Totalmente recuperada, a Casa da Alfândega, situada no centro de Florianópolis (SC), foi entregue à população catarinense nesta quinta-feira, 17. O prédio vai abrigar a nova sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Santa Catarina. O projeto de restauro, iniciado em maio de 2019, recebeu investimentos de mais de R$ 5,8 milhões do próprio Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo.
A cerimônia de entrega contou com a participação da presidente do Iphan, Larissa Peixoto, da superintendente do Iphan-SC, Regina Santiago, e outras autoridades municipais, estaduais e federais.
O valor investido contemplou a restauração total do bem e requalificação do espaço. A conclusão da obra vai permitir o retorno do Iphan-SC à Antiga Alfândega, agora ocupando a parte central e a ala sul. Já a ala norte, aberta ao público desde o início de fevereiro, abriga a Galeria do Artesanato, gerenciada pela Fundação Catarinense de Cultura, que expõe e vende trabalhos de artesãos de várias regiões do estado.
“Essa é uma restauração muito aguardada por todos nós. O Iphan, por meio do governo federal, tem buscado valorizar cada vez mais o patrimônio edificado de Santa Catarina. Desde 2019, mais de R$39 milhões foram destinados ao estado. Só em 2021, o investimento foi de R$33 milhões”, declarou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Estamos felizes em devolver para a sociedade um espaço que possui 175 anos de história e que contribui para valorização do Patrimônio Cultural guardando a memória não só dos catarinenses, mas do nosso país”, completou ela.
A obra contou com restauração completa da edificação: pisos, esquadrias, escada, cobertura e alvenarias. A forte umidade que existia nas alvenarias foi corrigida com valas de aeração e estanqueidade (procedimento que estanca e não deixa entrar água) da cobertura.
Foram instalados novos sanitários, incluindo banheiro acessível, rampas e elevador. Também foram feitas instalações elétricas, de comunicação, climatização e iluminação, bem como novo sistema de proteção contra descargas atmosféricas. O projeto incluiu a instalação do sistema de prevenção e combate a incêndio, além de mezanino com piso elevado para receber arquivos e estações de trabalho.
“Com a retirada dos tapumes, o conjunto formado pelo Mercado Público, Antiga Alfândega e Largo volta a estar acessível à população. O Iphan-SC dividirá a estrutura com a Galeria do Artesanato, que é um ponto de alta circulação, divulgação e valorização dos artesãos do estado” explica a superintendente substituta do Iphan-SC, Regina Helena Santiago. “Agora, teremos um espaço de 825 m² de área segura, iluminada e climatizada para realização de nossas atividades dentro do Instituto”, comemora.
O investimento é oriundo do Programa de Preservação Cultural e Cidades Históricas (PPCCH), uma iniciativa destinada aos sítios históricos urbanos protegidos pelo Iphan, com o intuito de promover a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura. Para atender às cidades que possuem bens tombados pelo Iphan, o programa conta com R$ 1,6 bilhão destinado a 425 obras de restauração de edifícios e espaços públicos, em 44 cidades de 20 estados brasileiros.
Histórico do bem
Em estilo neoclássico, a Antiga Alfândega de Florianópolis foi construída no ano de 1875, em substituição ao prédio incendiado da primeira alfândega que se localizava ao redor da Praça XV de Novembro. O local passaria a ser o ponto principal de comercialização da cidade, junto com o Mercado Público e píer, construídos ao lado. As atividades alfandegárias funcionaram até o ano de 1964, quando o Porto de Florianópolis foi desativado. Com o fim das atividades alfandegárias, o prédio permaneceu desocupado por alguns anos.
No ano de 1975, Antiga Alfândega foi tombada em nível federal e entre os anos de 1977 e 1979 foram realizadas as primeiras obras de intervenção, sob a responsabilidade do Iphan. O prédio foi cedido ao governo do estado de Santa Catarina para abrigar o Museu Histórico Estadual, na parte superior, e o Museu de Artes, na inferior.
Em 1982, o Iphan passou a ocupar a parte central da edificação, inicialmente com o escritório técnico de Santa Catarina, e em 1990, com a superintendência do Instituto. Em 2010 a sede do Iphan transferiu-se para outra edificação, para que fosse realizada obra de recuperação da cobertura e rebocos. Em 2014 foi contratado projeto de restauração completo, cujas obras iniciaram em 2019.