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Florianópolis, 23 novembro 2024

Coletivo “ensaio para algo que não sabemos” lança documentário nesta quarta-feira no centro de Floripa

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Resultado da residência artística promovida pelo coletivo “ensaio para algo que não sabemos”, o documentário “(re)existência: fracasso é potência” exibe as relações e inversões sobre fracassar como fio que costura outras corporalidades. O lançamento oficial será no dia 17 maio, às 19h30, na escadaria do Rosário, no centro de Florianópolis

Qual o corpo que chega, que chegou? Quando a proposta é construir um espaço comum, habitado por vários corpos históricos e distintos, que contornam modos de estar no mundo. Que mundo é possível desbravar juntas ativando a escuta, a voz, o movimento, o estar em contato com o coletivo, e assim, fabular o pulsar da vida possível nas frestas? 

Criar um lugar em comum abastecido pela bagagem da vida e nas relações estabelecidas no instante presente foi processo mediado pela pesquisadora e bailarina Elke Siedler na residência artística (re)existência: fracasso é potência”. A sensibilização aflorada a partir de práticas do cuidado de si, que reverberam no todo, abriu caminhos de reconhecimento, afeto e corporeidades potentes entrelaçadas entre as mulheres dispostas a tramar com generosidade e acolhimento. Não só, também fez surgir estratégias para seguir o encantamento.

Nesta temporada do coletivo “ensaio para algo que não sabemos” encabeçado pelas artistas Loren Fischer, Monica Siedler e Karina Collaço em processo criativo partilhado com mais 15 participantes convocadas, a condução sensível proposta por Elke Siedler delineou as paisagens nascentes do mesmo ponto, do mesmo lugar físico, porém em caligrafias distintas.

A residência ocorreu de 6 a 10 de março, no período da tarde, na Galeria de Arte do Mercado Público de Florianópolis, aberta à visitação do público transeunte, gerou amplo banco de imagens e estabeleceu outros laços de afetividade. O material captado por Carolina Janning, responsável pela produção, gravação e edição de vídeo e fotografia, tem como destino o lançamento do documentário “(re)existência: fracasso é potência”, que narra este tempo/espaço vivido e, agora também exibido como um desfecho do encontro. O lançamento oficial será nesta quarta-feira(17), às 19h30, na escadaria do Rosário, no Centro de Florianópolis. A entrada é gratuita.

“A Carol conseguiu expressar o que vivemos naqueles dias de forma muito sensível. A etapa final do processo agora é exibir esse trabalho em sessões realizadas em lugares públicos da cidade”, comenta Karina Collaço.

Afinal, o que é estar presente e juntes? 

A questão atravessa a criação em dança contemporânea como investigação persistente e movediça. E faz todo sentido para o coletivo “ensaio para algo que não sabemos”, iniciado em 2016 como uma forma de laboratório permanente para repensar as cartografias do corpo e suas relações de afeto. 

Direcionando a pesquisa para residência “(re)existência: fracasso é potência “, a presença da artista Elke Siedler foi fundamental para frustrar as expectativas despejadas sobre as vidas que teimam em não abrir mão dos sentidos que lhe são raros, profundos e valiosos. Dos vocativos que estremecem a docilidade do modus operandi vigente.

Colocar o corpo no lugar de autonomia que lhe é de direito, para vencer ou fracassar, invertendo as flechas normativas externas como um contra ataque de resistência. A pele, interface que modela a forma corpórea, filtra os códigos e os quebra para compor em outras vertentes. 

“A experiência versou o cuidado de si por meio de técnicas e práticas que venho estudando e me dedicando. Tensionar as estratégias de fracasso desmobilizando os discursos normativos que nos moldam na sociedade. Queremos furar esses controles para assim desenvolver a criatividade em dança e no coletivo. Corpos disponíveis para conjugar em vínculo coletivo uma outra inesperada tessitura, escultura social dos afetos e cuidados que reverberam além do espaço”, comenta Elke.

