Com a leitura pública do conto inédito “Na Catedral”, escrito por Júlio de Queiroz, e a explanação da arquiteta e pesquisadora Eliane Veras da Veiga sobre diferentes etapas da construção da Catedral Metropolitana, o projeto Cidade Contada chega à 12ª edição promovendo um diálogo em torno da memória afetiva do município e seu patrimônio material e imaterial. O evento será realizado nesta terça-feira (08/09), às 19h, na Casa da Memória, unidade da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC).
O projeto Cidade Contada tem como objetivo fazer com que a memória urbana e cultural da cidade seja revisitada e debatida. Além da reflexão sobre as paisagens do município, costumes e memória da cultura local, o projeto visa promover a aproximação entre o público e o autor convidado.
Junto com a leitura dos contos são também realizadas projeções de material audiovisual (fotos, músicas ou documentos históricos do acervo da Casa da Memória) referentes ao tema enfocado pelos textos. O evento acontece uma vez por mês, numa promoção da Casa da Memória / FCFFC.
Sobre a Catedral
A Ilha de Santa Catarina começou a ser povoada em 1673. O bandeirante Francisco Dias Velho requereu o título legal das terras e mandou erigir uma igreja em honra a Nossa Senhora do Desterro. Historiadores dizem ter sido o próprio Dias Velho quem mandou edificar a capela, porém, um livro do arquivo da Ordem Terceira de São Francisco conta que a primeira igreja existente na Ilha foi construída no centro da atual Praça 15 de Novembro, em 1651.
Um Alvará Régio de 05 de março de 1712 criou a Paróquia de Nossa Senhora do Desterro na Ilha de Santa Catarina, que em 23 de março de 1726 foi emancipada de Laguna, com a denominação de Vila Nossa Senhora do Desterro, estendendo-se de Garopaba, ao Sul, até o Rio Camboriú, ao Norte.
Uma Provisão do Conselho Ultramarino, em 1748, expedida ao Brigadeiro José da Silva Paes, então governador da província, determinou a construção da Igreja Matriz da Paróquia. A pedra fundamental do novo templo, um projeto do próprio Brigadeiro Silva Paes, que era arquiteto, foi lançada no ano de 1753, e a construção foi concluída 20 anos depois.
Em 1823 a Vila de Nossa Senhora do Desterro foi elevada à categoria de município e, após a revolução federalista, passou a chamar-se Florianópolis, em homenagem a Floriano Peixoto. Em 1897 foi instalado na torre da Igreja Matriz, um relógio, vindo da Alemanha e, anos mais tarde, o prédio ganhou também um grupo de imagens em madeira (Fuga para o Egito), obra de arte entalhada à mão em peça única, feita pelo artífice tirolês Demetz Groeden.
Em 1922 a Catedral passou por uma grande reforma e ampliação, que incluiu a instalação de novos sinos, encomendados por Dom Joaquim Domingues de Oliveira, na Alemanha, passando a contar com o maior conjunto de sinos da América do Sul. O prédio ganhou as duas torres e o transepto. Por Decreto Episcopal de 25 de maio de 1941, a Paróquia de Nossa Senhora do Desterro, Curato da Sé, foi declarada inamovível.
Em 2005, devido a problemas de segurança na estrutura interna da edificação, a Catedral Metropolitana foi interditada ao público. Uma parceria entre o Governo do Estado, Prefeitura da Capital e iniciativa privada viabilizou a restauração do prédio histórico, que possui 297 anos de existência. As obras de recuperação duraram quase quatro anos e, em 2009, o imóvel foi reaberto ao público nas comemorações do aniversário da cidade, totalmente revitalizado.
Sobre Júlio de Queiroz
Nascido em Alegre, Espítiro Santo, em 1926, Júlio de Queiroz vive em Florianópolis desde 1968. Formado em Filosofia, com especialização na Alemanha Ocidental, é conferencista, contista, cronista e poeta, além de membro da Academia Catarinense de Letras. Entre outras obras publicou Baú de mascate, contos (1994); Placidin e os monges, novela (2002), Deuses e santos como nós, contos (2002); Encontros de abismos, contos (2003); Sementes do tempo, poesia (2004); O preço da madrugada (2007).
Serviço
O Quê: Projeto Cidade Contada – Literatura e Espaço Urbano
Tema: Na Catedral
Quando: terça-feira (08/09) – 19h
Onde: Casa da Memória / FCFFC
Rua Padre Miguelinho nº 58 – Centro
(48) 3333-1322
Quanto: gratuito
Foto: Catedral Metropolitana / DeOlhoNailha