No ano em que se comemora o 180º aniversário da imigração alemã em Santa Catarina, o fotógrafo Ingo Penz decide ir além da origem germânica e faz uma viagem pela diversidade étnica e cultural do Estado, para mostrar as faces de cada região, de acordo com as origens de cada povo que aqui se fixou. O resultado desta busca pode ser conferido na exposição itinerante “Presença dos Imigrantes em Santa Catarina” até o dia 29 de março, domingo, na Praça de Eventos do Shopping Itaguaçú, em São José. O acesso é gratuito.
Esta é a 17ª exposição de Ingo Penz, que fez duas mostras internacionais. Aprovado pelo Funcultural, através da lei de incentivo à cultura do governo do Estado, o projeto das etnias será apresentado em 10 cidades catarinenses. De São José, o acervo composto por 20 fotos-tela emolduradas, em tamanho 40X60cm, segue para Tubarão. Criciúma, Lages, Chapecó, Porto União, Xanxerê, Itajaí e Jaraguá integram o roteiro da exposição, com programação até junho.
O que são fotos-tela
Além do esforço para retratar as faces ainda não mostradas das colonizações mais expressivas do Estado, a exposição “Presença dos Imigrantes em Santa Catarina” se diferencia pelo formato. Ingo Penz aposta na foto-tela, técnica em que a fotografia em papel é prensada por 8 horas sobre a tela, até se incorporar a ela como se fosse uma pintura.
Adotada pelo fotógrafo desde 2003, a técnica de foto-tela valoriza ainda mais o trabalho do autor, ganhando status de arte decorativa. “É um novo enfoque da fotografia como arte”, ressalta Penz.
Imagens e palavras
No projeto “A Presença dos Imigrantes em Santa Catarina”, as imagens de Ingo Penz estão acompanhadas de versos escritos por quatro autores catarinenses. Rosa Maria Rupp, Regina Ballmann, Darciso Machry e Mano Terra aceitaram o desafio de traduzir em poemas, o instante mágico captado pelo fotógrafo. Mais do que conteúdo, os autores pensaram no conceito de cada foto e na estética da combinação de palavras e imagens.
A geografia humana
Descendentes de italianos, alemães, açorianos, portugueses, orientais, africanos e ucranianos, os índios guaranis, os caboclos e os gaúchos estiveram sob o foco de Ingo Penz, que buscou representar o cotidiano étnico e a geografia humana de cada grupo, em todas as regiões do Estado.
Como define o crítico de arte Vilson do Nascimento, Ingo Penz desenvolve neste trabalho, duas vertentes: a estética e a documental. A primeira ressalta a beleza paisagística, o cenário de cores e o tom silencioso e planícies e morros distantes. A segunda é de cunho histórico e revela um atento estudo analítico da rica e diversificada origem da gente catarinense.
Para o presidente da Confederação Brasileira de Fotografia Sidney Luis Saut, ao mesmo tempo que consegue tecer a fotografia mágica de flagrantes cotidianos, Ingo Penz empresta enorme realidade pessoal no seu trabalho, que se apresenta em rara beleza, rara paciência e rara expressividade sócio-histórico.