A Casa da Alfândega, famoso ponto de exposição, comércio e valorização do artesanato de qualidade produzido em Santa Catarina, reabre suas portas nesta quarta-feira (17), às 18h30. Localizada no Centro de Florianópolis e
fechada desde o início de novembro para restauração do reboco interno e reestruturação do ambiente, ela volta a receber o público totalmente reformulada. Entre as novidades traçadas pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), mantenedora do espaço, estão a qualificação do artesanato vendido no local, com a criação de um selo de qualidade, e a venda por meio de cartões de crédito e débito.
Com mobiliário novo e comunicação visual repaginada – aventais, sacolas de papel ao invés de plástico, embrulhos com a marca da casa e uniformes para os funcionários -, a Casa da Alfândega passará a ser conhecida como Centro
da Cultura Popular Catarinense. No local, o artesanato catarinense, mapeado ao longo do ano pela Diretoria de Patrimônio da FCC, estará em permanente exposição, desde a herança açoriana, presente nas rendas e nos crivos, até a arte vinda da Região Serrana e do Vale do Itajaí. O espaço também terá apelo turístico, com venda de cartões-postais e souvenires, além de sistema de ar-condicionado.
“A nossa intenção é ter um espaço digno para valorizar a produção dos artesãos de nosso Estado”, afirma a administradora da Casa da Alfândega, Luca Polli. Outra novidade é a qualificação do artesanato oferecido: os
produtos passarão por uma curadoria, formada por especialistas vindos de entidades como a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), associações de artesãos
profissionais e a própria FCC. Cada peça será vendida com um selo de qualidade que ajudará a tornar o artesanato catarinense conhecido mundialmente. A partir de 2009 serão oferecidas oficinas para os artesãos, buscando a melhora da arte e da técnica dos profissionais. “Não queremos interferir na criação”, salienta Luca.
Depois de pedidos do público – uma média de 15 mil visitantes por mês, 40 mil durante a alta temporada -, será possível, no novo espaço, comprar com cartões de crédito e débito. Os cerca de mil produtos de artesanato
vendidos no local custarão entre R$ 3,00 e R$ 2 mil. O espaço físico, localizado no térreo, será divido em três partes. A primeira será o local onde as peças de artesanato ficarão expostas. A Integração do Saber Popular, na parte central, será um local pra mostras gastronômicas das regiões catarinenses, palestras e troca de saberes. No terceiro ambiente serão oferecidas as oficinas de qualificação do artesanato. “Acredito ser esse um importante passo para a valorização da cultura popular catarinense”, destaca a presidente da FCC, Anita Pires.
Tombado – O “Prédio da Alfândega” foi inaugurado em 1876, no aniversário da Princesa Isabel, Regente do Império. Quase um século depois, em 10 de março de 1975, foi tombado como monumento nacional pelo Governo Federal.
Atualmente o edifício pertence à União, que cedeu ao Estado de Santa Catarina o seu uso para fins culturais, mediante contrato de Cessão Gratuita firmado em 17 de setembro de 1976. Hoje ali funcionam, além da Galeria de Artesanato da Casa da Alfândega, no térreo, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/SC), no piso superior, a Associação Catarinense de Artistas Plásticos (Acap), também no térreo.
É na área atualmente ocupada pela Acap que deverão funcionar as oficinas de qualificação do artesanato catarinense, atendendo a demanda das dezenas de artesãos oriundos das diferentes regiões do Estado. O espaço foi cedido pelo Estado para a Associação por um período de dez anos, através de Decreto datado de 29 de julho de 1998. Independentemente do prazo já estar expirado, a União entendeu que a presença dos artistas plásticos naquele espaço feriu o contrato de cessão com o Estado, e determinou que a área ocupada pela Acap fosse desocupada, sob pena do Estado ter sua cessão de uso revertida à União, não mais podendo usufruir do mesmo. A presença da Acap naquele espaço também foi questionada pelo Ministério Público, que apontou que a presença da associação ali fere diversos preceitos legais, entre eles o artigo 5 da Constituição da República, que estabelece o
princípio da isonomia ao dispor que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Assim que o espaço for desocupado, a FCC iniciará a adequação do mesmo para a realização permanente das oficinas de
qualificação.
A Casa da Alfândega funciona de segunda a sexta, das 9h às 19h, e nos sábados, das 9h às 12h. A entrada é gratuita.