Chances de cura do câncer de mama chegam a 98% com o diagnóstico precoce
Somente em 2023, devem ser registrados 39 mil novos casos de câncer em Santa Catarina, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Dentre esses, o câncer de mama é o que representa a maior incidência entre as mulheres: são estimados 3.860 novos casos neste ano. Com isso, o Outubro Rosa surge não só para chamar atenção para os números como para alertar para a importância do diagnóstico precoce. Quando detectado um tumor de até dois centímetros restrito à mama, as chances de cura chegam a 98%, permitindo evitar tratamentos mais agressivos.
Índices mostram que a doença é mais prevalente no Sul e Sudeste do Brasil e tem aumentado o número de casos em mulheres mais jovens, incluindo a faixa abaixo dos 40 e 50 anos. “É um fenômeno mundial, mas parece ocorrer sobretudo em países da América Latina. Fatores como retardar a gestação, desejo de não ter filhos, não amamentar, podem ter influenciado este aumento”, observa a mastologista Rebeca Neves Heinzen, professora dos cursos de Medicina da Unisul e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O aspecto hereditário também desempenho um papel relevante nos casos da doença. Histórico familiar de câncer de mama, especialmente em parentes de primeiro ou segundo grau (mãe, tia, irmã, avó), aumenta o risco, principalmente se ocorrer em múltiplas gerações ou em idades precoces.
A assessora administrativa Débora Piangers descobriu um nódulo na mama quando tinha 31 anos. Adepta de um estilo de vida saudável, a moradora de Florianópolis se surpreendeu ao notar o pequeno caroço no seio. “Ninguém na minha família tinha tido. Eu via muitas orientações sobre o autoexame e sempre ficava na dúvida se estava fazendo certo, mas tinha ao meu favor o fato de conhecer o meu corpo. Então, acabei percebendo que havia algo diferente no dia a dia, no banho, ao trocar de roupa. Com o tempo, entendi que, mais do que seguir instruções para o autoexame, o mais importante é conhecer o próprio corpo, nos observarmos, saber como é a nossa mama, o nosso seio”, conta Débora.
A prevenção para a doença começa justamente na rotina diária, com a adoção de hábitos saudáveis. “A atividade física aeróbica regular de moderada intensidade pode diminuir em aproximadamente 30% a incidência do câncer de mama. Além disso, é importante que a mulher mantenha sua massa corporal adequada, pois o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento da doença”, destaca a mastologista Rebeca. Ainda segundo a especialista, a alimentação adequada é uma das principais aliadas na prevenção da doença, o que inclui aumentar o consumo de verduras e legumes orgânicos e reduzir o açúcar, a carne vermelha e as gorduras saturadas no prato.
Esses gestos de autocuidado fazem toda a diferença não só na prevenção e tratamento da doença como na vida em geral. “O câncer é uma montanha-russa, não é linear, tem fases boas e ruins. Mas quando entendi que precisava viver aquilo, que não adiantava me entregar, me coloquei muito disposta a tentar aprender tudo que pudesse. Isso me ajudou muito, tornou o processo mais leve, o câncer me trouxe amizades, recebi muito carinho, amadureci muito, me percebi muito mais madura”, afirma Débora. Hoje, depois de sete anos em tratamento, passando por cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia, ela está curada do câncer de mama.
Tratamentos menos agressivos e maior índice de cura
Tanto o diagnóstico quanto o tratamento da doença evoluíram graças a constantes estudos e recursos tecnológicos. “Hoje, podemos personalizar o tratamento com maior precisão, usando terapias específicas e imunoterapia. Isso não apenas aumenta as taxas de cura, mas também reduz a toxicidade dos tratamentos”, comemora a mastologista Rebeca. Um exemplo disto, é a possibilidade da paciente não precisar de quimioterapia caso a doença seja descoberta no estágio 01. Apesar de raro, o câncer de mama também pode acometer homens. Os casos representam 1% do total no país, segundo o INCA.
Dicas da Especialista
Com amplo histórico acadêmico dedicado ao tema, a mastologista Rebeca Neves Heinzen dá algumas dicas que auxiliam na prevenção da doença, bem como sinais que merecem atenção. Confira:
Hábitos que ajudam na prevenção
– Praticar de 2,5h a 3h de atividade física por semana;
– Dar preferência a alimentos orgânicos;
– Evitar o consumo de açúcar e álcool em excesso;
– Observar regularmente as mamas e, ao notar qualquer alteração, procurar um especialista;
– Realizar mamografias a partir dos 40 anos.
Atenção aos sinais de alerta!
– Massa ou nódulo palpável na mama;
– Secreção no mamilo
– Hiperemia na mama;
– Retração de pele da mama;
– Gânglio na região das axilas.