A jornalista Alanna Kern, que produziu reportagens especiais para o DeOlhoNaIlha em 2012 e hoje mantém o blog CulturanaMochila, sobre sua experiência de morar em Dublin, na Irlanda, escreveu um texto sobre a manifestação que brasileiros fizeram neste domingo, 16, na capital irlandesa em apoio às manifestações que estão ocorrendo no Brasil. Publicada originalmente no blog, a matéria é reproduzida na íntegra abaixo, com autorização de Alanna:
#GIGANTEACORDOU: BRASILEIROS QUE ESTÃO EM DUBLIN TAMBÉM SAÍRAM DO FACEBOOK
Era mais um dos raros dias de sol em Dublin. Dia de passeio? De ir no parque? Não! Para os brasileiros que moram na Irlanda, era dia de sair do Facebook e ir protestar. Segundo informações da organização, cerca de 2mil pessoas estiverem presentes em dos pontos turísticos mais famosos da cidade, o Spire of Dublin, para dizer não à violência e corrupção em nossa pátria amada.
Os cartazes com dizeres como “Fizeram do Brasil uma salada, mas proibiram o vinagre”, “Verás que um filho teu não foge à luta” e “Moramos fora do Brasil, mas nos importamos”, estavam sendo usados pelos brasileiros.
E, mesmo assim, muitos irlandeses pensaram que aquilo era mais um ato de paixão ao futebol brasileiro. Mas era um ato de paixão ao Brasil.
Entre os estrangeiros que sabiam o que realmente estava acontecendo ali, as opiniões eram divididas. Enquanto uns apoiavam, outros achavam aquilo uma besteira. Mas, o que importava mesmo, era mostrar que nem só de futebol vive nosso país.
A prova disso foram as discussões durante o protesto.
“Nós somos condicionados a aceitar tudo que a grande mídia fala. Mas, agora com a internet e as redes sociais, podemos saber o que realmente está acontecendo lá no Brasil. E, se não fosse isso, hoje não estaríamos aqui. Mesmo fora do Brasil, nossa família e amigos continuam lá. Temos que lutar pelos direitos de todos nós”, conta Henrique, que é de Fortaleza, em uma roda de brasileiros que discutiam sobre a política brasileira.
Além de aceitar o que a grande mídia fala, outra frase dita para conformar o brasileiro a não lutar pelos seus direitos é “Cada um tem o político que merece”. Porém, Luciana, que é de Campinas, São Paulo, não concorda com isso.
“Dizer que cada um tem o político que merece é o jeito mais fácil de calar alguém. Se eu votei, depois não posso cobrar meus direitos? O Brasil vive uma pseudo-democracia onde o cidadão não tem sequer o direito de protestar, senão leva borrachada”, complementou ela.
E, após duas horas de protesto com apoio total da Garda Irlandesa, os brasileiros puderam voltar para casa com a sensação de dever cumprido e a esperança de que esse ato inspire também outros brasileiros espalhados pelo mundo.