Três artesãs da Associação das Rendeiras de Morros da Mariana (ARMM), da cidade de Ilha Grande, no Piauí, estarão no Centro Cultural Bento Silvério (Casarão da Lagoa), na Lagoa da Conceição, dias 6 e 7 de abril, das 13h00 às 18h00, para um encontro com rendeiras da Ilha de Santa Catarina. A iniciativa, que tem apoio da Prefeitura Municipal por meio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), integra as ações do projeto Cultura e Renda: Preservação e Difusão da Renda de Bilro, patrocinado pela Petrobras, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (MinC).
Coordenado pela produtora cultural Silvia Sasaoka, pela museóloga Giselle Peixe e pela fotógrafa Zaida Siqueira, de São Paulo, o objetivo é proporcionar intercâmbio entre mulheres de lugares tão distintos, mas que exercem o mesmo ofício, bastante presente pelo litoral brasileiro. As rendeiras da Capital catarinense podem participar gratuitamente do evento, onde assistirão à apresentação do projeto, projeção de imagens, ouvirão depoimentos das colegas piauienses e com elas trocarão saberes, amostras de rendas, registro de nomes, de pontos, demonstração de técnicas, etc.
As rendeiras Maria do Socorro Reis Galeno, presidente da ARMM, Maria do Socorro Freitas Santos e Edinalva Alves Silva virão direto da primeira edição desta experiência, ocorrida em Fortaleza, acompanhadas das coordenadoras do projeto e também do videomaker Victor Menezes, que registram todo o trabalho e entrevistam as rendeiras locais para a realização de um DVD de divulgação. Todo material coletado irá para o acervo da associação, onde está se iniciando o museu/centro de referência da renda.
Os visitantes também irão ao Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para conhecer a rica coleção de rendas organizada pelo professor e folclorista Doralécio Soares, bem como os arredores da Lagoa da Conceição, onde está a maior concentração de rendeiras na região.
Sobre o projeto
No final de 2005, Silvia e Giselle se reuniram para criar o projeto Cultura e Renda: Preservação e Difusão da Renda de Bilro. Juntamente com Zaida, o inscreveram no edital de 2005/2006 da Petrobras para projetos culturais e no Ministério da Cultura/Secretaria e Fomento à Cultura (Lei Rouanet). Ambos aprovados em 5 de abril de 2007 e iniciaram em maio de 2008.
Sua criação se deu a partir da solicitação das rendeiras do Morro da Mariana para a realização de um antigo sonho: a ampliação do repertório de técnicas de renda de bilro e de seu espaço de trabalho. O grupo mantinha proximidade e contato com Silvia por causa de projetos anteriores realizados com estudantes de design da Holanda, em 2002, e no projeto Moda e Artesanato, que teve a participação do estilista Walter Rodrigues, em 2001.
Neste projeto, Giselle Marques Leite trabalhou como museóloga, desenvolvendo metodologia com materiais diversos e ilustrativos, adequando linguagem escrita e oral de oficinas específicas para a associação.
Associativismo
Situada na Ilha Grande de Santa Isabel, com cerca de nove mil habitantes, no delta do Rio Parnaíba, a 350 quilômetros de Teresina, a comunidade bicentenária de Morros da Mariana tem sua atividade econômica centrada na pesca, na cata do caranguejo e na confecção da renda de bilro. Região de belas paisagens naturais com a presença de praias, dunas e manguezais, faz parte do Roteiro Turístico Integrado Piauí, Ceará e Maranhão.
Fundada em 1993, a ARMM congrega cerca de 120 rendeiras que, reunidas sob regime de associativismo, alcançaram a melhoria das condições de trabalho, maior produtividade e renda. Enfrentando dificuldades no princípio, a produção da associação ganhou repercussão em todo o País e no exterior, por intermédio de ações que inovaram o design das rendas e as introduziram no mundo fashion e da alta costura.
