Fronteira e Diálogos Interculturais foi o tema da conferência realizada no auditório Garapuvu do Centro de Eventos e Cultura da UFSC. O encontro faz parte da programação do XII Congresso da Association pour la Recherche Interculturelle (ARIC) e teve a presença da professora colombiana Zayda Sierra. Além de Edgar Esquit, da Guatemala, e Nicanor Resendiz, do México.
Após as apresentações feitas pelo coordenador da mesa Cláudio Bolzam, a professora Sierra iniciou a apresentação do tema contando um pouco da sua experiência em “superar” fronteiras durante a educação de comunidades indígenas e de camponeses na Colômbia. Depois de observar como essas comunidades dialogavam com o mundo, ficou claro que há muitos tipos de pedagogia que podem ser aplicadas. Algumas são fruto da própria cultura singular de cada comunidade e, já são naturalmente, aplicadas por seus membros. A “pedagogia de los ancestrales” , como se refere Sierra, envolve valores há muito estabelecidos que são propagados de geração em geração dentro de cada grupo.
Sierra também explicou que a pedagogia compreende o método a ser utilizado para transmitir conhecimento. A educação, entretanto, compreende um série de fatores que vão muito além e ela acontece a todo o momento, com ou sem uma pedagogia definida. A “pedagogia de los ancestrales” é um desses métodos e é muito válido dentro dessas comunidades. Já para uma sociedade ocidental, de origem greco-romana, a forma de “escola”, com um professor que transmite “todo” o conhecimento é mais usada. Segundo Sierra, o importante é compreender que diferentes comunidades têm diferentes métodos de passar o conhecimento, e que nem um é melhor que o outro, a ponto que deva ser imposto dentro de uma sociedade. Esse pode ser um dos caminhos para superar fronteiras e diálogos interculturais que se travam entre as sociedades.
Mas ao observar e trabalhar com diversas comunidades indígenas e de camponeses, Sierra observou que todos esses grupos sociais atribuem um grande valor à “Mãe Terra”. “La Pedagogia de la Madre Tierra”, justamente por valorizar a Terra, poderia ser aplicada a um grande número de sociedades, porque todas as sociedades, sejam elas de índigenas colombianos, ou de “campesinos” nos Andes bolivianos, ou de trabalhadores dentro de uma cidade qualquer, dependem, em determinado ponto do planeta.
Considerando ainda “la pedagogia de la Madre Tierra” a professora encerrou a conferência com a seguinte frase: “todo o mundo se preocupa em deixar um planeta melhor para os filhos e para os netos, a pedagogia deve pensar em deixar filhos melhores para ter um planeta melhor”.
Por Erich Casagrande/ bolsista de jornalismo da Agecom
XII Congresso da Associação para a Pesquisa Intercultural
Iniciou dia 29 de junho e vai até 3 de julho de 2009, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, , visando discutir a interculturalidade e seus vínculos com a educação, a sustentabilidade, a mundialização, a política, a epistemologia, as identidades e as novas tecnologias.
Com o tema “Diálogos interculturais: descolonizar o saber e o poder”, o congresso tem o objetivo de ajudar a “construir outros mundos possíveis”, nos quais “os saberes e as ações superem as relações de subalternidade entre países, entre culturas e entre agentes sociais”. Dentro de sete eixos temáticos serão discutidos, por exemplo, a educação inclusiva, a biodiversidade, a cooperação internacional, os direitos humanos, os saberes fronteiriços, o empreendedorismo, as políticas públicas, a colonialidade e o governo eletrônico.
O atual presidente da Aric é o professor Reinaldo Matias Fleuri, do Centro de Educação da UFSC, eleito no último congresso, realizado em 2007 na Romênia. Ele também preside o Núcleo Mover (Educação Intercultural e Movimentos Sociais), do Centro de Educação (CED).
Por Paulo Clóvis Schmitz/ jornalista na Agecom
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www.aric2009.ufsc.br