Dentro da programação da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex) da UFSC em homenagem ao naturalista Fritz Müller, prossegue até sábado no hall do Centro de Cultura e Eventos da universidade uma exposição do artista Mir Sestrem, cujas obras são feitas tendo excrementos de cupim como matéria-prima. A mostra “Um retrato de Fritz Müller” reúne quadros que reproduzem casarões onde o cientista residiu, em Florianópolis e Blumenau, e ícones dessas duas cidades, como a Casa Moellmann e o Teatro Carlos Gomes, no Vale, o Mercado Público, a ponte Hercílio Luz e casarios, na Capital. Há também imagens do naturalista em diferentes fases da vida. A realização é conjunta: Secretaria de Cultura e Arte da UFSC (SecArte) e Departamento de Microbiologia e parasitologia (MIP), do Centro de Ciências Biológicas (CCB).
“Recriei as primeiras casas onde Müller morou e a edificação onde se encontra o museu que leva o seu nome, em Blumenau”, diz Mir Sestrem. Em Florianópolis, uma das obras retrata a antiga Hospedaria do Imigrante, que depois foi transformada em portal turístico da cidade e hoje é sede da Guarda Municipal, próximo à cabeceira continental da ponte Pedro Ivo Campos. Consta que Fritz Müller, imigrante vindo da Alemanha, também passou um período na hospedaria antes de iniciar suas pesquisas na Ilha e depois no Vale do Itajaí.
A trajetória artística de Mir Sestrem começou de forma inusitada, como inusitado é o material que utiliza para confeccionar suas obras. Realizando um trabalho escolar no Dia da Árvore, ele tomou contato com a madeira e com os bichinhos que dela se alimentam. Dali para frente, foram anos de convívio com a mesma matéria-prima, e hoje ele cria seus próprios insetos. “As obras despertam grande curiosidade, porque existem 59 tonalidades de excrementos, 250 espécies de cupins, que pertencem a sete famílias e a três gêneros distintos”, afirma.
Único artista no mundo a fazer uso de excrementos e de cola, Sestrem chegou a expor no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1981, e dali para frente, graças ao apoio de críticos como Harry Laus e Vilson Nascimento e artistas como Juarez Machado, sua carreira deslanchou, completando três décadas este ano. Agora, como ocorreu em outras ocasiões, ele planeja itinerar pelo Estado com a mostra sobre Fritz Müller, ajudando a divulgar a obra do naturalista que foi amigo e trocou experiências com Charles Darwin, o criador da teoria da evolução das espécies.
Mais informações: Mir Sestrem: 48 9998-4999
Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom
Fotos: Paulo Noronha/ Agecom