A data de 21 de outubro vai entrar para o calendário de Florianópolis como Dia Municipal da Rendeira. A lei que institui a homenagem será sancionada pelo prefeito em exercício, João Batista Nunes, hoje (21/10), às 18 horas, no Espaço Cultural Martinho de Haro, da Câmara de Vereadores. Para comemorar a data, rendeiras de várias comunidades da Ilha de Santa Catarina estarão no local produzindo e expondo esse artesanato típico da cultura açoriana. A promoção é da Prefeitura da Capital, por meio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), em parceria com a Casa dos Açores e Câmara de Vereadores.
A lei que institui o Dia Municipal da Rendeira é originária de um projeto de lei do vereador Edinon Manoel da Rosa (PSB). O objetivo da iniciativa é valorizar e promover o artesanato da renda de bilros e a mulher rendeira, que exerce uma atividade típica do litoral catarinense, com raízes na cultura açoriana. A data também recorda 21 de outubro de 1747, quando os primeiros açorianos (473 pessoas) partiram do porto de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira rumo a Santa Catarina. Durante a viagem nas galeras “Jesus, Maria e José” e “Sant’Ana e Senhor do Bonfim”, 12 pessoas morreram. O grupo aportou na Baía Norte da Ilha de Santa Catarina em 6 de janeiro de 1748.
Arte para preservar
A renda de bilro veio para o Brasil através dos açorianos, oriundos especialmente do arquipélago dos Açores. A atividade servia como complemento ao orçamento familiar e também como motivo para confraternização. As mães ensinavam as filhas e esse saber passava de geração a geração. Nas casas eram comuns as reuniões com mães, filhas, avós e tias, produzindo juntas diferentes peças de renda de bilro para vender ou trocar no mercado da cidade por produtos de necessidade básica. Nesses encontros familiares, as mulheres cantavam versos de improviso – cantoria que ficou conhecida como ratoeira.
Entre as rendas mais conhecidas produzidas no município estão a “Maria Morena”, que se caracteriza por pontos em formas de pastilhinhas no lugar da perna cheia. É um artesanato muito comum no Ribeirão da Ilha e no Campeche. Mas a renda típica de Santa Catarina é a “Tramóia”, ou renda de sete pares, que é comum entre as artesãs do Ribeirão da Ilha e Lagoa da Conceição.
Através das oficinas ministradas no Centro Cultural Bento Silvério, unidade da FCFFC, o conhecimento dos pontos de renda, e em especial da renda de tramóia que normalmente não era passado de mãe para filha, está sendo preservado. Nos trabalhos de grupo as rendeiras pesquisam novos piques (moldes) para resgatar a cultura local e promover a troca de conhecimento.
Serviço
O Quê: Sanção da Lei que cria o Dia Municipal da Rendeira
Exposição de diferentes trabalhos em renda
Quando: quarta-feira (21/10) – 18h
Onde: Espaço Cultural Martinho de Haro
Câmara de Vereadores de Florianópolis
Rua Anita Garibaldi, 35 – Centro
Quanto: gratuito