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Florianópolis, 16 dezembro 2024
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Soltos em Florianópolis, pinguins são monitorados via satélite até suas colônias reprodutivas

Meio ambienteSoltos em Florianópolis, pinguins são monitorados via satélite até suas colônias reprodutivas
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Um grupo de 15 pinguins-de-Magalhães retornou ao mar em Florianópolis nesta quinta (12/12), após um período de reabilitação na Associação R3 Animal, executora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Esses animais encalharam em praias do litoral catarinense durante a migração anual da espécie, com sinais de exaustão e afogamento, foram resgatados e passaram por tratamento veterinário intensivo.

Após a soltura, o monitoramento dos animais continua: um rastreador que transmite dados por satélite está acompanhando a jornada dos pinguins de volta às colônias reprodutivas, na Patagônia Argentina.

“Vamos saber quanto tempo os animais levam para chegar às colônias e se o grupo permanece junto. Nós finalizamos o nosso trabalho na soltura, mas só saberemos se houve sucesso quando os pinguins chegarem aos seus locais de origem”, analisa Cristiane Kolesnikovas, presidente da R3 Animal.

A instalação dos transmissores é conduzida pelo Projeto de Monitoramento de Pinguins-de-Magalhães por Telemetria Satelital (PMPTS), uma condicionante ambiental que atende às exigências do IBAMA. O objetivo é investigar o comportamento migratório e uso de habitat desses animais, gerando informações para embasar ações de conservação da espécie.

Monitoramento: um aliado à conservação

No grupo de pinguins soltos, cinco foram equipados com transmissores de 18 g, acoplados ao dorso próximo à cauda. A instalação é simples, leva cerca de 15 minutos, e consiste em camadas de fitas impermeáveis por entre as penas, que “abraçam” o dispositivo.

O peso do equipamento varia entre 3% e 5% do peso do animal, garantindo que sua capacidade de mergulho e gasto energético permaneçam intactos.

“O tamanho e peso dos tags são insignificantes em relação às dimensões do animal, sem impactar negativamente o seu bem-estar ou hidrodinâmica, seguindo convenções internacionais”, explica Guilherme Bortolotto, professor de Ecologia Marinha e pesquisador parceiro da R3 Animal.

A bateria dos rastreadores funciona por 8 horas diárias, transmitindo um sinal por minuto, com uma duração estimada de três meses. Durante esse período, a equipe realizará várias leituras de dados para acompanhar, em tempo real, a rota migratória dos pinguins e seus padrões de movimentação.

“Nesta época do ano, eles retornam às colônias de origem onde realizam a troca de penas e, no ano seguinte, recomeçam o ciclo migratório”, explica Silvia Gastal, bióloga e responsável técnica do PMPTS. Com a troca de plumagem, os transmissores naturalmente vão se desprender dos animais. Cada equipamento contém um número de telefone para facilitar sua recuperação.

Os desafios da migração

Todos os anos, durante o outono e inverno, os pinguins-de-Magalhães deixam suas colônias reprodutivas, na Patagônia Argentina, rumo a águas mais quentes, onde há maior abundância de alimentos. Entre maio e outubro, eles acabam atingindo o litoral brasileiro, principalmente as regiões Sul e Sudeste.

Durante a migração, é comum que indivíduos mais jovens se percam do bando, devido à inexperiência, e encalhem nas praias exaustos, afogados e hipotérmicos. Ações antrópicas como petrechos de pesca e poluição marinha agravam a situação.

Em Florianópolis, 2710 pinguins-de-Magalhães foram registrados na temporada de migração 2024, dentre vivos e mortos. Desse total, apenas 5% estavam com vida na hora do resgate. A maioria encalha já morto nas praias ou debilitados e não resistem.

A Associação R3 Animal, por meio do PMP-BS, já reabilitou 73 pinguins neste ano, que receberam uma nova chance de vida. O tratamento veterinário inclui ganho de peso, hidratação, medicação e natação na piscina, até eles estarem aptos a nadar milhares de quilômetros de volta para casa.

  • A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.
  • O Projeto de Monitoramento de Pinguins-de-Magalhães (PMPTS) é fruto de um convênio entre a Perenco e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), com apoio da BMP Ambiental e em colaboração com a Petrobras. A execução do projeto é uma exigência estabelecida no âmbito de um processo de licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA.