Desde que acordou, numa madrugada, com o barulho de tiros, uma comerciante do Norte da Ilha não tem mais o sono tranquilo. Ao olhar pela janela, viu um jovem de 17 anos ser morto com seis disparos, na porta da casa do vizinho, ao lado da sua.
O medo, que antes já era sentido, aumentou. Ela não quis se identificar, mas garante que a situação não está nada boa na região:
– Cheguei aqui há 20 anos. Do nada isso virou tudo e, hoje, está sem controle. Assaltos acontecem todos os dias – relata a moradora.
Sua avaliação está longe de ser isolada. O medo de mais um assalto ser anunciado ou virar mira de um revólver é constante em uma loja de roupas nos Ingleses.
Nos últimos anos, o local foi assaltado pelo menos 10 vezes. O dono, Reiginaldo Gomes Ferreira, já perdeu as contas do prejuízo:
– Depois do décimo assalto, eu simplesmente parei de contar.
De acordo com o presidente do Conselho de Segurança dos Ingleses, Jorge Luiz Goerck, a necessidade de policiamento mais intenso na região é emergencial. Ele conta que assaltos aumentaram muito nos últimos anos.
– Nosso batalhão aqui deveria ter 300 policiais, mas tem apenas 114. Duas viaturas para toda a área. É nítido o descaso.
Criar uma Central de Plantão Policial no Norte da Ilha durante a temporada de Verão é uma tentativa para amenizar a demora para registro de flagrantes, por exemplo.
O projeto, criado pela Secretaria do Estado de Segurança Pública (SSP), prevê a instalação de uma unidade 24h para atender a demanda de boletins de ocorrência e flagrantes. A ideia ainda está sendo estudada e não tem prazo para início.
A Polícia Militar reconhece que o efetivo no Norte da Ilha não é o ideal. Mesmo assim, de acordo com o capitão Alessandro Marques, barreiras são realizadas todos os dias. No verão, deve haver reforço na região.
(DC, 15/09/2010)