Será lançada na noite desta quarta-feira,7, às19h, a publicação ‘’¿Hay em Portugués? número dois’’, mostrando textos significativos para a arte contemporânea que não foram traduzidos, publicados, reeditados ou veiculados no Brasil. Na mesma noite ocorre a abertura da exposição de fotografias e vídeos MEKARÕ : Imagens em Diálogo. O evento ocorre na Fundação Cultural Badesc e a entrada é gratuita.
Nesta terceira edição da revista, o foco está nos documentos de performance, sobretudo performances latino-americanas. Entre os textos traduzidos estão presentes a correspondência inédita entre os artistas performáticos Alex Hamburger e Ricardo Basbaum e a autora e crítica RoseLee Goldberg, e um inventário listando performances ocorridas nas últimas décadas na América Latina.
Além deles, a publicação traz a tradução de dois textos de referência para os estudos de performance: A performatividade dos documentos de Performance, de Philip Auslander e, Sobre performance (e outras complicações) de Jens Hoffmann e Joan Jonas.
¿Hay em Portugués? número dois é uma produção da disciplina Performance ministrada por Regina Melim, no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais, na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Participaram deste número Adriana Barreto, Bil Lühmann, Cristina de Oliveira Cardoso, Daniela Souto, Letícia Cobra Lima, Maria Simonetti, Marta Facco, Michele Schiocchet, Milene Duenha, Oscar Chica e Vanessa Schultz, e contribuições de Alex Hamburger, Daniela Mattos, Fabio Morais, Paulo Reis e Ricardo Basbaum.
MEKARÕ : Imagens em Diálogo
Em 2010, a fotógrafa Carol Matias visitou pela primeira vez o povo indígena Krahô, que vive ao norte do estado do Tocantins. Pertencentes ao tronco Jê, uma das principais raízes linguísticas dos índios brasileiros, os Krahô são um dos povos Timbira. "Mais do que a exuberância dos rituais, a forma como eles usavam a tecnologia audiovisual a favor da resistência cultural motivou o projeto", explica Carol.
Os Krahô tem um grupo de produção audiovisual, os guardiões da cultura: Mentuwajê. Os jovens mentuwajê registram desde festas rituais até atividades cotidianas na investigação vídeo e fotográfica. Depois de presenciar essa produção, Carol voltou duas vezes à aldeia, e a exposição Mehin | Mekarõ foi resultado desta convivência.
"Entre os krahô, existe uma palavra que evoca desde sombra e reflexo, até a alma da pessoa e a imagem que prevalece após a morte; a mesma palavra é usada para se referir ao registro fotográfico e audiovisual: MEKARÕ". A amplitude deste conceito serviu como motivação para realizar a série de fotografias noturnas. A série fotográfica está conjugada aos vídeos dos jovens indígenas na vídeo-instalação que chega à Florianópolis, por meio do edital TROCAS CONTEMPORÂNEAS – Interações Artísticas Regionais, realização do Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 9ª Edição.
O diferencial do projeto está na posse, compartilhada, da autoria: além da vídeo-instalação Mekarõ, uma série de autorretratos integra o projeto: são as fotografias Mehin (na língua krahô, minha carne, meu povo). "O projeto propõe formas de documentário mais dialógicas, mais efetivas", explica Carol. Resultado do trabalho de conclusão do curso de audiovisual na Universidade de Brasília, sob a orientação da fotógrafa e professora Susana Dobal, a exposição já esteve em março em Brasília, na Galeria Ponto.