Após uma alta significativa ao longo das três primeiras semanas de quarentena (entre o fim de março e o início de abril), os preços de alguns dos principais alimentos consumidos nas feiras e supermercados de Florianópolis voltaram a estabilizar. Houve alguns aumentos de produtos em fim de safra ou que tiveram altas no atacado, mas com impacto menor que seria de se esperar.
A conclusão é de levantamento feito pela equipe do Índice de Custo de Vida (ICV), indicador de inflação calculado mensalmente pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), por meio do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag) – uma das unidades da Udesc em Florianópolis.
De acordo com o administrador Hercílio Fernandes Neto, coordenador do ICV/Udesc Esag, os dados indicam que houve um “pânico” inicial entre os consumidores, no começo da quarentena por conta das medidas de controle da pandemia de Covid-19, mas que parece ter passado.
“As pessoas correram para os supermercados, com medo de que alguns produtos faltassem, e essa alta repentina do consumo fez com que os preços subissem entre a última semana de março e a segunda de abril”, explica Fernandes. “Mas como não houve desabastecimento, o consumo parece ter voltado ao normal”.
Arroz, feijão e carnes
O arroz e o feijão, dieta básica de muitas pessoas, são exemplos. No começo da quarentena, houve alta de quase 5% no arroz e de mais de 22% no feijão – nesse caso potencializada por problemas com a safra no Sudeste. Nesta última semana, o arroz ainda subiu, mas menos de 1% e o feijão deve queda de -1,2%.
Outro caso é o tomate, que vinha de um forte aumento ao longo do mês de março (19%), mesmo estando na safra, quando a maior oferta do produto deveria deixá-lo mais barato. O preço do tomate se estabilizou no começo da quarentena e na última semana teve queda de -3%.
As carnes também não subiram de preço. Alguns cortes bovinos tiveram queda de até 2% na última semana, enquanto as carnes suína e de frango estão estáveis. Os ovos, que vinham tendo aumento pelo maior consumo em substituição às carnes, chegaram a subir 8% no começo da quarentena, mas nesta semana caíram -5,2%.
Aumentos
Mesmo com a tendência de estabilização dos preços dos alimentos, alguns produtos tiveram alta na última semana. A farinha de trigo vinha subindo muito no atacado, mas o aumento chegou menor aos consumidores. Antes estável, o produto teve uma alta de 2%, “menos do que se poderia esperar”, diz Fernandes.
Outro produto que vem sofrendo pressão por conta dos preços do atacado é o leite longa vida, sobre o qual se chegou a falar em ameaça de falta nas prateleiras. No início da quarentena, o preço do produto subiu 2%, alta que se acelerou nesta última semana, com aumento de quase 7%.
Já alguns alimentos tiveram aumentos significativos, mas esperados, por serem produtos em fim de safra. É o caso da batata inglesa (alta de 5% no começo da quarentena e de 11,3% agora) e da cebola-de-cabeça (que chegou a subir 42%, e na última semana teve alta de 17,5%).
Sobre o Índice de Custo de Vida
O ICV/Udesc Esag, publicado mensalmente pela Udesc Esag, registra a variação dos preços de 297 produtos e serviços consumidos por famílias de Florianópolis com renda entre 1 e 40 salários mínimos.
A metodologia é a mesma usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência oficial para a meta de inflação nacional. Para o cálculo do ICV, a Udesc Esag conta com o apoio da Fundação Esag (Fesag), na atualização das ferramentas utilizadas.
Mais informações podem ser obtidas em udesc.br/esag/custodevida, onde é possível consultar os boletins mensais (desde 2010) e as séries históricas (desde junho de 1994) do ICV/Udesc Esag.