Números correspondem à atuação dos Institutos SENAI de Inovação em Processamento a Laser e em Sistemas de Manufatura, localizados em Joinville, e ao Instituto SENAI em Sistemas Embarcados e ao Centro de Inovação SESI em Tecnologias para a Saúde, instalados em Florianópolis
Os quatro institutos de inovação do SENAI e do SESI em Santa Catarina estão desenvolvendo 32 projetos de inovação para a indústria, que mobilizam R$ 81,2 milhões. O montante representa aportes oriundos de programas de fomento à inovação – como o edital de Inovação da Indústria, mantido pela Confederação Nacional da Indústria, e recursos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) – mais a contrapartida das próprias indústrias. A informação foi dada pelo diretor regional do SENAI/SC, Fabrizio Machado Pereira, durante a imersão em Ecossistema de Inovação, promovida pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), nesta terça-feira (16), no Instituto da Indústria, em Florianópolis. O evento envolveu oficiais do Exército Brasileiro, que conheceram o ecossistema de inovação da capital catarinense, incluindo o Sapiens Parque, no Norte da Ilha.
Pereira explicou aos oficiais militares que R$ 43 milhões foram mobilizados nos 115 projetos já concluídos desde 2013, totalizando, portanto, desde R$ 123 milhões em 147 iniciativas inovadoras. Além disso, existem 68 projetos em prospecção, que podem chegar a mais R$ 243 milhões. Os números correspondem à atuação dos Institutos SENAI de Inovação em Processamento a Laser e em Sistemas de Manufatura, localizados em Joinville, e ao Instituto SENAI em Sistemas Embarcados e ao Centro de Inovação SESI em Tecnologias para a Saúde, instalados em Florianópolis.
Base científica e acadêmica
“São mais de 115 pesquisadores com doutorado e mestrado; é uma equipe altamente qualificada, que atua não apenas como aplicadores, mas também como desenvolvedores de tecnologia, com uma excelente base científica e acadêmica”, disse o diretor. Ele salientou a relevância da contribuição catarinense para a inovação na indústria. Santa Catarina responde por 22,6% dos 650 projetos concluídos ou em andamento, 17,5% dos recursos mobilizados e reúne 18,2% dos 630 pesquisadores existentes em âmbito nacional.
O diretor de Inovação e Competitividade da FIESC, José Eduardo Fiates, apresentou o ecossistema de inovação de Florianópolis. “Temos muitas organizações de pesquisa e tecnologia e muita gente transformando produtos em empreendimentos no mercado. O Sapiens Parque tem 2,5 mil trabalhadores no desenvolvimento de inovação”. Ele revelou ainda que o parque tem uma área de 4,5 milhões de metros quadrados, nos quais existem 30 prédios.
Para o general de brigada Ricardo Miranda Aversa, comandante da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada, localizada em Florianópolis, a tecnologia militar agrega valor à indústria e pode ajudar no processo de internacionalização das empresas. “Material de emprego militar tem alto valor agregado. Vale a pena investir”, disse. Para ilustrar ele comparou preços por quilo em dólares de alguns produtos, como a soja (US$ 0,10), automóvel (US$ 10), carro de combate (US$ 136), avião comercial (US$ 1.000), avião de combate (de US$ 2 mil a US$ 8 mil), celular ou mísseis (US$ 8 mil), satélite (US$ 50 mil). “Os produtos de aplicação militar exigem mais confiabilidade, mais robustez e uma série de requisitos que agregam valor”, disse.
Aproximação indústria e setor de defesa
O coordenador do Comitê da Indústria da Defesa (Comdefesa) da FIESC, Cesar Olsen, destacou a importância da inovação na indústria para atender as necessidades do setor militar. “Não existe defesa sem a participação da indústria local. O Brasil tem uma diversidade enorme de tecnologias e empresas voltadas para o meio civil e para o meio militar. E Santa Catarina tem grandes possibilidades”, disse. Ele citou como exemplos algumas tecnologias já existentes na indústria catarinense, como fábricas de tintas para aeronaves, que já é exportada para os Estados Unidos, e para hélices da captação de energia eólica; cerâmica balística e o fio têxtil não perceptível pelo infravermelho. Ele citou também a ação do Comdefesa, que, em três anos, recebeu 59 comitivas militares que visitaram a FIESC, descobrindo a potencialidade da indústria local.
O general da reserva do Exército Adhemar da Costa Machado Filho, coordenador do Escritório de Ligação Sul do Sistema Defesa-Indústria-Academia (SisDIA), salientou que a aproximação da indústria e o setor de defesa é “lenta, difícil e complexa, mas é uma semente que está sendo plantada e já apresenta algumas vitórias”.
Programa de Imersões em Ecossistemas de Inovação
Esta é a 17ª edição do Programa de Imersões em Ecossistemas de Inovação e a primeira dedicada a oficiais militares. Concebida no escopo da agenda de Inserção Global via Inovação e promovida pela MEI e pela CNI, a iniciativa teve início em 2016, com o objetivo de criar oportunidades de atualização em relação aos temas de maior relevância para a competitividade de seus negócios, bem como estimular cooperação em pesquisa, desenvolvimento e inovação, seja no Brasil ou no exterior. A cada edição, os convidados percorrem os diversos ecossistemas de inovação existentes no país.