Mês de novembro é marcado pela Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antibióticos
O período que vai de 18 a 24 de novembro é dedicado à campanha da Semana Mundial de Conscientização Sobre o Uso de Antibióticos, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de aumentar a conscientização global sobre a resistência a antibióticos e de incentivar as melhores práticas entre o público em geral, profissionais de saúde e formuladores de políticas para evitar o surgimento e a disseminação de resistência a antibióticos. O debate é ainda mais importante neste período, devido ao aumento do uso destes medicamentos por causa da pandemia.
No Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh), diante do quadro atual, a equipe do Programa de Gerenciamento de Uso de Antimicrobianos decidiu adotar uma nova estratégia, fazendo uma busca ativa da prescrição e uso de antibióticos no hospital, num trabalho conjunto com farmacêuticos clínicos e infectologistas do hospital. Até agora, este gerenciamento era feito pelo infectologista, principalmente com base nas justificativas apresentadas pelo médico na prescrição.
Na prática, o programa funciona com a participação dos infectologistas do Serviço de Controle de Infecções Hospitalares (SCIH), que recebem informações dos farmacêuticos e dos médicos, por meio de planilhas eletrônicas na hora em que um antibiótico é prescrito. Com as informações disponibilizadas em tempo real, os membros da equipe podem saber a indicação da prescrição, além de avaliarem se a dosagem está adequada e outras intervenções que ajudem a racionalizar o uso do medicamento.
A infectologista do HU Patrícia de Almeida Vanny explicou que, com a pandemia, houve um aumento no uso de antibióticos e, uma vez iniciado o tratamento com este tipo de medicação, é mais difícil de retirá-la. “Por isso, a equipe decidiu partir para esta busca ativa e, nesta estratégia, o farmacêutico clínico tem um papel central”, explicou a médica.
O farmacêutico clínico do HU e um dos idealizadores do projeto, André Prado, explicou que não é somente fazer a busca ativa, mas também discutir o uso racional do antibiótico, procurando individualizar a terapia, para otimizar o uso dos antimicrobianos. Segundo ele, no ano do lançamento do projeto, em 2019, houve uma redução no uso destes medicamentos, além de uma aproximação maior dos profissionais com os médicos prescritores. “Agora, concluímos que esta ação conjunta e a busca ativa são fundamentais para ajustar o andamento do projeto”, explicou.
O programa do HU atende a uma das diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está em sintonia com as autoridades em saúde pública de todo o mundo, que têm alertado para a necessidade de controle no uso de antibióticos.
Além de gerenciar e controlar o uso de antibióticos e favorecer a integração entre os profissionais o programa traz uma melhor assistência ao paciente com infecção, reduzindo efeitos adversos e o impacto causado pelo uso de antimicrobianos. Outros fatores positivos são o menor custo para o hospital, decorrente do uso racional, e um tratamento mais efetivo e especializado de infecções.
Conforme informações registradas no site da Anvisa, desde a sua descoberta em 1945, os antimicrobianos têm servido como a pedra angular da medicina moderna. No entanto, o uso excessivo e persistente desses medicamentos na saúde humana e animal levou ao surgimento e à disseminação da resistência aos antimicrobianos. Esse fenômeno ocorre quando microrganismos, como as bactérias, tornam-se resistentes às drogas usadas para tratar as infecções causadas por eles, deixando-nos sem opções terapêuticas para diversos tipos de infecções como pneumonias e infecções urinárias, levando, desta forma, os indivíduos à óbito por falta de tratamento.