Legitimado pelo Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Dança 2022, o projeto A Mesa realiza nesta sábado e domingo, dias 25 e 26, na Sala M., no Porto da Lagoa, na Ilha de Santa Catarina, as duas primeiras oficinas de um conjunto de quatro que resultarão numa montagem cênica, a ser apresentada no Sesc Prainha, nos dias 5, 6 e 7 de maio. Os 12 selecionados começam com as professoras Lucila Vilela e Vera Torres as aulas teóricas de pesquisa em dança para aprofundar e compreender a dança expressionista alemã, do início do século 20, e suas implicações sociais e políticas. Uma das intenções é estabelecer paralelos com a dança contemporânea brasileira, do início do século 21, especificando o contexto catarinense. A oficina prática de dança contemporânea em oito aulas de duas horas, com técnicas de percepção, conscientização e preparação corporal, será ministrada pelas professoras Diana Gilardenghi e Bia Vilela.
O projeto A Mesa propõe um mergulho na história da dança para aludir, a partir da memória e do tempo contemporâneo, reflexões sobre a sociedade, a arte, a política e a condição humana. A iniciativa de pesquisa e formação voltada às artes do corpo evoca “A Mesa Verde” (1932), obra clássica da história da dança alemã criada por Kurt Jooss (1901-1979). Por meio da cena inicial do espetáculo realizado na Alemanha, a proposta é oferecer uma formação diferenciada em dança em Florianópolis para resultar numa montagem de quatro apresentações abertas ao público.
A ideia surgiu do encontro entre a proponente Diana Gilardenghi com Lucila Vilela, Vera Torres e Bia Vilela, todas com vasto currículo na cena cultural de Santa Catarina. Depois de estruturada a proposta convidaram a artista e professora Tejas para o trabalho de máscaras e a produtora cultural Crica Gadotti, para dar corpo ao projeto. A equipe se completou com Diogo de Haro na música, Esha no figurino, Ildo Francisco Golfetto no design, Cristiano Prim na fotografia e Alan Langdon no audiovisual.
A programação envolve uma oficina de pesquisa em dança (teórica), oficina de dança contemporânea (prática), oficina de criação de máscaras (prática), oficina de montagem (prática) e mostra/apresentação do resultado. As ministrantes são profissionais reconhecidas no campo da dança e das artes visuais.
A montagem será alicerçada por debates e ações relacionadas ao processo artístico e formativo para ampliar o repertório conceitual e artístico dos participantes, aprimorar o estudo do corpo e fomentar processos, técnicas de improvisação e criação em dança contemporânea. A prática, a pesquisa e o diálogo com uma produção histórica colabora, segundo as idealizadoras do projeto, para o desenvolvimento do ensino da dança na cidade.
Oficinas com profissionais renomadas
O processo de formação e criação em favor de um novo trabalho artístico será conduzido por Diana Gilardenghi, Bia Vilela, Vera Torres, Lucila Vilela e Tejas, cujos conhecimentos fundamentais estarão voltados à montagem cênica que ganhará formato nas quatro oficinas complementares de 55 horas.
Além das duas primeiras oficinas deste fim de semana, a terceira, de criação de máscaras, também prática, prevê quatro aulas de três horas de aprendizagem com a professora Tejas que irá compartilhar os princípios básicos da pesquisa e elaboração das figuras: molde de gesso e base da argila, negativo de gesso, pintura e acabamento.
Por fim, a oficina de montagem engloba quatro encontros de quatro horas práticas para a montagem do trabalho em diálogo contemporâneo com “A Mesa Verde”, de Jooss. O processo de criação envolverá exercícios de improvisação e criação em dança.
A arte, a política e as escolhas humanas
O caráter atemporal de “A Mesa Verde” (1932), de Jooss, aciona o projeto catarinense e permite aproximar situações e temporalidades distintas. Da Alemanha pré-nazista para o atual contexto político-social brasileiro é entender a dança como potência política. A importância histórica e artística serve como fundamentação teórica e conceitual para pensar a dança atual.
Concebida no entreguerras, a peça de Jooss tem enorme repercussão pois antecipa o movimento nazista que, logo depois, ocupa a Alemanha. O coreógrafo pesquisa as danças macabras medievais e trabalha sobre as gravuras “The Dance of Death” (1523/25), de Hans Holbein (1498-1543). Ao compor o tema da morte intercalado com as conferências diplomáticas, critica o jogo político e a responsabilidade com as vidas humanas, traz para a arte a sensibilidade de uma época.
Trata-se de uma obra que não se limita ao seu momento de criação. “A Mesa Verde” suscita até hoje novas montagens, inquietações e reflexões. A leitura do contexto social e político e o modo como organiza a cena, com a vida de uma população sendo decidida numa mesa composta por velhos políticos, transforma o espetáculo em uma referência para pensar a sociedade, a arte, a política e as escolhas humanas.
EQUIPE TÉCNICA
Coordenação: Diana Gilardenghi e Lucila Vilela
Produção geral: Crica Gadotti, Lucila Vilela e Vera Torres
Produção executiva: Crica Gadotti
Oficinas de dança: Diana Gilardenghi e Bia Vilela
Oficina teórica: Lucila Vilela e Vera Torres
Oficina de máscaras: Tejas
Composição e execução musical: Diogo de Haro
Figurinista: Esha
Fotografia: Cristiano Prim
Filmagem e edição: Alan Langdon
Design gráfico: Ildo Francisco Golfetto
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso
SERVIÇO
Oficina de Pesquisa em Dança (teórica) – 14h às16h
25/02 e 26/02
04/03 e 05/03
Oficina de Dança Contemporânea (prática) – 16h30 às18h30
25/02 e 26/02
04/03 e 05/03
11/03 e 12/03
18/03 e 19/03
Oficina de Criação de Máscaras – 9h às 12h
18/03 e 19/03
25/03 e 01/04
Oficina de Montagem – 16h às19h
15/04 e 16/04
22/04 e 23/04
Mostra do resultado das oficinas.
Apresentação: A Mesa”, Sesc Prainha, dias 5, 6 e 7 de maio (sexta a domingo). Dia 6 prevê duas sessões
Contatos:
NProduções: Néri Pedroso (48) 99911-9837, produtoras Lucila Vilela (48) 98447-9368 e Crica Gadotti (48) 99697-6643