sacra e obras europeias do século 15 ao 19. Concentra representatividade em peças de artistas brasileiros, do século 19 e 20, como Weingartner (1853-1929), Eliseu Visconti (1866-1944), Georgina de Albuquerque (1885-1962), Victor Meirelles (1832-1903), Henrique Bernardelli (1858-1936), Belmiro de Almeida (1858-1935), Pedro Américo (1843-1905), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Martinho de Haro (1907-1885), entre outros.
A amplitude cronológica da coleção soma-se à diversidade de suportes e linguagens manifestas em pinturas, esculturas, desenhos, cerâmicas e objetos. O acervo engloba um conjunto de obras de artistas do século 19 ao 21 do cenário de Santa Catarina. Além dos já citados, outros nomes constituem com ênfase a catalogação como Eduardo Dias (1872-1945), Hassis (1926-2001), Elke Hering (1940-1994), Malinverni Filho (1913-1971), Rodrigo de Haro (1939-2021), Pedro Paulo Vecchietti (1933-1993), Eli Heil (1929-2017), Silvio Pléticos (1924-2020), Meyer Filho (1919-1991), Valda Costa (1951-1993), Fernando Lindote, Rubens Oestroem e Paulo Gaiad (1953-2016), entre outros.
“Mais Humano: Arte no Brasil de 1850-1930”
Francine Goudel, curadora-chefe do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, assina a exposição “Mais Humano: Arte no Brasil de 1850-1930” concebida como um caminho para a compreensão da arte e instrumento para o exercício da sensibilidade. A pesquisadora embasa a proposta curatorial na necessidade de expansão do olhar sobre temas históricos nas artes visuais. Ela propõe a um amplo público, cuja maioria ainda não teve o privilégio de estar diante de uma obra de arte, a possibilidade de conhecer sob diferentes formas a produção artística do século 19 e 20.
A exposição reúne 70 telas e duas esculturas de 34 artistas brasileiros e estrangeiros radicados ou com produção no país, oriundas das concepções acadêmicas de arte e do princípio das ideações do modernismo no Brasil. Com um recorte da Coleção Collaço Paulo valoriza abordagens do século 19 e início do 20, o seu contexto de criação, mas, também e sobretudo, destaca a importância de olhar a obra na vertente dos estudos recentes da história da arte.
A curadoria agrega a experiência da museóloga Cristina Maria Dalla Nora, a coordenação educativa de Joana Amarante e a montagem de Flávio Xanxa Brunetto.
SERVIÇO
O quê: Urban Sketchers Florianópolis no registro do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Cultura e da exposição “Mais Humano: Arte no Brasil de 1850-1930”
Quando: 17.9.2022, 14h e 16h
Onde: Rua Desembargador Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), Brasil, tel.: (48) 3025-4058
Quanto: Gratuito
www.institutocollacopaulo.com.br
@institutocollacopaulo
Urban Sketchers Brasil:
http://brasil.urbansketchers.org/p/sobre-o-urban-sketchers-br.html
Site oficial do movimento:
http://www.urbansketchers.org