Os depoimentos de dois engenheiros que fizeram avaliações do imóvel adquirido pelo Ministério Público Estadual em Florianópolis confirmam que houve superfaturamento no valor pago pelo terreno, de acordo com o deputado Jailson Lima da Silva (PT), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a operação. As informações são da Agência Alesc.
Luiz Paulo Averbeck e Pedro Paulo Soares Ramos foram ouvidos pela CPI na terça-feira (24). O laudo mais completo, assinado Averbeck, estima o preço do terreno em R$ 20,8 milhões. O Ministério Público pagou R$ 38 milhões pela área, portanto, há uma diferença de pelo menos R$ 17 milhões que precisa ser explicada pelo órgão, conforme reitera o presidente da comissão.
A CPI investiga a compra, sem licitação, de um terreno com um prédio na planta pelo valor de R$ 123 milhões. Os laudos contratados pelo MP foram elaborados com urgência, em menos de uma semana, e apresentam preços finais semelhantes. Os dois avaliadores confirmaram que os laudos foram feitos como se o imóvel estivesse pronto, o que superestima o preço final. “A diferença de preço entre um imóvel na planta e um imóvel pronto pode chegar 15% ou 20%”, destaca o presidente da CPI.
Para Jailson, o depoimento dos dois avaliadores comprovou que a operação imobiliária foi feita com preços acima do mercado. “Se o terreno valia R$ 20 milhões, por que o Ministério Público pagou R$ 38 milhões? Essa diferença é um prêmio da Mega Sena. Estamos falando de dinheiro público, e a aplicação do dinheiro público precisa ser fiscalizada.”
Outras quatro avaliações do imóvel foram feitas por corretores imobiliários e são muito discrepantes e inconsistentes, conforme o presidente da CPI. Nessas avaliações, o valor do imóvel chega a R$ 176 milhões, 30% a mais, quando a diferença tecnicamente admissível seria de 5%. Esses corretores serão ouvidos pela comissão parlamentar na próxima semana. “É uma diferença astronômica. Eu quero entender essa matemática”, disse Jailson.
No fechamento do negócio, o Ministério Público fez um depósito no valor de R$ 30 milhões e pagará o restante em parcelas anuais de R$ 23 milhões, corrigidas pelo INPC. “Ao final do financiamento, esse valor terá passado de R$ 200 milhões”, prevê Jailson.