Música toca na alma, emociona. Por isso, os 11 segredos para explicar o sucesso do mais novo projeto da Camerata Florianópolis não estão listados por ordem de importância. Dependendo da pessoa que for ler, o último item pode ser o mais importante. A ideia também não é elencar todos os segredos, pois devem existir outros. Mas vamos a eles.
1. A música sertaneja faz parte da história de 9 em cada 10 brasileiros: para uns porque remetem à infância e lembram os pais cantarolando e ouvindo; para outros porque recordam o grande amor que partiu; há quem esteja vivendo hoje uma grande paixão e “aquela” é a música deles. Enfim, a música sertaneja emociona, está gravada na alma e carregada de memórias afetivas.
2. As músicas escolhidas – e anunciadas desde o início da divulgação do espetáculo – foram escolhidas a dedo para atender todos os gostos: de verdadeiras orações como “Romaria”, passando pelos clássicos da dor de cotovelo como “Telefone Mudo” até a geração feminina que assumiu o protagonismo da música sertaneja com “Sofro onde eu Quiser”.
3. A realização do espetáculo se deu no período da volta da esperança, do novo normal à vida das pessoas, que aos poucos estão saindo de casa sem tanto medo.
4. Se é verdade que a sorte acompanha os competentes, a Camerata experimentou essa máxima: quis o destino que a segunda noite do espetáculo tenha acontecido justo no dia em que Santa Catarina passou a não obrigar mais o uso de máscara em ambientes fechados. Isso fez com que as apresentações de sábado tivessem um clima de esperança renovada.
5. Há um público mais velho, que não acompanha os espetáculos de música erudita da orquestra, que já tinha ouvido muito falar da tal Camerata, mas ainda não a conhecia. Esse público sofreu com a pandemia tendo que ficar em casa, vendo familiares partindo e longe de filhos e netos, e a música sertaneja foi a “isca” que os cativou e lhes devolveu a vida. Não há estatística comparativa, mas certamente a Camerata nunca tocou para um público com idade tão avançada quanto nestas sessões. Não eram poucos os que já tinham passado dos 90 anos.
6. Além da escolha do repertório, a direção artística (leia-se Jeferson Della Rocca e Luiz Zago) foi buscar novos cantores para o espetáculo. Três estrearam na Camerata (Bia Bastos, Manoela Balan e Fernando Zimmermann) e deram um toque sertanejo todo especial às canções. Dudu Fileti conseguiu ser Dudu Fileti e criou uma interpretação diferente do original para cada canção que apresentou sozinho, e isso enriqueceu ainda mais as três noites.
7. A iluminação e a sonorização do espetáculo caminharam juntas com as músicas, e a cada efeito sonoro havia uma explosão de cores e flashs no palco.
8. A grande divulgação feita pela mídia convencional (matérias em jornais, portais e emissoras de TV e rádio e comercial em rádio e TV) foi o canhão que deu a largada para o projeto ser conhecido do grande público, que através de suas redes sociais abraçou a novidade e a fez ir ainda mais longe.
9. A transmissão ao vivo da primeira noite pelo Youtube e os celulares do público que estava no teatro incendiaram as redes sociais e o @camerataflorianopolis nunca bombou tanto quanto neste final de semana.
10. O incentivo de um patrocinador (Agriness) que queria um projeto que mostrasse a música raiz do Brasil, valorizando a música nascida e eternamente inspirada na roça e no imaginário de quem trabalha com a agricultura e o agronegócio no Brasil.
11. Os 28 anos de sucesso da Camerata eram a segurança de que coisa boa viria por aí. E veio.
Enfim, a Camerata Florianópolis conquistou um novo público neste final de semana. Já tinha na mão os eruditos, os roqueiros, regueiros, amantes da MPB, do cinema e tantos outros. Neste final de semana conquistou os sertanejos. E esta história está só começando.
Fotos: Tóia Oliveira