A próxima quinta-feira (29) marca a abertura das duas novas exposições do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), ambas comemorativas pelo centenário de grandes artistas: a gravurista polonesa Fayga Ostrower (1920 – 2001) e o desenhista, pintor e tapeceiro catarinense Ernesto Meyer Filho (1919 – 1991). As exposições ficarão abertas à visitação gratuita de terça-feira a domingo, das 10h às 21h, até 22 de janeiro de 2023.
Centenário de Fayga Ostrower
Polonesa radicada no Brasil, Fayga explorou e renovou as técnicas tradicionais da gravura como meio de expressão, assim como teorizou suas pesquisas estéticas e soluções plásticas inspirada nos processos de criação do abstracionismo informal. Com curadoria de Susana Bianchini e Maria Helena Rosa Barbosa, a exposição apresenta uma parcela da produção da artista em distintas técnicas e períodos. O público poderá conferir um conjunto de 37 obras entre xilogravuras, gravuras em metal, aquarelas, desenhos, serigrafias e litografias, além de matrizes de diferentes períodos, bem como material documental.
Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, Fayga Ostrower nasceu em Lodz, na Polônia, em 1920, e chegou ao Rio de Janeiro em 1934. Cursou Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas, em 1946, onde estudou xilogravura com Axl Leskoschek e gravura em metal com Carlos Oswald, entre outros.
Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Seus trabalhos se encontram nos principais museus brasileiros, da Europa e das Américas. Recebeu numerosos prêmios, entre os quais o Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo, em 1957; o Grande Prêmio Internacional da XXIX Bienal de Veneza, em 1958; e, nos anos seguintes, o Grande Prêmio nas bienais de Florença, Buenos Aires, México e Venezuela.
Foi membra honorária da Accademia delle Arti Del Disegno, de Florença. Em 1972, foi agraciada com a ordem do Rio Branco. Em 1998, recebeu o Prêmio do Mérito Cultural pelo Presidente da República do Brasil e, em 1999, o Grande Prêmio de Artes Plásticas do Ministério da Cultura.
Seus livros sobre questões de arte e criação artística são: Criatividade e processos de criação; Universo da arte; Acasos e criação artística; A sensibilidade do intelecto (Prêmio Literário Jabuti, 1999); Goya, artista revolucionário e humanista e A grandeza humana: cinco séculos, cinco gigantes da arte. Publicou numerosos artigos e ensaios na imprensa e na mídia eletrônica. A biografia Fayga Ostrower foi lançada em 2002.
Fayga foi casada com Heinz Ostrower, historiador cuja biblioteca foi doada para o Arquivo Edgard Leuenroth, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, SP. Deixou dois filhos, Anna Leonor (Noni) e Carl Robert; e três netos, João Rodrigo, Letícia e Tatiana.
A artista faleceu no Rio de Janeiro, em 2001. Em 2002 foi criado o Instituto Fayga Ostrower.
Arquivos Implacáveis de Meyer Filho
“Arquivos Implacáveis de Meyer Filho” é o título da exposição que o MASC recebe em homenagem ao artista catarinense Ernesto Meyer Filho (1919 – 1991). O artista chamou de Arquivos Implacáveis um conjunto de obras e documentos, que guarda importantes fatos de sua trajetória e da memória do movimento artístico de Santa Catarina, especificamente do surgimento da arte moderna.
O acervo a ser exposto reúne a produção de cinco décadas de atuação de Meyer Filho que, ao longo de sua trajetória, teve o cuidado de guardar obras representativas de suas mais significativas fases criativas, complementadas com um vasto conjunto de recortes de jornais e revistas, correspondências, fotos, manuscritos, anotações, charges, catálogos, convites de exposições dentre outros documentos, todos relativos à produção artístico-cultural das décadas de 1940 a 1980.
Abrir a caixa de Meyer, o amplo acervo que o artista deixou de 1940 a 1991, é uma rica experiência. Além da exposição que ficará por quatro meses em cartaz, diversas atividades serão oferecidas, como cursos, oficinas, ações educativas e seminário.
*Meyer Filho foi desenhista, pintor e tapeceiro. Estudou de forma autodidata pintura, desenho, história da arte e história natural. Atuante dinamizador cultural de sua época, organizou em 1958/59 os dois primeiros salões de arte moderna de Santa Catarina, fora do Estado. Meyer foi, também, um dos maiores dinamizadores da arte moderna do Estado, e sua história está intimamente relacionada com a do Museu de Arte de Santa Catarina (primeiro museu de arte moderna no País criado em 1949 por decreto de lei do Governo Estadual). Sua exposição, em 1958, foi a primeira individual de artista catarinense no mesmo Museu. Fundou e foi presidente do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis e organizou em 1958/59 os dois primeiros salões de arte moderna de Santa Catarina, fora do Estado. Em 1957 realizou a primeira exposição de Pinturas e Desenhos de Motivos Catarinenses, com o artista plástico Hyedi de Assis Corrêa /Hassis. Participou como ilustrador da Revista Sul, editada pelo grupo que liderou o movimento de arte moderna em Santa Catarina nas décadas de 40 e 50- Circulo de arte de Moderna, mais tarde conhecido como Grupo SUL, tendo sido um dos integrantes deste grupo.
A obra de Meyer Filho, especialmente registrada entre os anos 1950 e 80, não encontra similar no circuito dos artistas, nem na Ilha-capital onde viveu, nem nos poucos interlocutores modernistas que encontrou no eixo Rio-São Paulo. Seguindo na contramão do realismo, em suas obras vigora uma potência imaginativa que se multiplica incessantemente e cuja geração de seres híbridos resulta em invenções surpreendentes e inversões perversas, produzindo uma fabulosa coleção de vidas rastejantes, voadoras e andantes. A partir das incursões feitas pelas enciclopédias artísticas e compêndios científicos de sua biblioteca, o artista embaralha e inventa taxionomias, originárias da botânica e da zoologia, da agricultura e da astronomia, da história da arte e da mineralogia. Há também uma interlocução com os estudos locais e antropológicos, em particular o imaginário da Ilha de SC e sua cultura popular, que nunca recebeu uma leitura para além da clave regional.
*(Fonte: Instituto Meyer Filho)
Serviços:
O quê: Exposição “Centenário de Fayga Ostrower”
Curadoria: Susana Bianchini e Maria Helena Rosa Barbosa
O quê: Exposição “Arquivos Implacáveis de Meyer Filho”
Curadora geral: Kamilla Nunes
Abertura: 29 de setembro de 2022, às 18h
Visitação: até 22 de janeiro de 2023. De terça-feira a domingo, das 10h às 21h.
Local: Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) – No Centro Integrado de Cultura (CIC)
Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 – Agronômica – Florianópolis (SC)
Entrada gratuita