 Transmutando significados

Assim, o fracasso revelou-se uma outra força, uma outra palavra. Agus Videla sentiu-se atraída pela possibilidade de criar artisticamente em conjunto com pessoas fora do seu convívio familiar. O convite veio em momento certo, como uma direção para os processos que lida na sua própria companhia. “Eu estava precisando deste espaço. Fui surpreendida com coisas que fazem sentido com o coletivo. Isso me deixa muito feliz. Esse cuidado para se libertar, se permitir, estar aqui e descobrir questões que temos e podem ser artísticas dá força à minha própria caminhada”, conta.

Surpresa, Bárbara Teles Cardoso sabe que a experiência será carregada por onde andar. Chamou sua atenção a maneira de encarar os imprevistos, dentro da residência, dilatando o ponto de observadora individual para o corpo coletivo. Já Cássia AP de Souza Santos se interessou pela temática da residência, que inverte o significado de fracassar como uma forma de resistir.

“Colocamos o tema na roda para experimentar os fracassos por meio de outra perspectiva. Trazendo as emoções, os nossos movimentos com o corpo. Me trouxe um estado de consciência muito maior e mexeu com várias emoções. Eu acho que depois dessa experiência eu vou conseguir transformar meus fracassos em potência. Movimentar a energia que temos dentro da gente”, reforça Cássia.

O fracasso calou as cobranças internas de Debora Pazetto Ferreira e a levou para ouvir o Silêncio. Professora de teoria da arte na UDESC, Debora se viu tentando pensar o gesto teórico enquanto expressão criativa/performática. “Quando eu li o tema da residência me pegou muito, porque eu sinto esse excesso de cobrança nesse lugar que atuo. Me sinto esgotada, sem tempo. Mas aqui consegui entrar numa outra temporalidade e perceber que preciso experimentar esse lugar, conviver com essas mulheres, estar nesse espaço com tempo dilatado sentindo a espinha, a respiração, sem esperar”, reflete.

Até 2018, Lara Tatiane de Matos se debruçava sobre a dramaturgia de um corpo em risco. Afastada desde então dos palcos, a partir da residência, elegeu o cuidado como palavra vetor do processo. “Estou retornando de uma crise no teatro que começou em 2018 influenciada pelas questões políticas. A residência marca um retorno e ponto de partida para uma recomeço. Um lugar que muda a minha relação com o meu corpo em cena, atravessado pelo encontro com várias mulheres”, destaca. 

A edição do coletivo “ensaio para algo que não sabemos – por uma perspectiva dos encontros” é financiado com recurso público oriundo do edital de apoio às culturas 2021, com a participação institucional da Prefeitura Municipal de Florianópolis, da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer da FCFFC e do Fundo Municipal da Cultura.

Ficha Técnica

Karina Collaço – Coordenação geral e colaboração artística na residência.

Loren Fischer e Monica Siedler – Curadoria da residência artística e colaboração artística na residência

Nathalie Soler – Produção geral: execução/elaboração e prestação de contas do projeto

Elke Siedler – Artista convidada ministrante da residência

Luciana de Moraes – Assessoria de imprensa / veiculação nos meios digitais

Fernanda Hinning – Arte gráfica

Carolina Janning – Produção, gravação e edição de vídeo documentário e Registro Fotográfico

Thais Alemany – Exibição do vídeo documentário / Van Expancine

Participantes/Artistas Convidadas via convocatória:

1. Agus Videla

2. Bárbara Teles Cardoso

3. Cássia Souza 

4. Debora Pazetto 

5. Eduarda Gonçalves Viana

6. Karin Véras

7. Lara Matos

8. Lidiani Emmerich

9. Lily Chi

10. Marina Bento 

11. Victoria Werner

12. Monica Duarte 

13. Nebulosa

14. Paula Felitto

15. Pollyana Tathyana Rodrigues dos Santo

Participações/Público Visitante:

Deise Lucy Oliveira Montardo

Diana Gilardenghi

Flor Carrizo

Marilaine Bittencourt de Freitas Lima

Melina Muccillo Gonçalves

Mirela