O Portal Catarinas, voltado à abordagem de gênero, feminismos e direitos humanos, será lançado nesta quinta-feira, 28, às 19h, na Fundação Cultural Badesc. Financiado coletivamente na plataforma Catarse, a rede vai ao ar na mesma data em que será apresentada oficialmente ao público.
A história de Catarinas, projeto para a criação de portal de jornalismo especializado, começou a ser escrita nas atividades do “Março é Delas”, alusivas à luta histórica das mulheres por direitos, com o lançamento em 8 de março da campanha de financiamento coletivo.
O evento contará com as participações das cantoras Dandara Manoela e Renata Swoboda, e do Coletivo Nega – Negras Experimentações Grupo de Artes, com intervenções artísticas do espetáculo Preta-à-Porter. Na oportunidade, a cantora Renata Swoboda lançará música inédita com letra da escritora Clara Baccarin.
Rito de surgimento
Foram 40 dias de campanha com o envolvimento de mais de 160 pessoas que apoiaram o projeto diretamente no Catarse. Outras contribuíram com sua arte, trabalho e mobilização em rede. O destaque ficou por conta do apoio de artistas plásticos e fotógrafos, por meio da doação de obras, ampliando a mobilização e, consequentemente, a arrecadação, com a ação “Leilão virtual Catarinas”.
Desde a criação da página na rede social e publicação do blog somosmuitas.blogspot, Catarinas vem atuando com curadoria de informações, produção de conteúdo regional e observatório dos debates públicos sobre o tema, como se propôs no projeto inicial. Agora com o portal, a atividade toma outra dimensão. Trata-se de uma iniciativa inédita que desponta Santa Catarina no jornalismo especializado nessas temáticas.
Jornalismo com perspsectiva de gênero
Segundo a jornalista Paula Guimarães, a receptividade imediata ao projeto mostra a força da demanda social por um jornalismo que promova a reflexão sobre os papeis de gênero construídos de modo a subjugar as mulheres e o feminino. “O feminismo traz a perspectiva dos direitos humanos em várias dimensões e abarca camadas de opressão, seja social, étnica ou de gênero. É uma especialidade que aborda temáticas que confrontam a cadeia de privilégios daqueles que mantém a lógica patriarcal e capitalista”, afirma.
A jornalista Clarissa Peixoto defende que todo jornalismo responsável deveria se pautar pela perspectiva de gênero, o que não significa comprometer a isenção e a imparcialidade, mesmo que essa última seja objeto de controvérsias. “Catarinas faz jornalismo com perspectiva de gênero para trazer à tona temas e personagens sociais que se tornam invisíveis pelo pensamento hegemônico, presente na mídia tradicional. Buscamos o contraditório ao que chega às casas das pessoas cotidianamente”, pontua.
Também integram a equipe do portal as jornalistas Ana Cláudia Araújo e a estudante de Ciências Sociais, Kelly Vieira. O conselho editorial é composto por mulheres de campos de atuação diversos como Clair Castilhos, dos debates pelos direitos sexuais e reprodutivos; Cristiane Mare da Silva, do movimento de mulheres negras; Guilhermina Ayres, da pauta LBGT; Lilian Rossi, do programa nacional de DST e AIDS do Ministério da Saúde e a antropóloga Mônica Siqueira.