Qualidade dos vinhos catarinenses foi discutida por especialistas de vários locais do Brasil e do mundo
A qualidade dos vinhos, o clima, as belas paisagens catarinenses e a necessidade da criação de um projeto de Enoturismo para o estado foram o fio condutor dos dois dias do IV Simpósio Catarinense de Vinhos Finos de Altitude, que aconteceu nos dias 3 e 4 de dezembro no CentroSul, em Florianópolis.
Estudantes, profissionais, empresários e curiosos de diversas partes do Brasil e do mundo discutiram alternativas para o futuro do vinho em Santa Catarina e conheceram a realidade do setor em países como Bolívia, Chile e França.
Antes do Simpósio, promovido pela Associação Catarinense de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis), SEBRAE/SC, Embrapa Uva e Vinho e Epagri, alguns palestrantes foram levados até as regiões produtoras dos vinhos finos onde, durante três dias, puderam conhecer a realidade vitícola de Santa Catarina. Uma das palestrantes, a francesa Yvelise Sciard, do Conselho Interprofissional das Vinhas de Alsácia, uma das principais regiões enoturísticas do mundo, ficou encantada com o que viu. “São paisagens únicas, gigantescas. Fiquei arrepiada ao conhecer a realidade de vocês”, confessou.
Ela falou com propriedade sobre o perfil do enoturista que, segundo ela, tem alto poder aquisitivo e é intelectualmente interessado no mundo dos vinhos. “Esse turista quer o contato direto com o produtor. Ele quer mais do que comprar vinho, quer descobrir o universo do vinho”, disse. Para Yvelise, o turista precisa ser bem recebido e ter diversas atrações na região visitada, como atividades culturais e esportivas, pois, assim, ele volta, consome o vinho e ainda fala bem do produto que acaba de conhecer.
A realidade catarinense
Mediador de um dos painéis do Simpósio, o presidente da Santur Valdir Rubens Walendowsky destacou a importância de se investir em Enoturismo no estado. Segundo ele, 12% do PIB catarinense vem do turismo, sendo que 6% são do turismo de sol e mar. Por isso, é preciso investir em outros segmentos para que os turistas venham ao estado durante o ano todo e não só no verão.
Neste sentido, José Fernando da Silva Protas, da Embrapa, lembra que as regiões produtoras de vinhos finos de altitude estão entre as que têm o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixos do estado, o que aumenta a necessidade de criar alternativas para esses locais. Ele salienta que mesmo com natureza exuberante, altitude e clima frio, que são fatores convidativos para os visitantes, as regiões precisam investir em equipamentos turísticos e em rotas de vinho para atrair os turistas, a exemplo do que acontece com sucesso em vários locais do mundo.
O presidente da Acavitis, José Eduardo Pioli Basseti, empossado durante o evento, acredita que a união dos associados vai dar força à criação de um grande projeto de Enoturismo. “Já são 500 hectares plantados e nossos vinhos estão, seguramente, entre os melhores do Brasil”, garante. Ainda segundo o presidente, a estimativa é de que em 2010 sejam produzidas um milhão de garrafas de vinhos finos de altitude pelos produtores das regiões de São Joaquim, Caçador e Campos Novos, de abrangência da Acavitis.
Foto (crédito): Gabriel Heusi