A expectativa é reiniciar as aulas presenciais em Santa Catarina no próximo dia 3.
No Distrito Federal as escolas vão reabrir dia 27 próximo, e em alguns estados também já foram definidos prazos. Aliás, no mundo inteiro, a grande maioria dos países já retomou as aulas presenciais, inicialmente pelas creches e ensino infantil. Assim foi, por exemplo, em Cingapura, Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Bélgica, Reino Unido, San Martin e Curaçao. Na Holanda, a retomada foi do maternal até o 9º ano. E, na Sérvia, para os pais que precisam trabalhar e não têm com quem deixar os pequenos. E isso está acontecendo dessa forma, pois já restou comprovado, estatisticamente, e por estudos e pesquisas realizadas, que o novo coronavírus atinge proporcionalmente menos as crianças (abaixo dos 12 anos) do que outras faixas etárias e grupos de risco já identificados, até 3,5% dos infectados pela doença em todo o mundo. Isso é fato. Em um estudo publicado pela revista científica Lancet, em maio, que pesquisou a incidência do novo coronavírus em crianças, quatro morreram (0,69% da amostra de 582 indivíduos) e apenas 25 (4%) ainda estavam sintomáticos ou necessitando de suporte respiratório.
CUIDADO
Crianças e adolescentes não estão imunes à doença. Por isso, as escolas particulares de Santa Catarina trabalharam, via Federação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (FENEP), com técnicos, especialistas e médicos para elaborar um protocolo de exigências, de combate à propagação do novo coronavírus, medidas de higienização e segurança, além de ações educativas para impedir a disseminação do novo coronavírus.
A Associação Americana de Pediatria se manifestou sobre essa importante questão, afirmando que “embora muitas questões permaneçam, a preponderância de evidências indica que crianças e adolescentes têm menos probabilidade de serem sintomáticos e menos propensos a ter doença grave resultante da infecção por SARS-CoV-2. Além disso, é menos provável que as crianças sejam infectadas e espalhem a infecção.”
PRONTAS
No Brasil, o retorno das aulas presenciais em cada região depende de decisão dos governos locais. Em SC as escolas particulares estão prontas para reabrir, mas o mesmo não acontece, segundo o próprio governo, com as escolas governamentais (públicas). Fica a pergunta: se o segmento privado educacional está devidamente organizado e com protocolos seguros para o reinício, qual a razão científica pela qual até agora nada se decidiu a favor dos 450 mil alunos e suas famílias das 1.300 escolas particulares do Estado que já não sabem mais o que fazer diante dessa situação difícil? Por que permanecem fechadas?
Qual seria o critério técnico que para que esse universo continue a ser prejudicado pela pandemia e suas consequências? O próprio Conselho Nacional de Educação, em seu último parecer (CNE/CP 11/2020) aprovado por unanimidade, em 7 de julho, defende a volta da escola particular desatrelada da escola pública. “Atendida as condições de segurança, o setor privado pode voltar”, afirma a especialista em Educação, socióloga e conselheira Maria Helena Guimarães. “As escolas particulares estão investindo para que haja um retorno seguro, de forma gradual”. E com certeza as escolas estão investindo mesmo, para um retorno seguro, pois toda vida importa. Além disso, Maria Helena afirmou à imprensa que “há muitas escolas de educação infantil fechando e demitindo”. Ela também rechaçou o falso argumento levantando como bandeira, como ocorreu em São Paulo, do “aumento da desigualdade” se os alunos da escola particular voltassem antes. Para a conselheira do CNE essa desigualdade já existe há muito tempo, provocada por anos anteriores de descaso, e o que é necessário seria investir em medidas para melhorar o ensino público. Fica claro que não há nenhum parecer técnico, científico, lógico, capaz de sustentar esse viés de manter a escola particular fechada. Alunos são alunos em qualquer escola, seja ela qual for: pública ou particular.