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Florianópolis, 24 novembro 2024
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Feira Sustentável encerra com previsão de segunda edição em 2010

EventosFeira Sustentável encerra com previsão de segunda edição em 2010
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Evento contou com 250 expositores e recebeu mais de 5.000 visitantes.

Encerrou neste domingo, 02/11, em Florianópolis, a primeira edição da Feira Sustentável 2009, iniciativa inédita de vários órgãos públicos e instituições da sociedade civil organizada para dar visibilidade ao que é produzido em todo o Estado pelas comunidades da agricultura familiar, da pesca, assentados da Reforma Agrária.

Cerca de cinco mil pessoas passaram pelo Centrosul durante os três dias da Feira, que contou com 250 expositores que, na maioria, vendeu em média de 30 a 50% do que trouxeram de suas cidades. O movimento foi considerado aquém das expectativas para as vendas, mas a troca de informações, os seminários e a integração entre os grupos foram fatores considerados importantes pelos participantes.

Produtos

Estavam à venda salames, queijos, frutas, verduras e cereais produzidos de maneira orgânica, além de artesanato, plantas, roupas, acessórios, livros, enfim, uma variedade de produtos que revela a força da economia das pequenas propriedades e comunidades de todas as regiões do Estado, que trabalham para tornar a produção cada vez mais sustentável em relação à preservação ambiental e também em relação à gestão dos recursos de maneira geral.

Foram realizadas várias apresentações artísticas, com grupos vindos de várias regiões do Estado. Na sexta, dia 30, a Feira trouxe o cantor e compositor Almir Sater para um show gratuito.

Agricultura Familiar

Os assentados da Reforma Agrária, organizados em cooperativas, trouxeram seus produtos e o destaque ficou por conta da marca Terra Viva, mais reconhecida pela produção de leite. São 500 mil litros de leite captados diariamente e transformados em leite longa vida, creme de leite, iogurtes e o recém-lançado achocolatado Terrinha, sucesso entre as crianças que passaram pela Feira. Mas a marca também está nas conservas, no feijão orgânico produzido em Fraiburgo e muito mais.

Segundo os dados das federações que congregam os trabalhadores da agricultura familiar (Fetraf-Sul e Fetaesc), 1,5 milhão de catarinenses se alimentam com os produtos vindos dessas propriedades. “A Feira teve como objetivo mostrar aos que moram na cidade como é o dia-a-dia desses produtores e revelar a qualidade do que é produzido no interior. As dificuldades e as inovações caminham lado a lado e esse debate também esteve no evento através dos seminários realizados”, destacou Jurandi Gugel, delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Santa Catarina.

Produzir alimentos em pequena escala, sem uso de agrotóxico e maquinários pesados, é a principal fonte de renda da família catarinense do campo. Mais de 90% dos estabelecimentos agrícolas do estado trabalham na agricultura familiar e representam 70% do Valor Bruto da Produção Agropecuária. As políticas públicas para o setor, como assistência técnica, extensão rural e acesso a serviços de transporte, internet e sistema bancário, foram discutidas no evento. Entre as propostas trazidas pelas instituições participantes, estava a de melhoria de gestão dos vários órgãos públicos, integrando as ações realizadas pelas esferas federal e estadual.

Economia Solidária

Produzir, comercializar ou trocar produtos através da autogestão, solidariedade e dignidade do ser humano é a base da Economia Solidária, uma prática que teve início nos movimentos populares e organizações de trabalhadores, e que permite a inclusão social e o desenvolvimento sustentável. A discussão em torno do tema durante a Feira Sustentável focou pela necessidade de maior atenção do poder público.

No Brasil, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES/MTE), representada no seminário pelo professor Valmor Schiochet, estima que existam 20 mil empreendimentos econômicos solidários (EES) neste setor, sendo 700 em Santa Catarina. O faturamento mensal nos empreendimentos pode chegar a R$100 mil, mas a SENAES estima que a maior parte dos empreendimentos ganham até R$5 mil. A criação de EES é uma alternativa ao desemprego em 46% dos casos, ou, algumas vezes, como forma do produtor obter acesso ao crédito (25%), segundo a Secretaria.

Sustentabilidade

Em todos os setores os conceitos de sustentabilidade estiveram em debate e houve uma troca de experiências entre os participantes. A exposição de empreendimentos e projetos de energia renovável mostrou como é possível gerar energia solar com baixo custo, assim como os outros tipos da chamada geração limpa, como a eólica e o biogás.

Patrocínio

O evento foi realizado com patrocínio do Incra, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Pesca e Aquicultura, Ministério da Cultura, Banco do Brasil, Tractebel, IPHAN, Sebrae e Itaipu Binacional.

Apoio

Epagri, Cepagro, Eletrosul, Instituto Ideal, Instituto Primeiro Plano, Via Campesina, Fetraf-Sul, Fetaesc, Instituto Catarinense de Desenvolvimento Social, Instituto Marista de Solidariedade, Movimento de Mulheres Camponesas, Fórum Brasileiro e Fórum Catarinense de Economia Solidária, Projeto Nacional de Comercialização Solidária e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

por Sara Caprario