Evento busca resgatar a origem do sapateado nas comunidades negras e fomentar o debate para a promoção da equidade, em especial contra o racismo
O 12° Floripa Tap, de 19 a 23 de abril, abre espaço para uma grande programação voltada ao debate sobre a igualdade, com ênfase na questão racial, seja por intermédio de espetáculos ou rodadas de conversas com especialistas no tema. O festival internacional de sapateado conta com 17 eventos gratuitos ao público e parte da programação aborda a questão, além da equidade de etnias, gênero, justiça, orientação sexual, idade, capacidade física e origem social.
A diretora do festival, Marina Coura, lembra que o sapateado, originalmente, tem sua identidade cultural essencialmente ligada à raça negra, com origem nos Estados Unidos. “É uma arte afro diaspórica e, por isso, proporcionar espaços para debates a respeito do racismo e igualdade é essencial para provocar questionamentos sobre o papel de cada indivíduo nesse sistema social, que muitas vezes opera na continuidade das apropriações, apagamentos e destituição das culturas afro diaspóricas e suas características”, explica a sapateadora. “Entendo que ensinar sapateado vai além de aprender técnicas e movimentos. É provocar reflexões sociais nas pessoas por meio da dança”, complementa.
O espaço dado para o tema no Floripa Tap não é aleatório: faz parte dos estudos da diretora do festival, que já palestrou em eventos sobre o papel dos brancos na luta antirracista. Um dos espaços concedidos ao tema no evento será o debate “Dança em diáspora: colonialidade e branquitude”, que terá duas edições abertas ao público (confira os locais e datas abaixo).
Os debatedores incluem, além da diretora do festival, Lia Vainer, docente no Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFSC e com diversos trabalhos de pesquisa em temas sobre racismo, Ana Gori, mestranda na Universidade Federal da Bahia com pesquisa em danças afro referenciadas e conexões com o tap dance, o sapateador carioca Hugo Oliveira, nativo do Morro da Providência e doutorando em Comunicação Social com tema sobre ressignificação social da favela, Cauane Maia, doutoranda em Antropologia Social, que pesquisa identidades negras em territórios de colonização açoriana, relações étnico-raciais e gênero na perspectiva interseccional, e Lucas Santana, natural de Pernambuco, que começou estudar tap dance aos 8 anos e trata do tema em seu trabalho.
Espetáculos com reflexões sobre racismo e igualdade
O Floripa Tap também trará grandes companhias de dança que apresentam reflexões importantes sobre racismo e a cultura negra, empoderamento feminino e equidade em diversas camadas da sociedade. Uma das atrações é a primeira companhia tap formada por elenco 100% de pessoas negras, a Black’s On Tap, dirigida pela tap dancer e pesquisadora em danças afro Ana Gori, e que reúne profissionais de Salvador (BA), Campinas (SP) e São Paulo.
As apresentações musicais contam ainda com apresentações de sapateado, e Dandara e a Black’s On Tap também se apresentam na tradicional Noite de Gala do festival, que reúne sapateadores convidados de fora do Brasil, nacionais e companhias de dança com destaque. Será no dia 22 de abril, a partir das 20h30, no Centro Integrado de Cultura (CIC). Os ingressos para a Noite de Gala estão à venda no site Blueticket, com 20% de desconto pelo Clube NSC. A programação completa do evento pode ser acessada no site floripatap.com.br.
PROGRAMAÇÃO TEMÁTICA
DEBATES
> “Dança em diáspora: colonialidade e branquitude”, nos dias:
19 de abril, quarta-feira, às 11h na Casa São José (gratuito, vagas limitadas)
21 de abril, sexta-feira, às 17h30, no Sesc Cacupé (gratuito, vagas limitadas)
ESPETÁCULOS
> “Tap, a História”, da companhia Black’s On Tap
20 de abril, quinta-feira, às 20h30 no Boulevard 14/32 do Floripa Airport (gratuito)
> “Se não agora, quando?”, da companhia Trupe Toe
20 de abril, quinta-feira, às 21h, no Boulevard 14/32, Floripa Airport (gratuito)
> Roda de Choro Mulheril
21 de abril, sexta-feira, às 19h, no Boulevard 14/32, Floripa Airport (gratuito)
> Show com Dandara Manoela
21 de abril, sexta-feira, às 21h, no Boulevard 14/32, Floripa Airport (gratuito)
> Noite de Gala
22 de abril, sábado, às 20h30, no Centro Integrado de Cultura (CIC)
PROGRAMAÇÃO COMPLETA E INSCRIÇÕES: floripatap.com.br