Diversidade: oficinas, festivais e teatro-educação |
Num tempo em que o Teatro Álvaro de Carvalho era o desaguadouro de todas as manifestações cênicas de Florianópolis, a Universidade Federal de Santa Catarina teve a sensibilidade de criar uma casa de espetáculos alternativa, que funcionasse como válvula de escape para grupos sem espaço na cidade. Assim, surgiu o Teatro da UFSC, carinhosamente batizado de Teatrinho, que completa 30 anos em 2009.
Uma programação especial, que vai até dezembro, foi criada para comemorar a data, com peças, leituras dramáticas, oficinas e espetáculos de dança – sempre com entrada franca. Falando da importância da casa, a diretora de teatro Carmen Fossari diz que “o fato de ser um espaço quase franciscano não impediu [o Teatrinho] de ter sido, e ser, um celeiro de novos artistas e de ter uma contribuição indelével ao fazer teatral de forma mais moderna e despojada”.
O local é muito utilizado para apresentações de grupos da comunidade, especialmente o Pesquisa Teatro Novo, a Oficina de Teatro para Adolescentes e O’Gia. Ali, também, são ministrados cursos e oficinas e ocorrem eventos como a Mostra de Teatro-Educação e o Festival Internacional de Teatro de Animação de Florianópolis.
A história do Teatro da UFSC começou quando a instituição passou a administrar a antiga igreja matriz do bairro Trindade, onde fica a Universidade.
Inicialmente destinado à música, o espaço, inaugurado em 1978, foi o pólo de um conjunto que incluía também o velho salão paroquial, igualmente recuperado. Foi quando Carmen Fossari e sua equipe entraram em ação, tentando transformar o prédio em ruínas num espaço cênico fora do centro da Capital que abrigasse as produções experimentais do grupo Pesquisa Teatro Novo e de outras pequenas companhias com atuação permanente na cidade.
O teatro foi entregue em maio de 1979, após um esforço que envolveu o grupo de Carmen, a Universidade e o Instituto Nacional de Artes Cênicas (Inacen). A partir daí, encontros, festivais, mostras de teatro-educação, oficinas, apresentações de grupos de países da América Latina, espetáculos de teatro de bonecos, luzes e sombras, sem falar nos clássicos e em autores catarinenses, tiveram o Teatrinho como palco.
Essa vocação para a arte, contudo, não surgiu do acaso. Pesquisa feita junto a antigos moradores do bairro comprova que, além de ser local de reuniões e eventos religiosos, o salão paroquial já havia sido usado para a apresentação de peças teatrais – os “dramas”, como eram chamados, especialmente por iniciativa de grupos de jovens da comunidade.
Também houve época em que o cinema ganhou espaço no salão, projetando filmes em preto e branco e abrigando a platéia em bancos de madeira. Hoje, o Teatro da UFSC comporta 108 lugares e equipamentos cênicos próprios e de boa qualidade. As reformas estruturais dos anos 80 e 90, as benfeitorias realizadas a partir de 2005 (instalação de novas poltronas, pintura interna, troca do carpet e do piso dos camarins) e as novas bancadas com espelhos, refletores e cortinas colocados em 2008 deram à casa todas as condições de receber espetáculos e continuar contribuindo para a formação de artistas e de plateias para as artes cênicas.
Por Paulo Clovis / Jornalista da Agecom