Uma matéria do Jornal do Brasil publicada na ultima sexta-feira, 2, destacou a crítica do vice-prefeito e secretário de Transportes, Mobilidade e Terminais de Florianópolis, João Batista Nunes, com relação a redução do IPI sobre carros,feita durante a realização do 17° Congresso Brasileiro de Transporte e Transito, em Curitiba. João Batista disse que a redução do IPI foi como uma “facada” na luta dos prefeitos que procuram dar sustentabilidade às cidades que administram. Para o vice-prefeito custo que as cidades irão pagar devido a medida será imenso, não apenas na questão do caos no trânsito, mas também em termos ambientais, por causa da poluição.
O secretário de Transportes da Capital catarinense também falou sobre a importância de integrar a bicicleta como modal de transporte e criticou a cultura brasileira de ver o carro como símbolo absoluto de status. “É preciso mudar esta cultura. Aqui no Brasil, o filho passa na faculdade e o pai vai logo comprando um carro para ele,” disse na matéria do JB.
Confira a baixo a íntegra da matéria do Jornal do Brasil
Autoridades do setor de transportes criticam redução de IPI
André Balocco, Jornal do Brasil
CURITIBA – A redução no IPI, que terminou no dia 1º e, segundo especialistas, ajudou a crise econômica mundial a passar pelo Brasil como uma “marolinha”, recebeu uma série de críticas de algumas das autoridades presentes ao 17° Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, que termina hoje em Curitiba.
Em meio às discussões sobre como viabilizar o uso do transporte coletivo em detrimento do individual, que resulta em poluição ambiental e estresse por causa dos engarrafamentos, sobrou para a indústria automobilística. Segundo os críticos, a lógica aponta que, quanto menos carros em circulação e mais ônibus, haverá menos luta pelo espaço nas vias públicas e o trânsito fluirá melhor.
O vice-presidente da Associação Nacional de Transportes (ANT), Cláudio Frederico, lamentou a medida que, de acordo com sua linha de raciocínio, beneficiou um pequeno número de trabalhadores em detrimento dos que vivem no transporte público em todo o Brasil – cerca de meio milhão de pessoas, segundo seus estudos.
– E por que esta redução do IPI não foi para caminhões ou ônibus, por exemplo? É preciso acabar com o mito de que a indústria automobilística sustenta este país. Existem inúmeros outros setores que poderiam ter sido beneficiados – criticou Frederico, ex-presidente do Metrô do Rio.
Para ele, as grandes cidades estão se tornando inviáveis por conta das dificuldades de se fazer o trânsito fluir, devido à falta de políticas públicas que resultem em integração dos diversos modais e facilidades para o transporte público.
– Fui contra a redução do IPI e continuo sendo contra – afirmou.
Outro feroz crítico da medida foi o vice-prefeito de Florianópolis, JOÃO BATISTA NUNES, que também é secretário de Transportes da capital de Santa Catarina. Nunes disse que a redução do IPI foi como uma “facada” na luta dos prefeitos que procuram dar sustentabilidade às cidades que administram.
– O custo que as cidades irão pagar por esta redução no IPI será imenso. E em curto espaço de tempo. E não será apenas na questão do caos no trânsito, mas também em termos ambientais, por causa da poluição. Hoje, está muito fácil comprar carro no Brasil – lamentou.
Nunes falou sobre a importância de integrar a bicicleta como modal de transporte e criticou a cultura brasileira de ver o carro como símbolo absoluto de status.
– É preciso mudar esta cultura. Aqui no Brasil, o filho passa na faculdade e o pai vai logo comprando um carro para ele.
Marcos Isfer, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), empresa que administra o elogiado sistema de transporte da capital paranaense, também criticou a medida. Isfer argumentou que o sistema da capital só não é melhor devido à insistência do curitibano em usar o carro, apesar da oferta e da excelência do serviço de ônibus. O último levantamento aponta 1,1 milhão de carros na cidade, que tem 1,8 milhão de habitantes – incluindo idosos e pessoas que não têm habilitação.
– Esta cultura do americanismo, de valorizar o carro, tem que mudar. Ela prejudica o transporte público e traz diversos malefícios ao bem-estar comum – disse.