Foram quatro dias de competição com 50 veleiros na raia de Jurerê.
Depois de quatro dias de muita disputa – e muito, mas muito calor – o XXI Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina, a Mitsubishi Motors Sailing Week, terminou ontem (sábado) com festa no P12 de Jurerê Internacional. O Touché Super, um dos principais barcos de competição do país, garantiu o bicampeonato com cinco primeiros lugares em sete regatas na classe ORC Internacional 500: “Começamos o ano focados no Circuito Atlântico Sul (em Punta del Este), onde fomos vice-campeões gerais da ORC Internacional, e de lá viemos para Florianópolis buscar o bi. Conseguimos velejar muito bem, administrando o tempo em relação ao Loyal, e deu tudo certo”, falou o comandante Ernesto Breda.
O Touché Super venceu outra máquina de regata brasileira, o Loyal/Red Nose/ Phillips, de Marcelo Massa, que chegou em Jurerê com a terceira colocação no Circuito Atlântico Sul. “Estamos conformados com a derrota, porque eles trabalharam para ter um barco mais atualizado. Agora precisamos fazer o mesmo e ir atrás do prejuízo na Semana de Ilhabela”, declarou o tripulante André Fonseca, o Bochecha, membro da equipe permanente de vela olímpica brasileira na classe 49er. O Land Rover, de Luis Gustavo de Crescenzo, outro veleiro paulista da Super Classe que correu os quatro dias de Circuito em Jurerê, terminou a disputa em terceiro lugar.
Na ORC Internacional 600, destaque para três embarcações do Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha (ICSC), organizador deste que é o mais importante evento da vela de oceano do verão brasileiro. O Catuana Kim correu pela primeira vez na classe e começou mostrando superioridade em relação ao Zeus/Effect, de Inácio Vandresen, e ao Sexta-feira, de Luciano Gubert de Oliveira, segundo e terceiro colocados: “Passamos dois anos afinando o barco para a mudança. Agora ele está pronto e mostrou um bom resultado, com seis primeiros lugares nesses quatro dias”, contou o comandante Paulo Cocchi Fernandes.
Apesar de perder o primeiro lugar da ORCi 600 para o Catuana Kim, o Zeus/Effect garantiu o bicampeonato no Brasileiro de Beneteau First 40.7, que também estava em jogo no Circuito, assim como os brasileiros de BRA-RGS e as primeiras etapas de ORCi e ORC-Club. O exigente timoneiro Felipe Linhares, o Fipa, não ficou muito satisfeito com o resultado: “Estou contente, sei que velejamos bem, mas poderíamos ter ido melhor”.
Na disputa entre os Beneteau, o Absoluto, de Renato Gama Monteiro, ficou em segundo, e o Sexta-feira em terceiro, com o membro da equipe permanente de vela olímpica brasileira na classe Laser, Bruno Fontes, respondendo pela tática. “A presença dele, com certeza, melhorou muito o desempenho do barco”, reconheceu o comandante Luciano Gubert.
Dois veleiros do Rio Grande do Sul ficaram nas primeiras posições da ORCi 700. Com seis primeiros lugares nas sete regatas, a equipe do San Chico, comandado por pai e filho, garantiu o bicampeonato, com o C’est La Vie, de Henrique Dias, em segundo: “Nosso desempenho não podia ter sido melhor. Corremos muito bem, sempre entre os barcos da ORCi 600”, comemorou Francisco Freitas, o filho.
Mas, na festa de premiação, quem chamou mesmo a atenção foram as seis velejadoras do terceiro colocado na ORCi 700, o Força 12, outro veleiro do ICSC. “Começamos mal, mas aos poucos fomos nos acostumando com o barco”, contou a comandante que teve a iniciativa de formar a primeira tripulação feminina da história do Cicuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina, Larissa Juk, campeã sul-americana de Match Race junto com Juliana Mota, Amanda Rodrigues e Renata Bellotti.
Coube a Juliana a missão de timonear o, para ela desconhecido, Força 12: “Estou acostumada com os J24 e nunca tinha pego um barco tão grande, mas foi uma experiência muito legal”. Marina Jardim, que integra a Equipe Permanente de Vela Olímpica no Match Race, reforçou a tripulação, completada pela velejadora mirim Paola Berenhauser, de 12 anos de idade: “A maior dificuldade foi numa atravessada, quando o barco adernou demais e eu fiquei pendurada. No mais, foi tudo muito bom”, lembrou animada.
O vencedor da ORC-Club 600 também contou com um precioso reforço vindo do Match Race. O vice-campeão mundial da classe, carioca Henrique Haddad, ajudou a levar o invicto Angela Star, de Peter Dirk Siemsen, à vitória, com sete primeiros lugares em sete regatas: “Foram dias muito bons, com condições de vento excelentes, embora eu tenha preferido as regatas de barla-sota (quando os barcos largam contra o vento), que são mais técnicas e rápidas”, admitiu.
O Orson, de São Paulo, comandado por Carlos Eduardo Souza e Silva, ficou em segundo lugar na ORC-Club 600, com a tripulação reforçada por Samuel Gonçalves, integrante do Projeto Grael, que busca novos talentos para a vela em escolas da rede pública de Niterói. Alex Sandro de Carvalho, o Piu-piu, também veio do Projeto Grael correr na RGS B a bordo do Moorea, de Guilherme Rupp, barco do ICSC.
