O mês que ganhou a cor amarela para lembrar sobre a endometriose, uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil. Caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, pode ter como sintomas cólicas fortes, inclusive fora do período menstrual, dor durante e após as relações sexuais (dispareunia), fadiga/cansaço extremos, inchaço abdominal, dor e/ou sangue nas fezes e na urina. Porém, engana-se quem pensa que a endometriose sempre é sintomática. Não é incomum que as mulheres descubram a enfermidade após investigação das causas para dificuldade em engravidar. A endometriose é uma das causas mais comuns de infertilidade feminina.
Com a chegada da pandemia, muitas mulheres que têm endometriose tiveram seus tratamentos interrompidos e até diagnósticos tardios da doença. Isso por conta do adiamento de procedimentos e a orientação para evitar a realização de consultas e exames. A médica radiologista, Aline Guimarães, explica que várias entidades médicas, assim como a Agência Nacional de Saúde, recomendaram a suspensão das cirurgias e consultas eletivas no início da crise do novo coronavírus e mais recentemente durante o agravamento da pandemia. Esta suspensão temporária tem como objetivo principal, evitar a sobrecarga do sistema de saúde, além de evitar a busca por insumos que em alguns momentos podem se tornar escassos. “Mas é importante que não se adiem tratamentos e acompanhamentos sem a orientação médica. A decisão final deverá ser tomada em conjunto com seu médico, pois somente a avaliação individualizada será capaz de definir a melhor opção”, destaca.
Apesar da endometriose ser considerada um mal crônico, não há evidências científicas que sugiram que mulheres portadoras da doença tenham risco aumentado de contrair infecção pelo vírus SARS-CoV-2 ou aumento do risco de desenvolvimento da Covid-19. O alerta é da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), engajada no “Março Amarelo”, mês de conscientização sobre a endometriose. Muitas pacientes acometidas pelo problema, e que buscam tratamento contra infertilidade, têm sofrido algum tipo de impacto durante a pandemia do novo Coronavírus.
As limitações de atendimento presencial com os médicos em consultório são entraves importantes, mas não impedem o acolhimento destas mulheres. É o caso da médica ginecologista Luisa Aguiar da Clínica Urogine, que atende em alguns casos por telemedicina. “Com o isolamento social, tivemos que mudar nossa forma de atendimento, passamos a realizar teleconsultas e priorizamos consultas urgentes. Não é possível fazer testes clínicos, nem exames de imagem, por exemplo, mas podemos conversar, orientar, prescrever e ajustar tratamentos.”.
Para acompanhar as pacientes com endometriose não há necessidade expressa do exame físico. Os exames, quando necessários, exigirão o deslocamento da paciente até a clínica de imagem, mas mesmo nesse cenário o nível de exposição será menor.
O tratamento para eliminar de vez os focos de endometriose é cirúrgico, mas sua indicação vai depender de uma avaliação minuciosa com uma boa anamnese, exame físico e exames de imagem. Porém, se o objetivo é aliviar sintomas como as terríveis cólicas, uma alimentação balanceada, evitando-se alimentos inflamatórios e atividade física regular, podem ter efeito muito benéfico e propiciar o controle da sintomatologia, sem a necessidade de uma abordagem mais invasiva como a abordagem cirúrgica.