Prédio será reformulado e passará a ser denominado Centro da Cultura Popular Catarinense
O histórico prédio da Casa da Alfândega, localizado em ponto nobre de Florianópolis, vai passar por grandes mudanças. Fechado na última sexta-feira por conta do início das obras de recuperação do local – e que são delicadas uma vez que o prédio é tombado – tem a previsão de reabrir em 15 de dezembro com o nome de Centro da Cultura Popular Catarinense.
Mas o nome é só o começo de uma série de inovações que a Fundação Catarinense de Cultura projetou. Importante ressaltar que o espaço pertence ao Patrimônio da União e foi cedido a FCC sob a condição de que esta promova a cultura do Estado. Não apenas o legado dos açorianos, mas a arte serrana, a valorização da produção artesanal dos imigrantes que colonizaram o Vale do Itajaí, entre as outras regiões.
– Toda esta produção artesanal foi cuidadosamente mapeada ao longo do ano por meio do Projeto Identidades – explica Simone Harger, diretora de Patrimônio Cultural da FCC.
O Centro da Cultura Popular também vai ganhar uma nova cara. Além dos reparos da infra-estrutura as salas serão climatizadas, novos expositores implantados, criação de fluxograma para o visitante seguir. O cartão de crédito e de débito passará a ser aceito como forma de pagamento, atendendo a uma antiga reclamação dos turistas. Haverá uma revisão entre os acordos existentes entre artesãos e a FCC, pois a produção será submetida a uma curadoria com profissionais da Udesc. Mas este trabalho não será excludente.
– Vamos oferecer oficinas para melhorar a produção por meio de uma parceria com a Udesc, e técnicos do Sebrae darão orientações sobre como comercializar o produto – adianta Simone.
A Casa da Alfândega será dividida entres grandes áreas. Uma será galeria com o novo layout que facilita o acesso do visitante às peças em exposição. Os vendedores serão treinados, usarão uniforme e as vendas serão embaladas em sacolas de papel, eliminando as famosas e poluidoras sacolinhas plásticas. A parte central do prédio vai abrigar a Integração do Saber Popular, um espaço étnico, com mostra gastronômica de todas regiões catarinenses, palestras e troca de saberes. A terceira área é para as oficinas de qualificação do artesanato.
Mas, se até agora os planos da FCC contaram com o apoio dos mais de 300 artesãos, da Udesc e Sebrae entre outras importantes instituições, os integrantes da Associação Catarinense dos Artistas Plásticos (Acap) não estão nada satisfeitos com as mudanças. Eles terão que deixar o espaço – uma galeria de arte que comercializa a produção dos associados – pois a União não permite que particulares usem o espaço.
O presidente da Acap, assim como seus integrantes, não aceita a decisão.
– Nós chegamos a propor uma reforma no espaço, tínhamos até patrocinador acertado – diz Moair Nereu Nunes, que recentemente participou de uma audiência pública para expor a situação da entidade que preside e tentar reverter a situação.
– A Acap não sai dali. O governo cedeu aquele espaço para manifestações culturais – assinala.
– Já enviamos a notificação para a desocupação do prédio – informa Simone Harger da FCC.
– Normalmente, o prazo é de 90 dias para que o espaço seja desocupado. Se o governo do Estado não cumprir o que está no acordo de cessão, liberar o espaço e usar como deve, ou seja, para fins públicos, será multado – alerta Isoldi Espíndola, gerente do Patrimônio da União em Santa Catarina.
Por Jacqueline Iensen / Diário Catarinense / 13/11/2008