Ferramenta de gestão de recursos na cadeia de suprimentos simplifica e enxuga processos proporcionando maior eficiência
Redução de cancelamentos e de atrasos de cirurgias, otimização da disponibilidade operacional de salas e equipamentos e maior integração das etapas, desde o agendamento até a alta (incluindo autorizações, materiais, nivelamento de equipes, setup de salas cirúrgicas e leitos) são algumas das vantagens que o mapeamento do processo assistencial no Centro Cirúrgico do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), vai proporcionar.
“Esse mapeamento ocorre com a participação ativa dos profissionais que realizam a atividade-fim em todas as etapas do processo, incluindo o fluxo de informações, atividades, recursos empreendidos tanto no sentido quantitativo, como no qualitativo, além do tempo necessário para realização de cada atividade e nível de qualidade que se espera alcançar”, explica a professora do Departamento de Enfermagem da UFSC, Diovane Ghignatti, que atua na coordenação da iniciativa, ao lado da também professora Aline Magalhães.
O processo começou oficialmente no último dia 15 de setembro e deve se estender até junho de 2024. Antes, aconteceram ações preparatórias, tais como duas capacitações para os profissionais do HU sobre os aspectos conceituais a respeito da metodologia, além de uma reunião de alinhamento com a equipe do Centro Cirúrgico. “Ações como essas valorizam o trabalho de cada profissional da equipe com foco na qualidade assistencial e segurança do paciente”, afirma Aline Magalhães.
A metodologia utilizada é a Lean, uma ferramenta de gestão de recursos na cadeia de suprimentos, que simplifica e enxuga processos, proporcionando maior eficiência ao reduzir etapas, evitar o desperdício de tempo, além de diminuir custos e volume de material estocado. “Com as informações coletadas, elabora-se o MFV (Mapa de Fluxo de Valor) do estado atual e projeta-se o MFV futuro, a partir da mitigação dos desperdícios identificados”, destaca Diovane Ghignatti.
A operação é detalhada e inclui até os requisitos para cada profissional realizar a atividade, além de incluir clientes e fornecedores. “Na perspectiva do paciente, seus requisitos para receber o atendimento também são mapeados, considerando que este é o principal cliente do processo, na linguagem do mapeamento é considerado o ‘input’ e o ‘output’, quando inicia o atendimento e quando finaliza, com sua alta”, pontua Diovane Ghignatti.
A iniciativa é uma parceria do HU com o Departamento de Enfermagem da UFSC e conta com a participação de estudantes dos cursos de Enfermagem e de Engenharia de Produção da universidade. A aplicação da metodologia Lean tem resultado em economia em diversos setores como o de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) e no Setor de Hotelaria Hospitalar (na área de Nutrição e Dietética, envolvendo dietas enterais).
Projetos
O mapeamento é fruto de dois projetos em atividade no HU-UFSC. O primeiro é o projeto de pesquisa “Gestão de Operações em Saúde: Estratégias para Otimizar Processos Assistenciais com Foco na Segurança do Paciente”, coordenado por Diovane Ghignati, contemplado com a bolsa de Iniciação Científica Edital PIC/Ebserh no Programa de Iniciação Científica (PIC) da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
E o segundo é o projeto de Extensão “Aplicação da Metodologia Lean na Gestão de Operações em Saúde, que é coordenado por Aline Magalhães, e foi contemplado com bolsa de extensão Edital Probolsas Proex-UFSC 2023, tendo iniciado em maio passado.
Sobre a Rede Ebserh
O Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde março de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.