Começou no último sábado, 24, o Ciclo de Festas do Divino Espírito Santo em Florianópolis, introduzidas pelos imigrantes açorianos no século 18. O calendário festivo foi aberto oficialmente pelo prefeito Cesar Souza Jr., em solenidade que teve a participação de representações de 13 comunidades da Capital e comitivas de quatro municípios da Grande Florianópolis.
Realizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Franklin Cascaes, a programação iniciou com a concentração dos participantes em frente à Casa da Memória, onde houve o hasteamento da bandeira do Divino e a bênção dos pãezinhos, que foram distribuídos ao público durante o cortejo.
Ao final do desfile, ocorreu o encontro das bandeiras do Divino no largo da Catedral, e apresentações do coral Vozes do Divino, Grupo Raízes Açorianas e da soprano Claudia Todorov.
As atividades contaram com a parceria cultural da Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina e da Irmandade do Divino Espírito Santo de Florianópolis. Participaram do evento as comunidades festeiras da Capital, além de comitivas dos municípios de Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Governador Celso Ramos e São José, que este ano tem como festeira a prefeita Adeliana Dal Pont.
Patrimônio cultural
Instituída pela Lei Municipal nº 8.010/2009, a abertura do calendário de festividades do Ciclo do Divino vem sendo promovida pela Fundação Franklin Cascaes desde 2010. A iniciativa visa a divulgar e fortalecer a tradição da festa em devoção ao Espírito Santo, manifestação que é registrada como patrimônio histórico, artístico e cultural de Santa Catarina pela Lei Estadual nº 15.731/2012.
Conforme o historiador Francisco do Vale Pereira, a organização do ciclo de festividades vem incentivando a integração entre as comunidades. Segundo ele, isso ajuda a preservar a essência das festas, como ocorre nos Açores, onde a confraternização entre as famílias e a partilha são as principais características, além da religiosidade.
“É importante que as festas aconteçam em finais de semana diferentes, e que as comunidades mantenham a tradição como aqueles que aqui chegaram primeiro, que se visitavam durante as festas, iam contar a sua vida, suas dificuldades, mas principalmente se confraternizar”, ressaltou o pesquisador, que integra o Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina e é presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Florianópolis.
Mesclando elementos religiosos, profanos e folclóricos, a Festa do Divino é comemorada a partir das celebrações de Pentecostes (50 dias após a Páscoa), envolvendo um expressivo conjunto simbólico que traduz a devoção ao Espírito Santo. Os festejos abrangem peditórios, novenas, promessas, oferendas, folguedos populares, bailes, folias e cantorias. Contemplam também a procissão da corte imperial e a cerimônia de coroação do Imperador – principal momento da festa, que tem como símbolos a coroa, o cetro, a salva e a bandeira.
Em Florianópolis, embora as festas se distribuam no período de maio a setembro, este ano a maioria acontece ao longo do mês de junho. As primeiras ocorrem nas comunidades da Lagoa da Conceição, Monte Verde, Ribeirão da Ilha, Prainha, Trindade, Estreito, Rio Tavares e Pântano do Sul (junho).
O calendário contempla ainda as festividades do Campeche (julho), Barra da Lagoa (agosto), Santo Antônio de Lisboa, Rio Vermelho e Canasvieiras (setembro). A programação completa do Ciclo do Divino 2014 está disponível no site da Fundação Franklin Cascaes (NESTE LINK).