Integrante do Grupo de Enfermagem em Diabetes (GED) do HU-UFSC esclarece dúvidas sobre o tema
Dia 14 de novembro é a data dedicada à conscientização sobre a prevenção e controle do diabetes, criada com o objetivo de enfatizar característica epidêmica e o impacto social e econômico da doença. A cor azul foi escolhida representando as cores da ONU, lembrando que o diabetes está presente em todo o mundo.
No HU, a campanha é permanente, mas no mês de novembro são reforçadas as ações educativas sobre o tema, com divulgação de material informativo e alerta sobre os cuidados necessários para prevenir e tratar a doença. Dentro da campanha, a enfermeira Adnairdes Cabral de Sena, do Grupo de Enfermagem em Diabetes (GED) do HU-UFSC respondeu algumas perguntas sobre o tema:
1. O Diabetes é mais associado a pessoas mais velhas. Com saber se uma criança ou adolescente pode desenvolver diabetes?
Para o diagnóstico de diabetes, geralmente as pessoas procuram as instituições de saúde quando apresentam algum sinal – como tontura, pele fria e outros. Então, muitas vezes o diagnóstico depende destes sinais e dos exames. Chegando nas unidades é que se descobre, por exames laboratoriais ou exame de glicemia capilar. Diabetes é uma doença crônica, silenciosa – muitas vezes a pessoa tem diabetes e não sabe.
Não é verdade que é uma doença que acomete somente idosos. Depende do tipo de diabetes, pois os idosos geralmente desenvolvem o diabetes tipo 2, mas há outros casos e grupos de riscos. As gestantes, por exemplo, podem ser diagnosticadas no pré-natal com diabetes gestacional que pode ser uma fase por causa do desequilíbrio hormonal ou ela pode ser diagnosticada como uma pessoa com diabetes. Já o diabetes tipo 2 é observado mais em pessoas na faixa de 40 anos. Crianças e adolescentes também podem apresentar sinais, que são identificados quando a mãe leva num pediatra ou num clínico. Então, essa coisa de só aparecer em pessoas adultas não é assim não.
2. É verdade que o diabetes afeta o desempenho sexual?
Afeta o desempenho sexual sim, porque ocorrem, por exemplo, alterações vasculares e alterações sensitivas. Principalmente nos homens pode prejudicar a ereção. Mas tem todo um acompanhamento com esses pacientes, envolvendo inclusive a questão conjugal e tudo pode ser resolvido juntamente com a equipe multiprofissional.
3. Minhas taxas indicaram pré-diabetes. O que é isso?
Para se tratar diabetes é preciso fazer uma avaliação prévia e, num controle laboratorial, pode ser identificados indícios que a pessoa tem uma disfunção ou dificuldade de absorção da glicose ou de atuação da insulina, que é um hormônio responsável pela degradação da glicose. Então, dependendo do valor indicado nestes exames, ela pode ser diagnosticada com pré-diabetes e já começa a fazer um controle, que depende da conduta médica. Alguns já administram medicamentos. Geralmente, é feito um acompanhamento alimentar, com recomendação de atividades físicas e, dependendo do médico, administrado algum medicamento oral.
4. O grupo de combate ao diabetes no HU-UFSC é aberto a qualquer pessoa da comunidade? Como participar (na condição de paciente)?
O nosso atendimento no HU acontece via regulação, que é feita pela Secretaria de Saúde. Os pacientes são regulados, eles entram em uma fila do Sistema de Regulação, que é o Sisreg, e chegam encaminhados ao hospital. Então, nós atendemos os pacientes que são encaminhados para o hospital, ou os pacientes internados, dependendo do caso.
5. Gostaria de ter um acompanhamento no controle de diabetes. Onde posso procurar ajuda em Florianópolis?
O caminho é a atenção primária, que são os postos de saúde. As pessoas devem procurar estes atendimentos na atenção primária, que tem excelentes profissionais, inclusive especialistas em endocrinologia, que dão suporte e, dependendo do caso e da gravidade, fazem o encaminhamento para a atenção terciária, que são os hospitais. Mas o primeiro caminho é sempre a atenção primária.
