Os pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) confirmaram a contaminação de moluscos na Baia Sul da Ilha de Santa Catarina e Ponta dos Papagaios. Segundo eles o valor da toxina está acima de nível máximo de concentração ao consumo humano.
“Foi observado grande abundancia de algas do tipo diatomáceas do gênero pseudo-nitzschia, nas amostras de água coletadas”, diz Luis Antonio de Oliveira Proença, coordenador do Laboratório de Algas Nocivas do CTTMar).
As análises e a evolução do evento estão sendo acompanhadas pelos pesquisadores, por meio do programa de monitoramento desenvolvido pelos produtores locais, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca. Elas demonstraram a contaminação de moluscos pelo ácido domóico em concentrações nunca antes observadas.
A detecção de ácido domóico está, até o momento, restrita a baia Sul da Ilha de Santa Catarina. Os valores máximos da contagem estão acima de 20 milhões de células em um litro, dando a água uma coloração marrom esverdeada.
Os sintomas para a contaminação por esse tipo de toxina aparecem após algumas horas da ingestão estão entre distúrbios gastrointestinais, como diarréia, vômitos e dores abdominais, até a dor de cabeça, com alterações no sistema nervoso. Também já foram registrados raros casos de lesão cerebral e morte em pessoas com algum tipo prévio de debilidade, como presença de problemas renais. Em casos agudos para contaminação por esse tipo de toxina foi observado à perda de sensibilidade a dor e da memória recente. Esse último sintoma deu o nome à nova síndrome, envenenamento amnésico por consumo de moluscos ou Amnesic Shellfish Poisoning (ASP).
A principal diferença dessa contaminação é que a por ácido ocadáico, dos casos anteriores, se dá quase exclusivamente por consumo de moluscos bivalves. Já, o ácido domóico por sua vez, pode se acumular em crustáceos, como siris e lagostas e até em vísceras de peixes, tornando esses organismos vetores ao homem e animais marinhos.
Essa toxina é regularmente monitorada em diversos países, inclusive em Santa Catarina. As florações de pseudo-nitzschia nem sempre produzem toxinas, mas quando acontece além da contaminação de moluscos e potencial intoxicação a seres humanos, está relacionada à morte de aves, peixes e mamíferos marinhos, como focas e baleias.