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Florianópolis, 27 novembro 2024
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Capas de discos são tema de exposição gratuita em Floripa

VariedadesCapas de discos são tema de exposição gratuita em Floripa
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Espaço de expressão de designers, fotógrafos e artistas visuais, as capas de discos que fizeram história na música nacional e internacional são o destaque da nova exposição que o Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC) abrirá no dia 20 de dezembro de 2018, às 20h, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis. "Escolhidos pela Capa" tem a curadoria dos DJs Marcelo Pimenta, Grazi Meyer, Jean Mafra, Felipe Martins e Gustavo Monteiro, que selecionaram o material entre os cerca de 5 mil discos do acervo do Museu. A visitação segue até 17 de fevereiro, com entrada gratuita.

Os DJs convidados pelo Museu para participar desta exposição também já foram parceiros em outra iniciativa: o projeto Discotecando no MIS, que divulga o conteúdo musical desses álbuns em festas realizadas no espaço expositivo do MIS/SC periodicamente. Desta vez, o propósito é enfatizar o conteúdo das capas. Cada DJ/curador apresenta um painel com 84 capas, divido em sete eixos temáticos de seleção, independentes ou não do conteúdo musical dos "bolachões".

Escolhidos pela capa traz à tona tendências estéticas, conceituais e narrativas de época e, ainda, questões atuais que perpassam a construção da cultura de massa. Cada DJ propõe, por meio de sua curadoria, um revisitar crítico sobre essas questões, sendo a antítese mesma ao título e proposta dessa exposição.

As capas

A produção dos primeiros discos, em goma-laca 78 RPM (rotações por minuto), era feita como qualquer outro produto e suas capas tinham a função básica de identificar o nome do artista e servir como embalagem/proteção para o material, que era extremamente frágil. No fim da década de 1930, o designer nova iorquino Alex Steinweiss, da gravadora Columbia Records, entendeu algo que hoje nos parece óbvio: a embalagem é uma ótima maneira de encantar o consumidor.

Ao longo do tempo, as capas tornaram-se tão importantes quanto o disco em si, atingindo seu auge nos anos 1960 e 1970, quando artistas consagrados passaram a ser contratados para criar artes exclusivas e inovadoras para os discos de vinil. Hoje, mesmo na era digital, as capas dos discos já estão de tal maneira presentes no nosso imaginário que até os novos formatos com arquivos e aplicativos que facilitam o acesso à música ainda destinam um espaço a elas, ao mesmo tempo em que vemos ressurgir lançamentos de álbuns atuais em LP.

DJs e suas escolhas

DJ Marcelo Pimenta
Morador de Florianópolis há 16 anos, o mineiro Marcelo Pimenta, é o criador do projeto Nação Balanço, em 2005, que circulou por várias casas durantes muitos anos na Ilha. Desde então, muitos foram os desdobramentos desse projeto e as viradas em sua carreira que também incluem a participação em vários shows locais, nacionais e internacionais.

Para a exposição não poderia ser diferente: Pimenta dará ênfase à música brasileira, traduzindo-a também em cores e imagens. "Viajar pelo universo musical como 'pesquisador' é algo viciante e maravilhoso. A imersão é tamanha, que são necessários dispositivos de resgate para o mundo 'real'", explica. "O Brasil, nesse ano de 2018, foi cenário de tantos desafios, frustrações e desilusões. De modo que eu não poderia deixar de retratá-los aqui, mesmo que minimamente, com um pingo de humor, política, sexualidade, fake news, gente, amores e futuro. Nesse Brasil de tantas caras, cores e sons: Quem somos? E o que seremos em 2019?", complementa o DJ.

DJ Grazi Meyer 

Além de DJ, é atriz, performer, professora de pole e dança, sócia proprietária do Maravilhosas Pole-Dança e criadora do Maravilhosas Corpo de Baile – um coletivo ARtivista Feminista que por meio da dança e do encontro promove o resgate e a ampliação da autoestima feminina.  E é justamente o universo da produção musical protagonizada por mulheres que Grazi traz para a exposição.

