O artista terá obras no encarte do álbum e em cenários do Catarina, que será lançado em setembro no teatro do CIC
O ano era 2007, de um lado o desconhecido grafiteiro manezinho ainda se arriscava timidamente nos primeiros traços, cuja inspiração vinha da faixa 7 do álbum Paralisa, da banda catarinense Dazaranha. Na mesma época, os artistas urbanos usavam as músicas do hip hop americano como referência para a construção de sua arte. Thiago Valdi, já dando os primeiros sinais da característica de suas obras, preferia o som das melodias compostas pelas particularidades da música do Dazaranha, que não se define num único estilo, mas combina violino, gírias, lendas da ilha e mensagens de amor pontuadas pela localidade dos músicos. "Por que não começo a falar da minha própria realidade assim como o Dazaranha? Foi assim que comecei a desenvolver algo mais local, mais manézinho, e após esse estudo iniciei meu estilo: mulheres azuis com referência ao mar e à vida no litoral", conta Valdi.
Nesse período, Valdi caligrafou em uma das suas telas a frase "Paralisa Nossos Sonhos", que faz parte da letra da música Paralisa, do álbum homônimo. Ao finalizar, tentou presentear o Daza, já que eles estavam sendo uma das maiores influências das suas artes, porém, o encontro nunca foi realizado. A tela não era um simples presente, era uma demonstração em cores e formas do quanto a música dos ídolos estava sendo importante para a transformação e construção da identidade artística do fã, que anos depois, se tornaria um conhecido expoente da arte urbana no Brasil. "Um dia vou chegar lá e conseguir fazer algo junto do Dazaranha. Com isso na cabeça, segui meu sonho, sem nunca hesitar."
Valdi seguiu o caminho da arte colorindo os muros das ruas da capital e logo começou a ganhar notoriedade pelo Estado, pelo país e pelo mundo. "Foi assim que comecei a desenvolver algo mais local, mais manézinho, e após esse estudo iniciei meu estilo na arte urbana: mulheres azuis com referência ao mar e à vida no litoral". Ao mesmo tempo, o Dazaranha seguiu fazendo shows. Fã e ídolos tornaram-se referência trazendo em suas obras a identidade forte da ilha. "Ser um grafiteiro manézinho passou a ser meu orgulho, por representar a minha própria origem e trazer algo novo para a arte contemporânea de Florianópolis. Me dedico a passar essa mensagem com algo mais belo e leve na arte urbana, assim como Daza faz em suas músicas".
Doze anos depois, Thiago Valdi se tornou um artista mundialmente conhecido, com obras expostas nos Estados Unidos, França, Uruguai, Italia, além de Espanha, India, Suécia, Holanda, e, antes de seguir para mais um destino internacional, a Bulgária, o "grafiteiro manézinho" realiza seu sonho. Valdi assina as artes da capa, das 11 obras do encarte e dos cenários que vão compor o show do novo álbum da banda, o Catarina. "Quando recebi o convite da produção do Daza para criar a capa, a minha felicidade foi profunda. Literalmente foi um sonho se tornando realidade. Fico muito orgulhoso de conseguir fazer essa caminhada toda e estar ao lado dos meus ídolos, podendo contribuir com a minha arte para o projeto deles."
Catarina é o oitavo álbum da banda e conta com participações de Lenine e Digão, dos Raimundos. O lançamento oficial será nos dias 18 e 19 de setembro, no Teatro do CIC, em Florianópolis.