A prevenção, feita principalmente pelo combate ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool, ainda é a medida mais importante contra o câncer de cabeça e pescoço. Mas a atenção aos sinais que indicam o surgimento da doença também é essencial para antecipar o diagnóstico de novos casos, melhorar as chances de cura e diminuir o impacto do tratamento sobre a vida dos pacientes. Justamente por isso, diversos profissionais da área de saúde – otorrinolaringologistas, dentistas, nutricionistas, fonoaudiólogos, entre outros – devem ser alertados para sintomas que podem indicar a presença de um tumor na região.
Feridas na boca que não cicatrizam. Dor ou dificuldade para deglutir. Rouquidão persistente. Sangramentos orais. Nódulos no pescoço. Manchas brancas na cavidade oral. Sintomas como esses, associados à análise de histórico do paciente, podem ser vistos como alerta para uma investigação mais detalhada sobre o câncer de cabeça e pescoço (denominação que abrange tumores da cavidade oral, laringe, e tireóide). No ano, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) o Brasil deve registrar 43 mil novos casos da doença.
“A detecção precoce da doença é um dos fatores importantes, ainda que não seja o único, para o sucesso do tratamento”, diz o cirurgião Rafael Klee de Vasconcellos. “E muitas vezes os sinais podem ser percebidos com maior antecedência justamente por profissionais que atuam em outras especialidades, como os cirurgiões dentistas ou os fonoaudiólogos”, acrescenta. Diretor técnico do Hospital Baía Sul, Vasconcellos é um dos responsáveis pela segunda edição do Seminário Baía Sul de Câncer de Cabeça e Pescoço, evento que ocorre hoje (25/07) e terá como um dos pontos de discussão a atenção multidisciplinar ao problema. O seminário terá a participação também do Dr Gilberto Vaz Teixeira, que é cirurgião de cabeça e pescoço e um dos coordenadores da campanha Julho Verde.
Quando detectados no estágio inicial, cânceres na cavidade oral podem apresentar índice de cura bastante satisfatório. A corrida contra o tempo é importante também para evitar que a doença avance para tecidos próximos (músculos da face, ossos e sistema linfático), o que torna o tratamento mais agressivo e impacta nas chances de sucesso. “Infelizmente ainda há muitos casos nos quais o paciente busca o tratamento quando há lesões bastante avançadas”, diz Vasconcellos.
O trabalho de diferentes profissionais é essencial também para a recuperação dos pacientes submetidos a tratamento cirúrgico, de radioterapia ou com uso de quimioterapia. Nutricionistas, cirurgiões dentistas e fonoaudiólogos costumam fazer parte da equipe responsável por acompanhar a recuperação para garantir melhor qualidade de vida aos pacientes.