"Nascer, ser lida como, tornar-se mulher… é existir num estado eterno de inadequação. Somos consideradas fracas, inaptas, incapazes, menores, menos importantes. Somos objetificadas e tiradas da condição de sujeito das nossas próprias vivências. A participação da mulher na sociedade, comumente é vista como acessório, somos vistas como musas que inspiram, não como artistas criadoras; como as que apoiam e estão sempre ao lado de um grande homem, criando os meios necessários para que as obras primas sejam possíveis e não como seres pensantes, pulsantes, com histórias para contar e talentos a explorar", diz Grazi. A DJ explica que buscou mulheres que representassem o feminino e encontrou alguns homens que se permitiram estar ao lado do feminino, a experimentar, mesmo que brevemente, a não masculinidade. "E afinal de contas: O que é uma mulher? Uma mulher é sempre uma mulher?", questiona.

DJ Jean Mafra

DJ, músico e pesquisador. Trabalha na área musical desde 2005. Compõe, produz, pesquisa e discoteca. Criador da Samambaia Sound Club, banda na qual foi vocalista e compositor, gravando 2 CDs e realizando mais de duas centenas de shows por todos os estados do sul e sudeste. Foi um dos responsáveis pelo coletivo de bandas Clube da Luta, gravou diversos trabalhos solo e em parceria com outros artistas, atua como produtor e discoteca regularmente mixando música brasileira, eletro, pop, entre outros ritmos.

"O Brazil não conhece o Brasil", a partir da citação de Querelas do Brasil, gravada por Elis Regina, Jean apresenta seu conceito para esta exposição. "Sou dos que pesquisa canções e discos, procura novos e velhos artistas e tenta organizá-los, amalgamá-los em momentos em que o DJ, tipo eu, é o Xamã que sente a pista como um corpo com febre e o incendeia rumo ao êxtase. A pista é uma metáfora também. Assim como o Brasil, com z ou com s", pontua. "O Brasil é caipira-pira-pora para enfeitar a noite do meu bem. É um país que olha pra si através de um espelho que lhe tenta transformar em outro: ora mais branco e menos 'latino', ora mais francês ou norte-americano e menos afrodescendente ou Tupi-guarani", diz Jean.

DJ Felipe Martins

Dono de um repertório quente e altamente dançante, traz no seu trabalho a versatilidade reconhecida no meio profissional, assim como sua ideologia de trabalho, que valoriza a cultura brasileira e os ritmos nacionais. Com base na música negra, seu estilo abrange o universo da música brasileira e ritmos latinos em geral. Possui um vasto repertório, que vai de raridades ao que há de mais novo, sempre interessado pelas mais novas tecnologias e tendências musicais. Ao longo de seus quase 10 anos de pista já dividiu espaço com artistas como Emicida, Marcelo D2, B. Negão, Tropkillaz, DJ CIA (RZO), Kl Jay (Racionais mc's), Black Alien, Karol Conka, Tahira, Donavon Frankenreiter, As Bahias e a Cozinha Mineira, Criolo, DJ Nuts, Di Melo, entre outros. Atualmente, Felipe é residente na festa BAILA, em Florianópolis, e participa das principais festas do Lagoa-Caraíva, Bahia.

DJ Gustavo Monteiro

Gustavo Monteiro era o DJ que comandava as festas do Clube da Luta, um dos principais movimentos/coletivos de música autoral catarinense. Usando o codinome Zé Pereira, embalava o intervalo entre as bandas e finalizava as festas com o tradicional "bailinho do Zé Pereira". Hoje, a presença de Gustavo Monteiro é constante nas principais festas do cenário musical alternativo de Florianópolis.

Serviço:

O quê: Exposição Escolhidos pela Capa
Onde: Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC) – Localizado no Centro Integrado de Cultura (CIC)
Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5600 – Agronômica – Florianópolis 
Abertura: 20 de dezembro de 2018, às 20h
Visitação: de 21 de dezembro de 2018 a 17 de fevereiro de 2019. De terça-feira a domingo, das 10h às 21h.
Entrada gratuita
Mais informações: (48) 3664-2650.