Santa Catarina está diante de um desafio preocupante, conforme relatórios do Instituto Nacional de Câncer (Inca), com a previsão de aproximadamente 1.700 novos casos de câncer de próstata entre 2023 e 2025. Esses números alarmantes destacam a urgência da campanha “Novembro Azul”, que não apenas direciona o foco para a conscientização sobre o câncer de próstata, mas também visa promover a saúde geral dos homens.
O câncer de próstata continua figurando como uma das principais causas de mortalidade masculina, sendo o tipo mais comum de câncer entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele.
O papel vital da pesquisa clínica
A pesquisa clínica desempenha um papel crucial no avanço do conhecimento sobre o câncer de próstata e no desenvolvimento de novas terapias. Por meio de estudos clínicos, os pesquisadores têm a oportunidade de testar a eficácia e a segurança de novos medicamentos, procedimentos e terapias em pacientes com câncer de próstata.
Nesse cenário, o Centro de Pesquisas e Ensino em Saúde de Santa Catarina (CEPEN) assume um papel fundamental na promoção da pesquisa clínica relacionada ao câncer de próstata. Recentemente, o Cepen se destacou ao participar de um estudo intitulado “Prevalence”, cujos resultados foram apresentados neste ano no prestigioso Congresso Europeu de Oncologia. O objetivo desse estudo foi avaliar a frequência de mutações nos genes de reparo de DNA em pacientes com câncer de próstata metastático.
Marcelo Freitas, médico oncologista e especialista em tumores urológicos, ressalta que “o estudo permitiu a realização de testes genéticos em mais de 50 pacientes, abrindo caminho para tratamentos personalizados, baseados em mutações genéticas específicas de cada paciente. Além disso, foram realizados testes genéticos e aconselhamento nos familiares dos pacientes portadores de mutações, permitindo identificar e prevenir de forma adequada aqueles parentes com alto risco de desenvolver outros tipos de câncer.”
Estudos abertos em SC
Atualmente, o Cepen está conduzindo um estudo clínico destinado a pacientes recentemente diagnosticados com câncer de próstata metastático. Neste estudo, os pesquisadores têm como objetivo identificar pacientes que possuem mutações no gene PTEN, uma condição observada em cerca de 15% dos casos. Esses pacientes recebem o tratamento padrão, associado a um medicamento específico, com o objetivo de avaliar a eficácia desse tratamento inovador.
Superando preconceitos e desafios
Participar de estudos clínicos oferece a oportunidade de contribuir para um mundo melhor, proporcionando mais qualidade de vida para aqueles que enfrentam doenças ainda sem cura. Os estudos clínicos permitem aos pesquisadores avaliar a segurança, eficácia e inovação de novos tratamentos, representando uma chance de descobrir terapias que podem salvar vidas no futuro.
Motivado principalmente pelo desejo de salvar vidas, Eduardo Ferreira, 55 anos, ingressou em uma pesquisa. Diagnosticado com câncer de próstata em 2019, foi encaminhado para o Centro de Pesquisas, onde conheceu o trabalho realizado pelos pesquisadores. “Embora descobrir o câncer tenha sido desafiador, o suporte da minha família e da equipe de pesquisa tem sido uma fonte vital de força para mim. O ponto crucial para participar da pesquisa clínica foi a consciência de contribuir para salvar vidas. É isso que me impulsiona a enfrentar cada dia, e a lutar cada vez mais pela minha vida.”
Aos 72 anos, Arno Cardoso descobriu que tinha câncer de próstata e ingressou como voluntário em uma pesquisa do Cepen. “Quando iniciei, meu corpo estava debilitado pelo câncer. Hoje, tenho 74 anos e graças ao tratamento excepcional oferecido pelo centro, praticamente não apresento mais sintomas. Essa pesquisa foi crucial para salvar minha vida. Além disso, o centro de pesquisa cobre integralmente todos os custos financeiros, proporcionando um tratamento de qualidade excepcional”, destaca Arno.
De acordo com o oncologista, o estigma associado à pesquisa clínica representa um desafio significativo, tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes. “Em comparação com os Estados Unidos e até mesmo outros países da América do Sul, o Brasil tem um longo caminho para o desenvolvimento da pesquisa clínica. Portanto, a divulgação e promoção dos estudos clínicos são cruciais para superar essa barreira e fornecer melhores opções terapêuticas aos pacientes”, diz o médico.
Sobre o CEPEN
Desde sua fundação em 1998, o CEPEN tem desempenhado um papel essencial na busca por tratamentos contra o câncer por meio da realização de estudos clínicos em Santa Catarina. Com mais de 200 protocolos de pesquisa realizados ao longo dos anos, a instituição tem contribuído significativamente para avanços no tratamento do câncer, beneficiando milhares de pacientes. Para saber mais sobre como participar de uma pesquisa clínica, basta entrar em contato com o CEPEN https://www.cepen.org.br/