A busca por ampliação de vendas, somada ao fit de mercado do continente, faz com que empresas brasileiras de tecnologia ensaiem abertura de operação própria fora do Brasil
A necessidade de empresas brasileiras pela internacionalização de seus negócios cresceu muito nos últimos anos. Segundo pesquisa da Agência Brasileira de promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), realizada com 229 empresas nacionais, os principais motivos para isso são: o aumento nas vendas, com 72,2% das respostas, a diversificação de riscos (65,3%) e a proteção em relação à suscetibilidade do mercado doméstico, citada por 61,3% dos respondentes.
O estudo identificou também que os países da América Latina representam grande parte do interesse de expansão das empresas brasileiras, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Quando questionados sobre os países de preferência para abertura de operação própria nos próximos três anos, a Colômbia foi apontada como destino de internacionalização de 23,4% das empresas, o México por 21,3%, a Argentina é o foco de 17,7% dos empreendedores e o Paraguai atrairia 14,9% dessas pessoas.
As soluções desenvolvidas em países latino-americanos têm maior fit com os mercados vizinhos, por conta das semelhanças econômicas, culturais e sociais. Antes de apostar em grandes players, como o mercado norte-americano ou europeu, algumas empresas brasileiras de TI estão expandindo para os países vizinhos. A medida visa conquistar um maior market share em economias que, assim como o Brasil, possuem muito espaço para a inserção de novas tecnologias e para soluções que otimizem operações.
Planos de internacionalização
Algumas empresas brasileiras de tecnologia já identificaram o potencial de países da América Latina para realização de negócios, considerando que a cultura e o comportamento no continente possuem semelhanças consideráveis, em alguns pontos, com o Brasil. Guilherme Coan, CSO na Involves, explica porque a empresa, que desenvolve soluções para gestão de trade marketing, escolheu o México para abrir sua primeira sede fora do Brasil, e agora se encaminha para a abertura de novo escritório na Colômbia, ainda em 2019. “O México apresenta uma grande oportunidade para as empresas brasileiras de TI. O país tem um mercado semelhante ao daqui, entretanto ainda não tão explorado. Percebemos que as dificuldades encontradas pelas indústrias de consumo massivo (CPG), quanto ao acompanhamento dos seus times de campo e o desempenho de suas categorias dentro dos pontos de venda, são as mesmas do Brasil, mas lá essas questões continuam sendo resolvidas de forma improvisada, sem o apoio de uma tecnologia. Isso demonstrou uma grande oportunidade para operarmos neste país”, explica Guilherme. A empresa tem sede na Cidade do México com quatro colaboradores fixos e pretende multiplicar esse número por dez até o fim de 2020.
Entre as empresas brasileiras de TI que levam seus feitos para o país vizinho está a Dígitro Tecnologia, de Florianópolis. A companhia, que desenvolve hardware e software para comunicação e inteligência em âmbito público e corporativo, está na ativa há mais de 40 anos e se reinventa continuamente, a fim de entregar inovação aos seus clientes. Para estabelecer uma ponte comercial com o Paraguai, a Dígitro apostou no modelo de canais de vendas, pelo qual oferece soluções de inteligência investigativa e legal, e para comunicação unificada. A prática também é adotada com parceiros de outros países da América Latina: Uruguai, Peru, Argentina e Colômbia. “Ter um parceiro internacional via canais de vendas é fundamental para entendermos a realidade empresarial de prospects e as particularidades de cada mercado, além de expandir a marca Dígitro”, ressalta Octávio Carradore, Diretor de Relações com Mercado da Dígitro.