O Dia Mundial da Meditação, 21 de maio, traz reflexão sobre a importância do autocontrole
A pandemia trouxe medo, ansiedade, irritação, isolamento e sensação de insegurança e, por isso, muita gente decidiu recorrer a uma estratégia conhecida da humanidade há milênios, com o objetivo de preservar a saúde mental – a meditação, prática lembrada em todo o mundo no dia 21 de maio, Dia Mundial da Meditação. Quem usa estas técnicas garante que os resultados são positivos e há estudos que comprovam que é possível ativar determinadas áreas do cérebro com técnicas e relaxamento.
A neuropsicóloga do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) Rachel Schlindwein-Zanini explica que a meditação é uma prática antiga de autorregulação do corpo e mente, com origem em tradições orientais que se caracteriza por um grupo de técnicas atencionais capaz de produzir efeitos psicossomáticos. Ela cita entre as práticas de meditação o Mindfulness.
"Acredita-se que ela poderia ativar uma rede de regiões do cérebro, como a ínsula (associada à compaixão, empatia e autoconsciência), o putâmen (ao processo de aprendizagem) e algumas porções do córtex cingulado anterior, podendo interferir em algumas funções autonômicas e em funções cognitivas mais voltadas ao córtex-frontal (como planejamento, tomada de decisão e modulação do comportamento social)", explica a profissional, alertando, porém que nada é totalmente inócuo. "Pode ter efeitos diferenciados, como em pessoas com esquizofrenia. Daí a importância do paciente conversar com um médico ou psicólogo sobre sua condição", disse a especialista.
Segundo ela, tomados os devidos cuidados, a meditação pode ser usada como auxiliar no controle da ansiedade, da depressão, no alívio da dor, no período de tensão pré-menstrual, em quadros de insônia e no estresse, como no caso do transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), por exemplo. Por isso, várias pessoas que lidam com situações de estresse recorrem à meditação para encarar os problemas do dia a dia com maior serenidade.
Adeptas da meditação relatam efeitos positivos
Quem é adepta da prática de meditação é a farmacêutica do HU Isabel Canabarro, que pratica uma técnica de meditação juntamente com yoga. "Cada pessoa deve procurar uma técnica à qual se adapte. No meu caso, o que funciona é o que é definido como meditação em movimento. Durante a prática de yoga, eu foco na respiração, no que estou sentindo no meu corpo naquele momento. Isso faz com que eu desacelere os pensamentos, tranquilize a minha mente", explica a profissional.
Segundo ela, ao longo do tempo, a meditação a ajudou a controlar o estresse, entre outros benefícios. "Acho que a meditação me trouxe mais serenidade para resolver os problemas. Não quer dizer que os problemas deixam de existir, mas quando eles acontecem você está mais equilibrada, mais centrada", afirma Isabel, que indica a prática de meditação para qualquer pessoa. "A técnica depende de cada um, mas, com certeza, a meditação ajuda a enfrentar algum momento crítico da vida".
Isabel acha que a meditação pode ajudar as pessoas a passarem por situações que estão sendo criadas pela pandemia, como o medo, a ansiedade e o estresse. "Com o tempo, a pessoa vai perceber que ela está estressada, com medo, mas vai saber controlar este sentimento. Os problemas não desaparecem, mas você consegue lidar com eles", afirma, lembrando que qualquer técnica pode trazer bons resultados. Ela sugere a série sobre o tema: Guide to meditation para quem quer saber mais sobre o assunto.
A enfermeira Claudia Manuela Siqueira de Oliveira, que também atua no HU-UFSC, é outra que recorre à meditação e concorda que cada pessoa deve buscar a prática à qual mais se adapta e aquela com a qual tem mais afinidade. "No meu caso, eu pratico o Mindfulness, que é traduzido por Atenção Plena, uma meditação sem vínculo religioso que é muito pesquisada no meio acadêmico", afirmou.
Claudia Manuela explica que, para ela, esta prática traz a consciência de viver o momento presente em plenitude e sem julgamentos: "Se eu estou lavando louça, por exemplo, toda a minha consciência está nesta atividade. Com isso, a pessoa não fica remoendo o passado nem projetando situações futuras. Você vive o momento que existe, o momento presente. É isso que a Mindfulness faz", explica.
Para ela, voltando a atenção para o momento presente, o meditador consegue perceber um leque de possibilidades e passa a ter mais noção de como agir em determinadas situações. "É porque a partir do momento em que você está focado no presente, se abrem muitas possibilidades que talvez a pessoa nem conhecesse e, tomando esta consciência, consegue resolver melhor seus problemas", finalizou.