06 de maio de 2010, 18:30 Sala Multiuso do Museu Victor Meirelles.
Latcho Drom é o filme programado para a próxima quinta-feira, dia 6 de maio, às 18h30min, dentro do Projeto Cinema Falado do Museu Victor Meirelles. O nome significa “estrada segura” ou “boa viagem”, no dialeto cigano. Quase um road-movie, o filme passa por vários países registrando musical e magistralmente, os costumes e tradições da cultura cigana.
A mediadora convidada da noite é Silvana Mariani, violonista formada pelo Conservatório de Música de Schaffhausen, na Suíça, com bacharelado e licenciatura em música. Tem experiência na área de literatura e cinema e atualmente faz pós-graduação em cinema com pesquisa na área de cinema e música. Silvana também dirigiu dois documentários, um sobre um violonista cego, daqui de Florianópolis, outro sobre o violinista catalão Luis Soler, que foi muito bem recebido no último Catavídeo.
Produzido em 1993, Latcho Drom é ao mesmo tempo bom para os ouvidos, já que é quase todo feito de música, mas também é um prazer visual, por suas belas paisagens, recantos e estradas dos quase dez países por onde passa, cheias de festas, celebrações e cerimônias.
O diretor do documentário, Tony Gatlif, nasceu na Argélia, em 10 de setembro de 1948. Filho de pais franceses, seu nome verdadeiro é Michel Dahamani. É descendente de ciganos romenos, povo sobre o qual pautou a maioria de seus 16 filmes, dos quais não apenas assina a direção e o roteiro, como também é responsável pela trilha musical.
A multiplicidade étnica, social e cultural que caracteriza Gatlif está no cerne de Latcho Drom, ou seja, o cinema-nômade, filmes de descobertas, personagens desenraizados. A postura do diretor de se transformar em estrangeiro, a fim de se identificar com aqueles que não têm vez nas representações caricaturais do cinema homogeneizante – desempregados, árabes, ciganos, pobres, mulheres, idosos, imigrantes –, alcança o ápice no extraordinário Latcho Drom, mistura de documentário e musical, em que o diretor faz da própria câmera personagem principal do filme, uma vez que é a sua presença que garante a existência (e a resistência) do povo e da cultura cigana para os espectadores.
Latcho Drom assume a forma de viagem que, durante um ano, do verão ao outono e do inverno à primavera, acompanha diversos grupos nômades, desde a Índia até a Espanha, passando pela Turquia, Romênia, Hungria, República Tcheca, Alemanha e França, relembrando o massacre nazista que dizimou milhares de ciganos nos campos de concentração e finalmente denunciando/exorcizando os crimes e preconceitos sofridos ao longo dos séculos. Por intermédio de rituais coletivos – que valem não pela codificação que instituem, mas sim, pelo reunir de pessoas a fim de compartilhar experiências individuais com a comunidade –, os quais se manifestam na música e na dança, Gatlif, com fé e alegria juvenis, acaba por celebrar a vida, que explode em cores, ritmos, movimentos e energia contagiantes.
Cinema Falado do Museu Victor Meirelles
Latcho Drom – 1993 – FRA – 103min
Direção de Tony Gatlif
Mediação: Silvana Mariani
Dia 06/05/2010 às 18h30min
Sala Multiuso do Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59 – Centro – Florianópolis – SC
Tel.: 48 3222-0692