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Florianópolis, 23 novembro 2024

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Artigo escrito por Matias Boll – Engenheiro agrônomo (DC, 15/11/2009)

A Florianópolis dos dias atuais lembra um barco de refugiados. Superlotado de almas esperançosas em viver num lugar melhor, a vida no barco é um caos. Pior, o barco corre sério risco de afundar antes de chegar ao destino sonhado. Por que, então, continuamos a admitir pessoas a bordo? Não é possível que uma cidade que dispõe de alguns dos melhores profissionais e escolas de engenharia do continente não faça uso intensivo de princípios básicos de engenharia para seu planejamento e crescimento urbano. Alguns exemplos: adequação do gabarito dos bairros para a estrutura existente; adequação do número de habitantes dos bairros às avenidas e calçadas disponíveis; adequação do número de habitantes por bairro aos serviços de luz, água, etc; adequação do espaçamento entre edifícios de forma a que níveis mínimos de insolação, ventilação e circulação sejam respeitados; e instalação, nos bairros, de áreas de lazer mínimas por habitante, com quadras, parques, estacionamentos e outros equipamentos.

Do ponto de vista de sustentabilidade da cidade, uma nova torre de 12 andares tem um custo enorme às futuras gerações, demandando obras, vias maiores, serviços de segurança e outros. É óbvio, pela situação presente, que essas condições jamais serão oferecidas. Não há como controlar o número de carros que a população compra. Mas o gabarito deve ser administrado e limitado pelo poder público com base em critérios técnicos. Não há mais tempo para discussão e teorizações. A água está batendo nas canelas e o navio balança. O prefeito, a Câmara e o Ministério Público podem dar a Florianópolis o maior presente de Natal que esta cidade já teve: a perspectiva de um futuro para nós e nossos filhos.