Na ORC-Club 700 não houve surpresas, com os Skipper 30 de Fábio Filippon e Marins Alves de Camargo Neto, ambos do ICSC, dominando a competição. “Optamos em correr na ORC-Club 700 justamente para disputar com outro Skipper, mas durante o ano voltaremos para a ORC Internacional”, explicou o campeão Fábio Filippon, comandante do Katana, também vencedor geral da ORC-Club. O veleiro Fantasma, de São Paulo, terminou em terceiro lugar.
A competição foi bastante acirrada entre as equipes de BRA-RGS, já que o Campeonato Brasileiro da classe estava em jogo. O Plâncton, do ICSC, foi o grande destaque, e seu comandante, Pedro Medeiros de Santiago, precisou de ajuda para carregar os cinco troféus recebidos na noite de ontem, por ter vencido a regata de percurso de quarta-feira e por ter sido o melhor no Circuito e no Brasileiro, tanto na RGS Geral, como na RGS A.
Bruxo, de Luiz Carlos Schaefer, e Revanche, de Celso Faria, ambos também do ICSC, ficaram com as segunda e terceira colocações, respectivamente, tanto no Circuito como no Brasileiro, tanto na RGS Geral, como na RGS A. O Revanche contou com o mais novo tripulante da competição, Guilherme Berenhauser, de sete anos de idade, o irmão da Paola que correu no Força 12: “ Eu puxei um monte de cabo e servi até de garçom”, contou o entusiasmado velejador mirim.
Na RGS B, o Zephyrus/Tempo, do catarinense Tarcísio Mattos, tentou o bicampeonato brasileiro, mas perdeu o título para um estreante na raia de Jurerê, o Magia: “Vim apenas para participar e fiquei bastante surpreso com a vitória, que eu atribuo à nossa regularidade”, declarou o gaúcho Rodrigo Castro. Também do ICSC, o Açores II, dos comandantes Adalton Novo e Paulo Schaefer, terminou em terceiro lugar. Outro veleiro que carrega a bandeira do ICSC, Tigre II, é o novo campeão brasileiro de BRA-RGS C, com o Mandinga, de Joinville, e o Banzai, também do ICSC, em segundo e terceiro lugares.
Nos quatro dias de competição, os 300 velejadores dos 50 barcos fizeram a festa: pegaram ventos constantes, que sopraram sempre de nordeste, entre 9 e 17 nós (16 e 30,5 km/h). Sofrido para todos foi enfrentar o calor intenso, com temperaturas próximas dos 40 graus, embaixo de muito sol. A 21a edição do Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina contou com patrocínio da Mitsubishi Motors do Brasil e apoios da Schaefer Yachts, Delta Yachts, Revista Náutica, Marinha do Brasil e Governo do Estado de Santa Catarina, através do Fundesporte.
Confira os primeiros colocados em cada classe e nos campeonatos em jogo. Os resultados completos estão no site www.circuitooceanico.com.br.
ORC Internacional 500 e 1ª Etapa do Brasileiro da classe:
1o – Touché Super (SP)
2o – Loyal/Red Nose/Phillips (SP)
3o – Land Rover (SP)
ORC Internacional 600 e 1ª Etapa do Brasileiro da classe:
1o – Catuana (SC)
2o – Zeus (SC)
3o – Sexta-feira (SC)
ORC Internacional 700 e 1ª Etapa do Brasileiro da classe:
1o – San Chico 2 (RS)
2o – C’est La Vie (RS)
3o – Força 12 (SC)
Campeonato Brasileiro de Beneteau First 40.7:
1o – Zeus/Effect (SC)
2o – Absoluto (SC)
3o – Sexta-feira (SC)
ORC-Club Geral e 1ª Etapa do Brasileiro da classe:
1o – Katana/Energia (SC)
2o – Samurai Ni (SC)
3o – Angela Star (RJ)
ORC-Club 600 e 1ª Etapa do Brasileiro da classe:
1o – Angela Star (RJ)
2o – Orson (SP)
ORC-Club 700 e 1ª Etapa do Brasileiro da classe:
1o – Katana (SC)
2o – Samurai Ni (SC)
3o – Fantasma (SP)
BRA-RGS Geral e Campeonato Brasileiro da classe:
1o – Plâncton (SC)
2o – Bruxo (SC)
3o – Revanche (SC)
BRA-RGS A e Campeonato Brasileiro da classe
1o – Plâncton (SC)
2o – Bruxo (SC)
3o – Revanche (SC)
BRA-RGS B e Campeonato Brasileiro da classe
1o – Magia (RS)
2o – Zephyrus (SC)
3o – Açores II (SC)
BRA-RGS C e Campeonato Brasileiro da classe
1o – Tigre II (SC)
2o – Mandinga (SC)
3o – Banzai (SC)
HPE
1o – Helisolutions (SP)
2o – Matchpoint Azul (RJ)
3o – Twins (SP)
Multicasco
1o – Verde & Amarelo (SC)
2o – Belga (SC)
3o – Definitivo Hum (RS)
Bico-de-proa A
1o – Taura (SC)
Bico-de-proa B
1o – Parangolé (SC)