11 de Dezembro de 2009 – Teatro Governador Pedro Ivo
A Camerata Florianópolis em parceria com o Polyphonia Khoros, regência do maestro Jeferson Della Rocca e solos de Massami Ganev, Ariadne Oliveira, Marcos Liesenberg e Pepes do Valle, apresentará no próximo dia 11 de dezembro, 21h no teatro Governador Pedro Ivo em Florianópolis, a Sinfonia 9 de Ludwig van Beethoven. Trata-se de uma das mais grandiosas sinfonias já compostas, e tem como inovação a inclusão de solistas e coro no último movimento da obra. A composição tornou-se no passar dos anos como uma das mais populares da música erudita universal.
A Sinfonia nº 9 em Ré menor, “Coral”, Op. 125, de Ludwig van Beethoven, escrita entre 1812 e 1824 e estreada pelo próprio compositor em 7 de maio de 1824 no karntnertortheater, em Viena, na Áustria já completamente surdo, é uma das mais conhecidas do repertório ocidental, considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven. Em seu quarto movimento, que trouxe como inovação a introdução de coro e solistas, Beethoven utilizou o tema da Ode à Alegria (An die Freude) de Friedrich Schiller (com algumas alterações), motivo que o encantava desde seus 22 anos de idade. Seu interesse pela Ode à Alegria, no entanto, se iniciou com suas inúmeras tentativas de musicar o poema, ocorridas desde 1793. Esta obra, dividida em quatro movimentos, tem duração de 70 minutos e certamente é a principal criação da maturidade do compositor. O quarto movimento, assim como uma versão modificada do poema de Schiller, foi escolhido como Hino da União Européia, pela síntese que faz de ideais clássicos ligados ao humanismo, à fraternidade, à liberdade e à igualdade.
A parte vocal da sinfonia causou diversas dificuldades para Beethoven. Foi a primeira vez que se tentava utilizar um componente vocal numa sinfonia. Anton Schindler, célebre amigo de Beethoven, disse posteriormente: “Quando ele começou a trabalhar no quarto movimento, a batalha recomeçou, mais intensa do que nunca. Sua meta era a de encontrar uma maneira apropriada de introduzir a ode de Schiller. Um dia o autor entrou na sala gritando: ‘Consegui, consegui!’ E então me mostrou um caderno com as palavras cantemos a ode do imortal Schiller'”. No entanto, esta introdução acabou nunca chegando à obra final, e Beethoven ainda passou muito tempo reescrevendo aquela parte até que ela atingisse a forma conhecida atualmente. Beethoven estava ansioso para ver sua obra executada em Berlim o mais rápido possível, após terminá-la, porém, seus amigos e patronos insistiram para que ele estreasse a sinfonia em Viena.
Embora a performance tenha sido regida oficialmente por Michael Umlauf, mestre de capela do teatro, Beethoven dividiu o palco com ele. Dois anos antes, Umlauf havia presenciado a tentativa do compositor de reger um ensaio de sua ópera, Fidelio, que terminou em desastre, e desta vez pediu aos cantores e músicos que ignorassem Beethoven, então já totalmente surdo. No início de cada parte, Beethoven, sentado ao palco, dava indicações de tempo, virando as páginas de sua partitura e dando marcações a uma orquestra que não podia ouvir. O violista Josef Böhm escreveu: “O próprio Beethoven regeu a peça; isto é, ele ficou diante do atril e gesticulou furiosamente. Em certos momentos se erguia, noutros se encolhia no solo, e se movimentava como se quisesse tocar ele mesmo todos os instrumentos e cantar por todo o coro. Todos os músicos não prestaram atenção ao seu ritmo enquanto tocavam.
“A noite de estreia foi um grande sucesso. Enquanto a platéia aplaudia – segundo testemunhos – Beethoven, que, em sua “regência”, ainda estava atrasado em diversos compassos em relação à música que havia acabado de ser executada, continuava a reger, acompanhando a partitura. Então, a contralto Caroline Unger teria ido a ele e o virado em direção ao público, para aceitar suas exortações e aplausos. De acordo com um dos presentes, “o público recebeu o herói musical com o mais absoluto respeito e simpatia, e ouviu às suas criações maravilhosas, gigantescas, com a mais concentrada das atenções, irrompendo em jubilantes aplausos, freqüentemente durante os movimentos, e, repetidamente, ao fim de cada um.” Toda a platéia o aplaudiu de pé por cinco vezes; lenços foram erguidos ao ar, assim como chapéus e mãos, para que Beethoven, que não podia ouvir o aplauso, pudesse ao menos vê-lo. Beethoven deixou o concerto extremamente comovido.
Regência maestro Jeferson Della Rocca
Regente do Coro: Mércia Mafra Ferreira
Solistas: Massami Ganev (soprano), Ariadne Oliveira (mezzo-soprano), Marcos Liesenberg (tenor), Pepes do Valle (baixo)
Sinfonia nº 9, em Ré menor, “Coral”Op.125Ludwig van Beethoven
Duração: 1:20h – composição do período clássico
Serviço:
Quando: 11 de dezembro, 21h
Local: Teatro Governador Pedro Ivo
Ingressos a R$ 40,00 e 20,00 reais (platéia e balcão central), R$ 20,00 e 10,00 (frisas e balcão lateral). Estudantes, idosos e professores do ensino fundamental e médio pagam meia entrada.
Texto do quarto movimento da Nona Sinfonia de Beethoven
Ó, amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis voem
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora!