Na semana em que a primavera tem início no país, um plantio coletivo de mudas promovido pela Associação FloripAmanhã e parceiros pretende chamar a atenção para a importância da arborização da capital catarinense. O ato vai ocorrer ao longo da Rua Felipe Neves, 1601 (PC3), Jardim Atlântico, neste sábado, dia 25, às 9h – quatro dias após o Dia da Árvore e três dias após a chegada da primavera.
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A ideia é realizar o plantio de cerca de 100 mudas de árvores no canteiro central da via, ocupando cerca de 600 metros da PC3. Serão diferentes espécies, a maioria frutíferas – todas fornecidas pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram). No entorno de cada uma também será plantado um canteiro de flores. Todos os moradores da comunidade estão convidados para comparecer no local e plantar uma árvore.
O evento pretende não só embelezar a cidade, mas também chamar a atenção para a importância da criação de um Plano Diretor da Arborização. Segundo o vice-presidente da Associação FloripAmanhã, Salomão Mattos Sobrinho, é urgente estimular o plantio de mais verde pela cidade. “Muitos problemas que temos hoje podem ser eliminados com a arborização do ambiente urbano, o que também incentiva, indiretamente, a consciência pela proteção do meio ambiente”, explica.
Além disso, cidades mais arborizadas estão entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), formulado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e da qual a Associação FloripAmanhã é signatária. A entidade tem a parceria da prefeitura de Florianópolis, Floram, Secretaria Municipal do Continente, Conselho de Desenvolvimento do Continente (Codecon), Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e Arboran para a realização do plantio.
O que é o Plano de Arborização Urbana
O Plano de Arborização Urbana é um instrumento complementar ao Plano Diretor do município. É uma exigência do Estatuto das Cidades (Lei 10.257/2001) e da política urbana prevista pela Constituição Federal para regulamentar e planejar as áreas verdes urbanas dos municípios brasileiros.
Segundo o biólogo Paulo Augusto Garbugio da Silva, CEO da Arboran, o plano nada mais é do que um documento que reúne todas as diretrizes e cuidados que envolvem áreas verdes e florestas urbanas: como fazer essa arborização, quais são as melhores espécies para cada região e como manejar cada uma delas, por exemplo.
“Existe a árvore certa para o local certo e o ato de fazer o plantio de qualquer espécie em qualquer lugar pode gerar problemas e transtornos graves”, explica Silva.
Assim como acontece em diversos outros lugares, Florianópolis também sofre, hoje, com espécies exóticas invasoras, como o pinus e a casuarina, que, ao dominar o espaço, não deixam as espécies nativas se desenvolverem e acabam afetando toda a cadeia alimentar dos animais que habitam o local. “Um local verde não necessariamente é um local rico em fauna e flora e é isso que o plano procura equilibrar”, afirma Silva.
“Florianópolis está se tornando uma cidade cinza”, alerta biólogo
A ausência de árvores suficientes na capital catarinense é uma preocupação para a FloripAmanhã e também outras entidades. E isso é claramente perceptível nos meses de janeiro. Quem caminha pelo calçadão da Rua Felipe Schmidt em janeiro, por exemplo, sente o calor que brota do chão e se acumula no ar, entre os prédios. Ao entrar na Praça XV, no entanto, essa sensação desaparece.
De acordo com Silva, essa sensação de que a temperatura está se elevando cada vez mais é o que acontece quando os municípios deixam a arborização urbana em segundo plano. “Precisamos reverter essa situação o quanto antes. Florianópolis está se tornando uma cidade cinza. Estamos perdendo biodiversidade e já sentindo na pele as consequências dessa negligência, com verões cada vez mais quentes e eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes”, alerta.
No caso, o calor excessivo do verão fica armazenado no asfalto, nas calçadas e nas paredes dos edifícios e não consegue se dissipar nem no período da noite, que também é quente. É o que faz com que o calor vá se acumulando cada vez mais. Esse é o processo que dá início a uma ilha de calor, o que tende a piorar cada vez mais em uma grande escala. E o que pode amortecer essa ilha de calor é a arborização.
Na cidade de Maringá, no interior do Paraná, por exemplo, a ilha de calor é inversa: o centro da cidade é mais fresco do que nos bairros novos que estão surgindo. Isso acontece porque a região central da cidade é repleta de árvores de grande porte, que estão plantadas em meio a calçadas pensadas, planejadas e adaptadas para a arborização. A cobertura vegetal, portanto, amortece o calor. O contrário acontece nos bairros, cujas mudas foram recém plantadas.
A importância da arborização
“Pensar a arborização de nossa cidade é criar futuro de sustentabilidade, cuidado e conciliação entre preservação e desenvolvimento ordenado. A Fundação Municipal do Meio Ambiente – FLORAM e toda a Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMMA estão empenhadas pela melhoria ambiental do Município e agradecem pelas iniciativas voltadas à arborização local. A integração entre Poder Público, iniciativa privada e associações é fundamental!”
— Beatriz Campos Kowalski. Superintendente da FLORAM
“A arborização proporciona inúmeros benefícios, bem como reflete na saúde física e mental da população, além de influenciar na redução da poluição sonora e visual e auxiliar na conservação do ambiente, adição de cores ao cenário urbano com as flores, valorização dos imóveis próximos às áreas arborizadas. Desta forma, arborizar a região vai muito além de plantar árvores, criar áreas verdes de recreação pública e proteger áreas verdes particulares.Principalmente nos dias atuais devemos dar mais valor ao meio ambiente e ter consciência dos seus impactos nas nossas vidas. Pequenos gestos, mudanças no hábito diário e pouco a pouco vamos fazendo a diferença”.
— Guilherme Pereira, Secretário Municipal do Continente e Assuntos Metropolitanos.
“Eventos como o “Venha plantar uma Árvore: Floripa mais Arborizada” promovido pela Associação FloripAmanhã e empresas parceiras têm um papel indispensável para a criação do Plano Diretor da Arborização, uma vez que contribuem com a melhoria da qualidade de vida da população na capital catarinense e todo o seu entorno. Ações como esta são indispensáveis como forma de orientar os cidadãos e estimular a conscientização sobre a pegada de carbono. Assim como, o diálogo permanente entre todos os agentes envolvidos, dado que o nosso país tem realidades climáticas totalmente distintas. Não podemos esquecer que o evento não limita-se ao simples plantio de árvores, dado que é de fundamental importância que exista um bom planejamento para a adaptação das espécies arbóreas escolhidas e inseridas no espaço urbano, evitando assim, problemas e prejuízos envolvendo a rede elétrica, rede de água e a rede de esgoto, os passeios e obstáculos de circulação”.
— Marco Aurélio Alberton, presidente do SINDUSCON Grande Floriaópolis
“Este evento, onde plantaremos 100 mudas de arvores, é importante pois a arborização urbana racional e planejada ,através de um plano diretor, traz para nossa cidade benefícios na melhoria da qualidade ambiental, e por consequência ganhos em qualidade do ar, saude fisica e mental das pessoas bem como ajuda na diminuição da poluição do meio urbano”.
— Dalton Malucelli Jr., presidente do CODECON – Conselho de Desenvolvimento do Continente