6. Qual é a relação do tratamento do diabetes com alimentação?
A questão alimentar é importante no tratamento de todas as doenças, inclusive diabetes, em função da dificuldade de absorção de açúcares. A gente sabe que o açúcar dá energia e tem que existir no plano alimentar, mas é importante dosar a quantidade de todos os alimentos, inclusive as frutas, que contêm carbo-hidratos, que se transformam em açúcar. Mudar o hábito alimentar é muito importante para uma boa condição de saúde. O ideal é que a pessoa mude o comportamento e assuma um autocuidado, evitando açúcares brancos, adotando produtos integrais e procurando uma alimentação o mais natural possível, sempre com equilíbrio.
7. Quais são as frutas que têm mais concentração de açúcar? Qual o limite de consumo para uma pessoa com diabetes?
Ainda em relação ao plano alimentar, a gente sabe que tem frutas que, apesar de não causarem problemas para a saúde, têm muitos carbo-hidratos, como as bananas, as beterrabas, o caqui, por exemplo. Todas as frutas em geral não devem ser ingeridas exageradamente, então a gente tem que ter um limite, respeitando o plano alimentar feito pelo profissional da equipe. Nossa orientação é comer uma quantidade que esteja dentro deste plano alimentar.
8. Diabéticos podem tomar cerveja?
A cerveja é uma bebida alcoólica e todas as bebidas alcoólicas têm um teor de açúcar muito grande que, além de prejudicar a prevenção e o tratamento do diabetes, trazem outras complicações, como mudança de humor e dificuldades cognitivas. Então, tem de ser evitado o consumo de bebidas alcoólicas e refrigerantes para não sobrecarregar o sistema endocrinológico e por dificultar o controle de níveis glicêmicos. Tem de saber a quantidade de bebida que se está ingerindo para não dificultar o tratamento, porque o tratamento da diabetes não consiste somente de medicação – tem a alimentação, a atividade física e a adesão ao tratamento com hábitos saudáveis, evitando usar essas bebidas.
9. Como tratar uma ferida de uma pessoa diabética?
Esta questão das lesões é muito importante. Acontece uma modificação no sistema vascular das pessoas com diabetes e, dependendo do grau de cronicidade da doença, pode haver um comprometimento vascular, principalmente nos membros inferiores. Devido a este comprometimento, alguma obstrução vascular, o retorno venoso é prejudicado, então a pessoa tem um formigamento, dor, sensação de queimação, agulhada nas pernas, fraqueza nas pernas. As lesões podem aparecer em função deste comprometimento. Então, as lesões de pacientes diabéticos são de difícil cicatrização, uma vez que a circulação do sangue está prejudicada.
Todo cuidado com lesões nestes casos é como se estivesse com uma lesão normal, com uma boa higiene das mãos quando for manipular, manter o local arejado, evitar exposição a poluição e insetos, por exemplo. A gente pede que o paciente procure as unidades de saúde para fazer o acompanhamento e receber as orientações dos profissionais. Os pacientes que atendemos aqui sempre procuramos orientar sobre os cuidados com estas lesões. Agregado a isso, tem as medicações, pois, dependendo do nível da lesão, de acordo com o grau de infecção, tem que tomar medicamentos administrados pelo profissional de saúde.
10. A insulina fornecida pelo SUS tem a mesma qualidade que a comprada em farmácia?
O SUS passou a adotar alguns tratamentos para diabetes, dentre eles o fornecimento de insulina, inclusive com uma caneta aplicadora que é muito eficaz no tratamento, com tudo bem acondicionado. São fornecidas na rede básica para quem faz o cadastro e são materiais testados e atestados por órgãos de controle como a Anvisa. Então, acreditamos que este material é o da melhor qualidade possível e nós confiamos muito na qualidade destes produtos. Atendemos pacientes que só têm a falar coisas boas desta ação do SUS.
Fotos (Sinval Paulino:
– Equipe do grupo de estudos organiza campanha informativa
– Adnairdes Sena esclarece dúvidas sobre o tema