Dos três depoentes que se apresentaram à CPI dos Radares na tarde desta quarta-feira, 8, apenas um colaborou com os vereadores membros da Comissão. Os outros dois, Jose D’agostini Neto e José Norberto D’agostin, sócios-proprietários da Focalle, empresa responsável pela manutenção dos radares em Florianópolis até dezembro de 2014, seguiram a orientação de seus advogados e mantiveram o silêncio.
Neivo Morais Junior, engenheiro da Focalle, que trabalha na empresa há quatro anos, único a responder os questionamentos da CPI, afirmou que, em relação ao contrato com a Prefeitura de Florianópolis, a empresa não recebeu nenhum pagamento desde o início dos trabalhos até hoje.
De acordo com Neivo, foi a partir da cobrança do pagamento que conheceu algumas pessoas do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), como o ex-gerente financeiro, Tiago Varela, indiciado pela Polícia Federal na Operação Ave de Rapina. “Como a gente não estava recebendo, eu ligava para o Tiago para cobrar”.
O engenheiro disse ainda desconhecer detalhes do contrato da Focalle com a Prefeitura de Florianópolis e não saber que a empresa pagava R$ 35 mil para uma empresa terceirizada realizar o serviço de manutenção dos semáforos. No caso, a terceirizada seria a HLI Astek, de propriedade de Carlos Henrique de Lima, conhecido como Baiano, que já depôs na CPI dos Radares.
Quanto às interceptações telefônicas em que Neivo Morais Junior aparece conversando com Júlio sobre um recebimento, o engenheiro enfatizou que o Júlio citado na gravação é Júlio Antônio Marcelo Bofa, proprietário de uma empresa em Rio Branco, Acre, com a qual a Focalle tem contrato. Para comprovar a afirmação, os advogados do depoente entregaram documentos com o contato do Júlio citado e da transação bancária com a empresa do Acre.
De acordo com nota entregue à imprensa, a empresa explica que a escolha dos depoentes em não responderem aos questionamentos é uma orientação dos advogados e que há um processo criminal em curso sobre os mesmos fatos, em que sequer foi apreciada a defesa preliminar.
Ainda segundo o documento, os empresários enfatizam sua inocência e destacam que a Focalle, seus sócios, administradores e funcionários jamais participaram de qualquer processo ilícito junto à Prefeitura Municipal de Florianópolis.
A CPI
A CPI dos Radares investiga as suspeitas de fraudes nos serviços de radares em Florianópolis.
O esquema de corrupção veio à tona por meio da Operação Ave de Rapina, deflagrado pela Polícia Federal, no dia 12 de novembro.