A Maternidade do Hospital Universitário da UFSC, referência nacional como Centro de Excelência em assistência obstétrica, completa 14 anos de atividades no dia 24 de outubro.Tempo em que realizou 22.262 partos e trouxe ao mundo 22.505 crianças. A diferença se refere aos partos de gêmeos. Como pioneira no parto humanizado ela revolucionou os procedimentos tradicionalmente adotados no Brasil e norteou até a criação de nova lei no Estado e no País.
O principal diferencial estabelecido a partir de sua implantação se refere ao parto humanizado, caracterizado por uma atenção especial e diferenciada a mulher e ao recém-nascido, sobretudo ao prematuro. A metodologia usada baseia-se em um tripé onde se valoriza o direito a presença de um acompanhante na hora do parto, a atuação da mulher-mãe como protagonista do seu parto, e a abertura de espaço para a interdisciplinaridade no atendimento. Eli Seibert, enfermeira-chefe da Maternidade, ressalta que foi a partir da permissão da presença de um acompanhante na maternidade do HU que se fundamentou a “Lei do Acompanhante”, aprovada primeiro em nível estadual e, depois, também na esfera federal.
Marcos Leite, médico ginecologista obstetra da Maternidade do HU, mestre em Saúde Pública, consultor internacional em aleitamento materno e integrante da ReHuNa – Rede pela Humanização do Parto e Nascimento – é uma das futuras perdas contabilizadas no quadro de funcionários. Carioca que ingressou na UFSC em fevereiro de 1996, profissional adepto as técnicas com base científica de humanização do parto, e um divulgador da UFSC e da Maternidade em nível internacional, está com processo de aposentadoria em curso. O obstetra destaca que não conhece uma maternidade com um corpo de enfermagem melhor que a da UFSC: “Os profissionais vestem a camisa e contabilizam inúmeras horas extras não remuneradas”. Leite diz não conhecer outra maternidade universitária com a mesma competência, e realça que esta competência não é reconhecida pelos pares.
Uma observação bem fundamentada se observarmos os problemas que a Maternidade enfrenta. No corpo de funcionários os plantões que contavam com cinco profissionais diminuíram para quatro, por conta de três aposentadorias e um remanejamento, não repostos. Contabilizem-se ainda outros dez funcionários com licenças de longa duração e as novas aposentadorias previstas. Em relação à infraestrutura física a Maternidade continua com a mesma quantidade de leitos disponibilizados na inauguração: dez de UTI Neonatal e 16 de puerpério. Mas esses leitos passaram a atender procedimentos ginecológicos e cirúrgicos não previstos, como as curetagens.
Apesar das dificuldades, a determinação do corpo de funcionários garante o bom nível do atendimento. Por isso a qualidade do trabalho desenvolvido e as práticas de humanização da assistência ao parto continuam a render distinções. Em agosto deste ano um ranking publicado na Revista Pais & Filhos classificou a maternidade do HU entre as dez melhores do país no quesito “Apoio à amamentação”. Reconhecimento que se soma ao “Prêmio Galba de Araújo”, oferecido pelo Ministério da Saúde e o título de Hospital Amigo da Criança, distinção criada pela Unicef em parceria com a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde. Qualidade distinguida ainda no Top de Marketing 2000 e no Top Hospitalar de 2002 e 2003.
Os Diferenciais de atendimento vão desde o uso de aventais em forma de envelope, que não constrangem a parturiente, ao preparo da gestante para cuidar bem do bebê. Para a realização destes objetivos vários projetos são desenvolvidos: Grupo de Gestantes e Casais Grávidos; Encontro dos Bebês; Programa Mãe-Canguru; Grupo Interdisciplinar de Assistência à Maternidade – GIAM; Reunião de Pré-Alta; além de campanhas frequentes de estímulo ao aleitamento materno.
O Projeto Grupo de Gestantes e Casais Grávidos foi criado a partir de um projeto de extensão do Departamento de Enfermagem da UFSC em parceria com profissionais da Maternidade do HU. Trata-se de um espaço de socialização de conhecimentos e experiências sobre a gravidez. Profissionais da área atuam neste projeto através da orientação as futuras mães e pais quanto a gravidez, o parto e o pós-parto e os cuidados com o bebê. Estes encontros atendem casais a partir do 3º trimestre de gestação.
O Programa Mãe-Canguru é voltado aos recém-nascidos de baixo peso e prematuros. Utiliza a técnica de colocar o bebê junto ao corpo da mãe para receber calor suficiente e se manter aquecido. Um método que apresenta como resultados a alta da UTI neonatal e a aceleração da alta hospitalar.
O Grupo Interdisciplinar de Assistência à Maternidade trabalha na capacitação e atualização do corpo multidisciplinar. Realiza pesquisas e levantamento de dados com os professores, alunos e usuários.
No 1º e 3º trimestre da gestação acontece o Encontro de Casais Grávidos. É um trabalho de pesquisa e extensão do Departamento de Enfermagem que consiste em oito encontros por ano e a definição do tema para discussão compete aos pais. Após o parto estes casais voltam a se encontrar, desta vez para o “Encontro de Bebês”.
Outra ação dentro da política de humanização é a Reunião de Pré-Alta. A atividade garante uma troca de informações entre profissionais da saúde e as novas mamães, deixando-as mais capacitadas para a maternidade.
Para mais informações e entrevistas entrar em contato com a enfermeira-chefe da Maternidade Eli Sibert (48) 3721-8022, com a enfermeira Ingrid Bertoldo 3721-8019, ou ainda com a diretora geral do HU, professora Marisa Helena César Coral : 3721-9163.
Por Mara Paiva/jornalista da Agecom